Mineração Morro do Ipê planeja nova instalação em Minas Gerais

A Mineração Morro do Ipê tem planos para investir em uma nova instalação em Minas Gerais para o aproveitamento de itabiritos compactos. O projeto, pensado para operar em 2035, está em fase preliminar de estudos e ainda não tem data-limite para ser definido, mas devido a sua dimensão, as obras de implantação teriam que começar por volta de 2031.
As informações são do diretor de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade da empresa, Cristiano Parreiras, em entrevista exclusiva ao Diário do Comércio. “Isso mostra o quanto precisamos sempre olhar para frente na mineração. O investimento é sempre muito alto, de longo prazo e leva bastante tempo para atingir a maturidade”, enfatiza.
Conforme ele, a futura planta seria semelhante à de Tico-Tico, porém, com equipamentos mais robustos e potentes, capazes de beneficiar os itabiritos compactos da mina, visto que a unidade inaugurada no final de 2023 se dedica ao processamento de itabiritos friáveis e semi-compactos. Dessa forma, a mineradora poderia seguir minerando no complexo localizado entre Brumadinho, Igarapé e São Joaquim de Bicas, na região de Serra Azul.
Parreiras diz que a companhia já conhece a reserva e, neste momento, detalha o projeto para estudar a viabilidade de iniciar o investimento por agora. O dirigente ressalta que, apesar de a instalação ser pensada para daqui dez anos, são diversas etapas no caminho, como a executar estudos de engenharia e geologia e a de entender qual a melhor rota de processo, quais maquinários devem ser utilizados e qual será o aporte necessário.
Ano desafiador, com preços em baixa e custos elevados
Há um ano, a Morro do Ipê paralisou a Mina Ipê, operação com capacidade de produzir até três milhões de toneladas de minério de ferropor ano. A decisão estratégica decorreu do fato de o produto da planta ter um teor mais baixo, que não se mostrava competitivo no mercado. Na unidade era produzido o sinter feed, com aproximadamente 60% de ferro.
Com a paralisação, a empresa concentrou as atividades na Mina Tico-Tico. A unidade recebeu um investimento de R$ 1,3 bilhão para ser implementada e dispõe de um potencial para produzir, anualmente, até seis milhões de toneladas de pellet feed, produto de maior valor agregado, essencial para a descarbonização da siderurgia, com 65% a 66% de teor.
O projeto Tico-Tico ainda está em fase de rump-up e a intenção da mineradora era alcançar a plena capacidade da instalação ainda neste ano, entretanto, os planos mudaram e a expectativa agora é atingi-la a partir de 2026. “Enfrentamos algumas dificuldades, especialmente em relação ao grande desafio do setor, que é a filtragem e a disposição dos rejeitos em pilhas”, esclarece Parreiras. “Agora estamos conseguindo endereçar todos esses pontos para poder alcançar a nossa capacidade nominal”, afirma.
De acordo com o diretor de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade, a Morro do Ipê espera encerrar este ano com um volume de produção próximo ou um pouco superior ao de 2024, quando atingiu 3,4 milhões de toneladas. Ele ressalta que 2025 tem sido desafiador para as mineradoras em geral, devido ao baixo patamar de preços do minério de ferro no mercado global em paralelo aos custos elevados que o setor enfrenta.
Olhando para o ano que vem, Parreiras afirma que os desafios para uma empresa de mineração nunca diminuem. Conforme ele, as mineradoras que atuam no Quadrilátero Ferrífero se deparam com custos associados mais elevados em virtude, por exemplo, do acesso a ferrovias e do tratamento de um minério de teor mais baixo. “Todo dia tem um desafio novo e o minerador para se manter competitivo tem que ficar muito atento aos custos e a produção para continuar sendo relevante no mercado”, sublinha.
Empresa pretende utilizar a Mina Ipê para reaproveitar rejeitos da barragem B1 Ipê
Conforme informado anteriormente pelo Diário do Comércio, a Morro do Ipê investirá R$ 200 milhões na descaracterização das três barragens que possui na Serra Azul. As estruturas estão desativadas e estáveis. A empresa espera concluir as descaracterizações até 2029.
As obras da B2 Tico-Tico foram iniciadas em 2024, com término previsto para o final de 2027. A intervenção é conduzida pelo método de remoção parcial e, desde que começou, a empresa já removeu 21,22% do volume de rejeitos da barragem, que está sendo destinado ao reprocessamento pela própria mineradora, com aproveitamento de até 30% do material.
A descaracterização da B1 Ipê deve começar a partir de abril do ano que vem, após o período de chuvas, de acordo com Parreiras. O diretor de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade revela que a ideia é utilizar a Mina Ipê para reprocessar parte dos rejeitos da estrutura, “Com isso, a gente conseguiria transformar um tanto desse rejeito em produto, minimizando os impactos ambientais da barragem”, destaca.
Quanto a B1 Auxiliar, cujas obras também estão previstas para serem iniciadas após as precipitações, a estratégia será outra, uma vez que os rejeitos que nela estão depositado são mais pobres e não têm viabilidade de serem retomados. Segundo ele, essa estrutura demandará intervenções mais robustas, com canais e extravasores, por exemplo.
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