Mineração Pau Branco é interditada na Serra do Curral após fiscalização

A Mineração Pau Branco (Empabra) teve as operações na Mina Corumi, na Serra do Curral, interditadas nesta quarta-feira (15) pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Além de não possuir as licenças ambientais necessárias, a atividade também estava ocorrendo antes de uma decisão no processo judicial movido pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) para a recuperação ambiental da área, segundo a administração municipal.
A interdição veio após operação de fiscalização da PBH, uma vez que a área vinha sendo monitorada pelo município e, na semana passada, foi realizada uma vistoria que constatou a movimentação ilegal. Diante da constatação da operação irregular, o prefeito Fuad Noman determinou a imediata interdição das atividades da Empabra até que a situação esteja devidamente regularizada, afirmou o secretário municipal interino de Meio Ambiente, Gelson Leite.
“Não tínhamos conhecimento de nenhuma licença ou autorização para a atividade da empresa nesta área. Informamos à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e programamos uma ação. Fizemos um laudo técnico que constatou movimentações sem licenças para acontecer. O prefeito solicitou a interdição das atividades minerárias e montamos uma força-tarefa com outros órgãos para interditar imediatamente a atividade minerária na Serra do Curral”, explicou o secretário municipal.
Ainda segundo Leite, na semana passada foi feita uma vistoria no local e foi constatada a retirada de minério fino depositados em pilhas, desassoreamento das estruturas de drenagem (sumps), retirada de minério em taludes conformados, com possíveis avanços em terreno natural (minério in situ) e indícios de atividade de lavra, além de transporte.
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“É um trabalho de monitoramento e, toda vez que recebemos denúncias ou verificamos alguma atividade irregular na fiscalização através das rondas temos que tomar as devidas providências. A Serra do Curral é tombada pelo município e também patrimônio histórico e paisagista de nossa Capital, por isso o monitoramento e de todo cuidado”, afirmou.
Servidores das secretarias de Meio Ambiente e Política Urbana e Guarda Municipal estiveram no local no final desta manhã e presenciaram atividade minerária. A Empabra foi notificada por crime ambiental gravíssimo e receberá multa de R$ 64.945,69 – valor previsto em lei. Em caso de descumprimento do auto de interdição, será aplicada multa de R$ 27.957,82 – valor que vai dobrando sucessivamente no caso de reincidência.
Monitoramento
Para garantir o cumprimento da interdição, a PBH informou que manterá a área sob monitoramento. Viaturas da Guarda Municipal foram estacionadas no portão de acesso, impedindo a movimentação de caminhões. Um dos motivos da ação foi a denúncia de moradores da região sobre movimentação de caminhões na área. Verificou-se que a empresa estava escoando minério, para possível venda, sem o devido licenciamento ambiental (tanto estadual quanto municipal).
Segundo o supervisor da Guarda Municipal de Belo Horizonte, Crislem Martins, o processo de monitoramento dessa área vem sendo feito por satélite, pelo Programa Rede Mais Brasil e refinado com imagens de drones. “Fomos ao local com quatro viaturas para o processo de fiscalização em apoio à Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) e a subsecretaria de Fiscalização. A partir da decisão do órgão de fiscalização, a Guarda Municipal passará a monitorar e fazer o cumprimento da determinação de interdição”, disse.
Tombamento
A mineração está situada no bairro Cidade Jardim Taquaril, da Regional Leste, e está em uma área de tombamento municipal da Serra do Curral (subárea 4 – Taquaril). Trata-se de um patrimônio histórico e paisagístico de Belo Horizonte, e que, até o início da década de 1990, foi utilizado para extração de minério de ferro e solo laterítico/canga, para uso em pavimentação de vias.
E esse não é o primeiro e nem será o último caso de mineração que passa por suspensão ou interdição na Serra do Curral. No ano passado, o Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF6) acolheu o recurso do Ministério Público Federal (MPF), que pedia a suspensão das atividades da Taquaril Mineração S.A (Tamisa) na Serra do Curral.
Em março deste ano, o MPMG solicitou a imediata suspensão das atividades minerárias da empresa Fleurs Global Mineração, que operava nas proximidades da Serra do Curral. Na ação, o órgão também pediu a invalidação do processo de licenciamento ambiental, o descomissionamento do empreendimento e o pagamento de indenização no valor de R$ 30 milhões por danos ambientais, além de multa diária por dia de operação irregular de R$ 50 mil.
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