Economia

Minerais críticos do Brasil atraem os EUA

Tema foi debatido durante encontro com representantes do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram)
Minerais críticos do Brasil atraem os EUA
Foto: Fabrício Guedes AMG

Brasília – O encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos, Gabriel Escobar, afirmou que o governo norte-americano tem interesse nos materiais críticos em solo brasileiro. O tema foi debatido na quinta-feira (24) durante encontro com representantes do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).

Escobar demonstrou atenção à Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos que o governo brasileiro está elaborando, bem como às iniciativas parlamentares que tratam do tema. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, reforçou em entrevista à Folha de S.Paulo na última quarta-feira (23) que o plano está sendo finalizado.

Os representantes das empresas já ouvem o interesse dos EUA nesses materiais desde o governo Biden, e três meses atrás tiveram uma reunião semelhante também com Escobar. Os materiais interessam aos americanos para diferentes propósitos, inclusive para a indústria da defesa.

Eles não ouviram das falas de Escobar uma ligação direta entre o tema e a negociação sobre o tarifaço anunciado por Donald Trump. Mesmo assim, viram, dado o contexto das relações entre os dois países, uma chance de o assunto entrar nas negociações sobre a pauta de importações e exportações.

Mesmo assim, os representantes empresariais ressaltaram que qualquer interesse do governo americano no assunto deve ser relatado diretamente ao governo brasileiro. Isso porque a União, pela Constituição Federal, é quem decide sobre o uso do subsolo nacional.

A princípio, relatam esses representantes, não há impedimento para que empresas americanas atuem na mineração em solo brasileiro. Já há diversas companhias privadas estrangeiras fazendo esse trabalho, como chilenas e argentinas – mas não governos de forma direta.

O encontro tratou de organização de uma possível missão empresarial brasileira ao mercado americano, mas prevista para ocorrer somente entre setembro ou outubro. O prazo dado pelo presidente Donald Trump para sobretaxar a exportação brasileira termina no próximo dia 31 de julho.

Durante as conversas, foi discutido como uma viagem em agosto pode se tornar pouco produtiva graças ao período de férias escolares nos EUA e um consequente impedimento nas agendas para essas conversas.

Durante a reunião, Escobar deixou claro o interesse dos EUA em firmar acordos ligados aos minerais críticos e estratégicos. Os minerais críticos são insumos considerados essenciais para a economia e a segurança nacional de um país, mas que enfrentam riscos elevados de escassez ou interrupção no fornecimento. Isso ocorre, em boa parte, porque a sua produção está concentrada em poucos países, além da dificuldade de substituição por outros materiais e da alta demanda em setores estratégicos como energia limpa, tecnologia, defesa e mobilidade elétrica.

Esses minerais são fundamentais, por exemplo, para a fabricação de baterias, turbinas eólicas, veículos elétricos, equipamentos eletrônicos e sistemas militares.

Entre os principais minerais críticos frequentemente citados estão lítio, cobalto, níquel, grafite, nióbio, terras-raras, tântalo, cobre e urânio. O lítio é vital para baterias recarregáveis de veículos elétricos, enquanto o cobalto e o níquel integram a cadeia das baterias.

Reportagem distribuída pela Folhapress

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