Minério bate recorde e governo chinês sinaliza intervenção

Manila e Pequim – O governo da China prometeu que irá manter “ordem” no mercado de minério de ferro em um encontro na semana passada com produtores de aço do país, que reclamam dos preços recorde da matéria-prima, segundo uma fonte que participou do encontro.
Mais de uma dúzia de representantes de departamentos de governo e siderúrgicas, incluindo China Baowu Group, Ansteel Group e Jiangsu Shagang Group, além de casas de trading, associações industriais, consultorias e representantes da bolsa de Dalian, reuniram-se no Ministério de Indústria e Tecnologia da Informação na última quinta-feira, segundo a fonte.
“Os representantes do governo disseram que apoiam a afirmação da indústria sobre seus direitos e irá resolutamente manter a ordem no mercado”, disse o participante, que pertence à Associação de Ferro e Aço da China (Cisa) e não quis ser identificado.
Os reguladores de mercado chineses prometeram que irão apertar a supervisão sobre os fluxos financeiros no mercado de futuros de minério de ferro administrado pela Bolsa de Dalian, segundo a fonte.
Eles também avaliarão se empresas estão utilizando entidades relacionadas para realizar negociações na bolsa, o que violaria regras do mercado. Mas as atuais regras da bolsa de Dalian para negociações não serão alteradas, afirmou.
A reunião na quinta-feira seguiu-se à criação de um grupo liderado por oito empresas de aço, que representam 30% da produção chinesa, para pedir ao governo que investigasse fatores “extramercado” que poderiam ter levado ao rali de preços do minério de ferro.
Representantes da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma e da agência estatal de administração de regulação do mercado também participaram da reunião na quinta-feira.
As siderúrgicas, a Cisa, a bolsa de Dalian e os órgãos de governo não responderam pedidos da Reuters por comentários sobre o encontro.
Cotação – Os futuros do minério de ferro na China subiram ontem e tocaram o maior nível desde o lançamento do índice, em 2013, com projeções otimistas sobre a demanda no maior produtor e consumidor global de aço ampliando um forte rali da matéria-prima visto neste ano.
O contrato mais negociado do minério de ferro, para setembro, chegou a subir 4,6%, para 924,5 iuanes (US$ 134,48 dólares) por tonelada, antes de fechar com avanço de 2,4%, a 905 iuanes.
O minério de ferro já se valorizou em 108% neste ano, com os ganhos puxados inicialmente por preocupações com a oferta dos principais exportadores, Austrália e Brasil.
Dados na segunda-feira (15) apontaram que o crescimento da produção industrial da China somou 6,3% em junho na comparação anual, batendo expectativas e apoiado por uma recuperação dos investimentos, o que melhorou o sentimento do mercado, segundo analistas.
O sólido crescimento do investimento nos setores de construção e imóveis da China no primeiro semestre de 2019, juntamente com a melhoria do investimento em infraestrutura, deve impulsionar a demanda por commodities siderúrgicas, disse Helen Lau, analista de mineração e metais da Argonaut Securities em Hong Kong. “Continuamos positivos em relação ao minério de ferro”, disse.
A mineradora global Tio Tinto reportou uma queda de 3,5% nos embarques de minério de ferro do segundo trimestre ontem, com problemas causados devido a um ciclone na Austrália no final de março que prejudicou a produção entre abril e junho.
Os futuros do aço se recuperaram de quatro dias de queda, com o contrato mais ativo, para outubro, avançando 1,8%, para 4.037 iuanes. (Reuters)
Vale realizará ajuste em provisões após acordo
São Paulo – A Vale informou que suas provisões relacionadas ao rompimento de uma barragem em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em janeiro devem sofrer “eventuais ajustes” no resultado do segundo trimestre, segundo comunicado divulgado ontem.
A informação vem após anúncio na véspera de acordo entre Ministério Público do Trabalho de Minas Gerais (MPT-MG) e a companhia que envolve depósito de R$ 400 milhões pela Vale a título de dano moral coletivo causado a trabalhadores devido ao incidente, que deixou centenas de mortos.
A Vale destacou que havia provisionado R$ 949 milhões (R$ 247 milhões) no resultado do primeiro trimestre, referente a um acordo preliminar assinado com o MPT ainda em fevereiro.
“Eventuais ajustes a esta provisão serão realizados no resultado do segundo trimestre a ser divulgado em 31 de julho de 2019, incluindo o depósito de R$ 400 milhões a ser realizado pela Vale a título de dano moral coletivo em 06 de agosto de 2019, o qual ficará à disposição do juízo”, afirmou a empresa no comunicado.
A Vale disse que o acordo com o MPT também determinou a liberação de um valor de R$ 1,6 bilhão depositado judicialmente em garantia no processo. (Reuters)
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