Faixa 4 do Minha Casa, Minha Vida deve impulsionar indústria de cimento

A ampliação do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) com a criação da faixa 4 pelo governo federal, deve impulsionar a indústria de cimento nacional. Com a crescente demanda, Minas Gerais se desponta como um dos principais beneficiados, já que o Estado é o maior produtor do País, concentrando hoje 15 fábricas a partir de oito grupos industriais.
O setor, que produziu 65 milhões de toneladas de cimento no ano passado, estimava que pelo menos 2,5 milhões seriam destinadas ao programa federal. Com a ampliação, a expectativa é que os números superem as atuais previsões, além de fomentar a construção de ruas, estruturas de saneamento, dentre outras intervenções urbanas, conforme aponta o economista do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic), Flavio Guimarães.
A iniciativa governamental, segundo ele, foi encarada de forma positiva pelo setor e chega em um momento oportuno para avançar em meio aos atuais desafios. “Desde a retomada a partir do atual governo, o programa se mostrou bem-sucedido com a promessa de entregar 2 milhões de unidades em quatro anos, o que resultará na demanda de 10 milhões de toneladas de cimento nesse período”, pontua.
Apesar disso, as recentes altas na taxa básica de juros (Selic) preocupam, já que ameaça potenciais investimentos no País. Segundo Guimarães, a medida torna desigual a competição do mercado imobiliário com produtos financeiros, além de atrapalhar expansões da indústria e comércio, que majoritariamente dependem de financiamentos para execução.
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Além da elevação dos juros, o economista da entidade cita que o baixo desempenho do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é encarado como um dos principais gargalos no momento. A expectativa, é que a retomada do programa contribuísse com um maior volume de obras em diferentes setores, como logística, rodovias e hospitais.
“O PAC não atingiu a velocidade que o Brasil precisa. Além do cimento, setores como construção e materiais de construção poderiam apresentar um melhor desempenho, já que existe demanda, só não temos capacidade de investimento”, destaca.
Desempenho no primeiro trimestre é o melhor em dez anos
Com a venda de 15,6 milhões de toneladas de cimento entre janeiro e março deste ano, a indústria vivencia a melhor fase desde 2015. O resultado ainda representa um avanço de 5,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Na comparação por dia útil, foram 244,9 mil toneladas comercializadas em março – um crescimento de 5,6% em comparação a fevereiro e de 10,1% ao mesmo mês de 2024.
Apesar dos atuais desafios, o presidente do Snic, Paulo Camillo Penna, celebra os resultados de um ano marcado por recuperações. “Em 2024 a indústria recuperou as perdas de 2022 e 2023, fechando o ano com 4% de crescimento. Para o primeiro semestre, as projeções permanecem positivas, mas a instabilidade econômica marcada pela escalada da Selic, endividamento da população, inflação alta e questões fiscais devem reduzir os ganhos do setor no segundo semestre”, reforça.
Até o fim do ano, segundo a entidade, a expectativa é encerrar com crescimento entre 1% e 1,5%, totalizando 65,5 milhões de toneladas. Embora seja o maior produtor, 50% da produção total de cimento em Minas Gerais deve ser direcionada para outros estados, como São Paulo e Rio de Janeiro.
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