Economia

Minas tem saldo positivo de 27,4 mil vagas

Estado apresentou o segundo melhor desempenho do País em março, mas resultado foi menor que fevereiro
Minas tem saldo positivo de 27,4 mil vagas
No recorte regional, foram criados 979 mil empregos no Sudeste | Crédito: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil

Minas teve em março a segunda maior geração de empregos com carteira assinada no País. Segundo dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência, o Estado teve saldo positivo de 27.452 postos de trabalho no mês passado. O resultado só é menor que o de São Paulo, que criou, no mesmo período, 34.010 postos de trabalho.

O saldo, porém, é menor que o de fevereiro, quando foram criados em Minas Gerais 36.677 novos empregos. Por segmento de atividade econômica, os serviços lideraram a geração de postos de trabalho em março, com saldo de 15.098 vagas, seguido por agropecuária (6.023), indústria (3.519), construção civil (2.099) e comércio (713).

No primeiro trimestre, Minas Gerais teve um saldo positivo de 62.421 empregos de carteira assinada. Neste período, o mercado de trabalho mineiro admitiu 623.226 trabalhadores, enquanto 560.805 foram demitidos. Em janeiro, foram menos 1.590 vagas no mercado, compensadas pelos saldos positivos de fevereiro (36.677) e de março (27.452).

Nos dados do Caged, destaca-se a eliminação, nestes primeiros três meses, de 9.343 vagas no comércio, ainda um rescaldo das demissões, em janeiro, de funcionários temporários, contratados para o Natal. Também concorreram para a redução das vagas no comércio as fortes chuvas no início do ano e o impacto da variante Ômicron, que reduziram a atividade econômica no Estado nos primeiros dois meses, segundo o analista de Estudos Econômicos da Fiemg, Walter Horta Motta Filho.

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O setor de serviços continuou crescendo, com a geração de 43.157 novos empregos no trimestre, 15.389 deles em março, uma recuperação atrelada à reabertura da economia. No ano passado, o setor, prejudicado pelas restrições da pandemia, gerou no mesmo período 29.008 novas vagas.

A geração de empregos na indústria continuou menor que a do mesmo período do ano passado, quando o saldo foi de 32.821, embalado pelo auxílio emergencial e outras medidas de incentivo à produção. No primeiro trimestre de 2022, as indústrias de Minas geraram 13.221 novas vagas, diferença entre 103.018 admissões e 89.797 demissões.

De maneira geral, o comportamento do mercado de trabalho em Minas Gerais no primeiro trimestre foi pior que o registrado no mesmo período do ano passado. Enquanto em 2022, o saldo de empregos foi de 62.421, em janeiro, fevereiro e março de 2021, ele foi de 104.136.

Dado curioso

Walter Horta destaca uma curiosidade. No Brasil, a indústria de transformação teve um aumento de 12 mil postos de trabalho em março. E o setor que mais demitiu foi o de produtos alimentícios, que perdeu cerca de 10 mil vagas, basicamente, segundo Horta, pela desmobilização de setores ligados à cana de açúcar, principalmente no Nordeste.

Já em Minas Gerais, aconteceu o inverso. “Produtos alimentícios” foi o setor que puxou a geração de vagas na indústria de transformação. Dos 3.196 empregos gerados na indústria de transformação mineira, 970 foram no subsetor de alimentação. Temos aqui o setor de refino de açúcar, que teve uma boa performance e contratou a maioria dessas vagas”, observou o economista.

Horta acredita que, nos próximos meses, há uma tendência de crescimento nas vagas de trabalho, reflexo dessa volta à normalidade, mas em um ritmo menor que nos meses anteriores. “O cenário de inflação elevada e taxa de juros em alta desacelera a atividade econômica e, consequentemente, reduz a geração de postos de trabalho”, concluiu. 

Brasil registra a criação de 136 mil empregos

Brasília – O País registrou a criação líquida de 136 mil empregos com carteira assinada em março. Apesar do saldo positivo, os dados continuam mostrando desaceleração em relação ao ano passado e queda na média salarial dos contratados.

Os dados foram divulgados por meio do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), apresentado ontem pelo Ministério do Trabalho e Previdência. O saldo do mês resulta de 1,95 milhão de contratações e 1,81 milhão de desligamentos.

O resultado é 11% menor do que em março de um ano antes. Em janeiro, o saldo já havia sido 38% menor do que em um ano antes e, em fevereiro, a queda tinha sido de 17% no mesmo tipo de comparação. Para o ministério, a desaceleração em 2022 é natural após um 2021 de recuperação da economia.

O Ministério do Trabalho e Previdência afirma que os dados neste ano tendem a estar mais alinhados com o desempenho da atividade. O mercado espera que o País cresça 0,65% neste ano, de acordo com o mais recente boletim Focus, que traz estimativas de analistas compiladas pelo Banco Central.

O setor de serviços mais uma vez liderou a abertura de vagas (111,5 mil), embora mostre um ritmo menor do que em meses anteriores (em fevereiro, por exemplo, o saldo havia ficado positivo em mais de 200 mil). O destaque ficou a seção de transporte, armazenagem e correio (com 16,2 mil postos criados).​

Em seguida na lista de maiores geradores de emprego, ficaram construção (25 mil vagas criadas), indústria (15,2 mil) e construção (apenas 352 postos). Já a agropecuária teve desempenho negativo e cortou 15,9 mil postos de trabalho.

Os dados neste ano sofrem influência da gradual eliminação dos efeitos do programa emergencial de manutenção de emprego e renda. Criada na pandemia, a medida foi considerada fundamental por especialistas para sustentar o mercado de trabalho durante o auge da crise da Covid-19

Um reflexo disso começa a ser observado no número de pedidos de seguro-desemprego, que subiu 15% em relação a um ano antes e alcançou 674,6 mil requisições em março.

O secretário-executivo do Ministério do Trabalho e Previdência, Bruno Dalcolmo, afirma que o aumento de pedidos está ligado ao fim do programa, mas que as requisições estão abaixo de outros momentos de crise econômica. “Apesar de uma relativa elevação no número de solicitações, é um número ainda bastante inferior considerando o histórico recente do País”, afirmou

Nem todas as regiões tiveram resultado positivo neste mês. Houve criação de vagas no Sudeste (com abertura de 75,8 mil postos), no Sul (33,6 mil), no Centro-Oeste (20,2 mil) e no Norte (9,3 mil). Já o Nordeste fechou 4,9 mil postos de trabalho

A criação de vagas contrasta com salários de admissão caindo novamente. Já são dois meses seguidos de retração, após as quedas consecutivas registradas ao longo de 2021 (depois de um intervalo de crescimento em dezembro do ano passado e em janeiro deste ano).

Remuneração

A remuneração média para quem foi contratado em março foi de R$ 1.872,07, queda real de 7,2% em relação a um ano antes. Segundo os técnicos, a menor remuneração é tradicionalmente observada em momentos de retomada do emprego.

Bruno Imaizumi, economista da LCA Consultores, afirma que a queda nos salários de admissão decorre de um movimento de pessoas de menor qualificação se inserindo no mercado de trabalho formal – e de parte com maior qualificação recebendo menos do que antes.

A LCA atualizou no mês passado a projeção de saldo de empregos para 2022 de 895 mil para 1,1 milhão de postos formais. As melhores expectativas decorrem dos efeitos do Auxílio Brasil e dos saques extraordinários do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

“Este ano o saldo de vagas será influenciado pelo cenário econômico, que, apesar de sofrer com inflação e juros elevados, vem se beneficiando do pacote de estímulos feitos pelo governo para este ano para [o presidente Jair] Bolsonaro tentar a reeleição”, diz ele. (Folhapress)

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