Mineiros imigrantes contribuem com a economia dos EUA; conheça histórias de sucesso

A presença dos imigrantes empreendedores na economia dos Estado Unidos (EUA) é crescente e cada vez mais notável. De acordo com o American Immigration Council (Conselho Americano de Imigração), das 500 maiores empresas da Fortune 500 (lista anual da revista Fortune, em que são incluídas as 500 maiores empresas dos EUA, classificadas por sua receita), 46% foram fundadas por imigrantes ou seus descendentes.
O percentual é o maior registrado desde 2011 e, juntas, elas foram responsáveis por gerar US$ 8,6 trilhões em receita no país norte-americano no ano passado. Para o advogado e sócio-fundador da Bicalho Consultoria Legal, Vinícius Bicalho, o índice reforça o papel essencial da imigração no crescimento econômico dos EUA e desmistifica paradigmas.
Ele explica que é muito comum as pessoas acreditarem que o imigrante está submetido somente ao subemprego, o que é um erro. “O imigrante está em todas as camadas da sociedade americana. Há profissionais liberais bem posicionados, pequenos e médios empresários, e até o topo da pirâmide com uma presença significativa”.
Segundo Bicalho, 13% da população americana é composta por imigrantes, enquanto na força de trabalho eles representam 18%. Quando analisados apenas os empreendedores, são 25%, e quando analisados os grandes empresários, chegam aos 46%.
A empresa de Bicalho, que é brasileiro de Minas Gerais, não configura entre as 500 maiores do país, mas é um exemplo de empreendedorismo dos imigrantes. Com sede em Orlando, o negócio oferece soluções para empresas, empreendedores e profissionais liberais em processos migratórios.
Dados mais recentes da Embaixada dos EUA mostram que, em 2020, mais da metade dos imigrantes brasileiros que chegavam aos Estados Unidos eram mineiros. Um deles, é o empresário Danniel Stehling Fernandes, que, junto da esposa, também buscou o exterior para empreender.
Atrás de uma renda em dólar, eles saíram de Belo Horizonte e resolveram mudar para os EUA e abrir uma produtora de eventos: a Magnolia Floria Party, no estado da Flórida. Atualmente, o casal reside em Orlando e produz festas de casamentos, 15 anos, infantis e outros eventos.
“A cultura é muito diferente. A índole das pessoas, a ética e a cultura do americano faz a gente crescer de forma orgânica, natural. Um empregado aqui, se não está satisfeito, sai e não volta no dia seguinte. Então, só trabalha com você quem está realmente com vontade de crescer junto. As coisas por si já andam”, comenta.
Outro ponto que Fernandes destaca são as negociações. “No Brasil você precisa correr atrás de funcionário, de cliente, até de receber. O americano não discute preço e valor, se ele achar que vale, ele paga o valor do seu trabalho, sem discussão. Se ele não quiser, ele procura outro. Não fica pedindo desconto. Aqui você não precisa ir atrás de devedor, negociar descontos, a pessoa aceita o valor do serviço”, afirma.
Mercado consumidor forte atraiu empreendedores mineiros
Outra empresa que reforça o empreendedorismo mineiro na América do Norte é a Akafloor, fundada em São João del-Rei, região Central. Especializada em revestimento em madeira, a empresa mantém escritório e um centro de distribuição na Philadelphia, que abastece distribuidores e pontos de revenda no país norte-americano, e que, em breve, inaugurará a primeira loja física por lá.
“O mercado americano é muito aquecido e é o segundo maior consumidor de madeira do mundo. A língua é fácil e nos auxilia nas negociações, além da geolocalização”, afirma a diretora-executiva da empresa, Sâmia Rossin.

Sobre o empreendedorismo do imigrante, a empresária considera dois tipos e diz que ambos são importantíssimos para a economia americana. Ela conta que há muita oferta de serviços para as atividades operacionais. Mas ressalta que também existem imigrantes, como no seu caso, que vão para abrir negócios e empreender.
“Os primeiros vão atrás de emprego, qualidade de vida, segurança pública e são importantíssimos para a economia dos EUA. Eles formam a base para o funcionamento do mercado. E há os empreendedores que observam e aproveitam as oportunidades de uma economia forte”, comenta.
De acordo com Sâmia Rossin, a Akafloor continua tendo o mercado americano como um dos maiores focos. “Temos uma capacidade produtiva maior do que tínhamos na época em que chegamos e nosso objetivo é escalar ainda mais. Vamos oferecer nossos serviços ao varejo, tanto na loja física como no e-commerce, a partir deste mês”, adianta.
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