Economia

MCMV: ampliação para faixa 4 promete aquecer mercado imobiliário em Minas

Cidades mineiras pujantes de médio e grande porte, como Belo Horizonte e Região Metropolitana (RMBH) devem ser as principais beneficiadas
MCMV: ampliação para faixa 4 promete aquecer mercado imobiliário em Minas
Foto: Ricardo Stuckert

A ampliação do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) com a criação da faixa 4 pelo governo federal tem sido encarada como um divisor de águas pelo mercado imobiliário. Voltada para famílias com renda mensal de até R$ 12 mil, a nova modalidade busca contemplar um público até então que não se encaixava nas faixas atuais e enfrentava dificuldades para financiar um imóvel.

Com as novas regras, as famílias desse grupo terão direito a financiar imóveis com valor de até R$ 500 mil, divididos em até 420 meses (35 anos). Apesar de ainda haver dúvidas a respeito da medida, o movimento deve provocar uma reação positiva no setor da construção civil, impulsionando tanto a demanda quanto os lançamentos imobiliários.

De acordo com o diretor da Área Imobiliária do Sinduscon-MG, André Clementino, a medida foi encarada de forma positiva pelo setor, que segue desafiado desde a pandemia a comercializar em meio a altos custos, especialmente com taxa de juros elevada – que prejudica os financiamentos. “A elevação dos juros pressiona as construtoras e o cliente perde poder de compra, especialmente nessa faixa beneficiada”, pontua.

Cidades mineiras pujantes de médio e grande portes, como Belo Horizonte e região metropolitana (RMBH), Juiz de Fora, Governador Valadares, Uberaba, Uberlândia, Ipatinga e Montes Claros devem estar entre as principais beneficiadas. “Além de sermos berço das maiores construtoras do País, essas regiões possuem boa empregabilidade, o que facilita aprovação do crédito e ajuda a reduzir o atual déficit habitacional”, destaca.

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Setor imobiliário está cauteloso até projeto sair do papel

Para o presidente da Câmara da Construção da Fiemg, Geraldo Jardim, apesar de aparentemente positiva, a medida ainda possui pontos que precisam ser esclarecidos, como juros, normativas e uma série de fatores para confirmar uma real eficácia. “Até virar realmente realidade são vários caminhos. Ainda precisamos aguardar gestões internas para entender como as empresas irão trabalhar”, pontua.

O setor, segundo ele, tem potenciais expressivos na economia nacional e necessita de estímulos para avançar ainda mais. “Movimentamos 97 setores e empregamos mais que o agronegócio. Precisamos de medidas perenes para não vivermos apenas de momentos”, destaca.

Para Jardim, Belo Horizonte deve ser uma das principais beneficiadas com a ampliação, já que 20% a 25% do mercado estão inseridos na categoria. “Acredito que deva aquecer o mercado na cidade e estimular novas construções”, conclui.

MRV espera aumento na velocidade das vendas da empresa

Com 90% das vendas líquidas concentradas no Minha Casa, Minha Vida, a MRV celebra a ampliação para a faixa 4. Para o vice-presidente Comercial e de Marketing da empresa, Thiago Ely, a medida atenderá uma parcela significativa da população que não se encaixa nas faixas atuais e ainda enfrentam dificuldades para financiar um imóvel.

“A confirmação da faixa 4 com taxas atrativas e boas condições de financiamento possibilita à MRV atender um público que hoje acaba ficando refém de taxas de juros muito altas no financiamento tradicional. Na MRV, 13% do estoque se enquadra a essa nova faixa o que permitirá um aumento na velocidade das vendas da empresa”, destaca o executivo.

Com juros prefixados, a medida ainda garante maior previsibilidade se comparado ao aluguel – que tende a sofrer mais com os impactos do aumento dos juros. “Enquanto a Selic alta torna o financiamento mais caro, ela também eleva os reajustes de aluguel. Em 2023, os aluguéis subiram, em média, 16%, e em 2024, o aumento foi de 13,5%, ambos bem acima da inflação. Ou seja, quem continua no aluguel sente cada vez mais no bolso o impacto da alta dos juros, enquanto quem financia pelo Minha Casa, Minha Vida tem previsibilidade e estabilidade”, conclui.

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