Montadoras no Brasil temem riscos com eventual escassez na oferta de chips
Fabricantes de veículos instalados no Brasil estão preocupados com uma possível repetição da crise de falta de componentes eletrônicos que atingiu a produção de montadoras do país durante a pandemia, afirmou a associação do setor, Anfavea, nesta quinta-feira (23).
“A urgência é evidente, e a mobilização se faz necessária para evitar um colapso na indústria”, afirmou o presidente da entidade, Igor Calvet, em comunicado à imprensa que veio enquanto uma comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva visita países asiáticos nesta semana, começando pela Indonésia, nesta quinta-feira.
A nova “crise dos chips” temida pelo setor automotivo brasileiro é derivada de disputas entre Holanda e China envolvendo a fabricante de microprocessadores Nexperia. A preocupação começou há alguns dias na Europa, com montadoras instaladas no continente, como a Volkswagen, citando risco de paralisação de produção por falta de componentes.
A China proibiu exportações de produtos da Nexperia, o que atingiu redes de fornecedores de montadoras que além da Volkswagen incluem BMW e Mercedes.
Pequim anunciou as restrições depois que o governo holandês assumiu o controle da Nexperia devido a questões de propriedade intelectual relacionadas à controladora chinesa Wingtech, que foi colocada em uma lista do governo dos Estados Unidos no ano passado, sinalizando-a como um possível risco à segurança nacional norte-americana.
A Nexperia fabrica chips que não são considerados sofisticados, mas são necessários em grandes volumes e amplamente utilizados nas indústrias automotiva e de eletrônicos de consumo. A maioria dos chips da empresa é produzida na Europa e finalizada na China e não está claro quanto tempo os estoques vão durar.
Fontes do setor afirmaram à Reuters que a troca de fornecedores é possível, com a Infineon, NXP e Texas Instruments sendo citadas como possíveis alternativas, mas isso demanda tempo devido aos processos de aprovação necessários pelas montadoras.
Segundo a Anfavea, um veículo moderno usa, em média, de 1.000 a 3.000 chips. “Sem esses componentes, as fabricantes não conseguem manter a linha de produção em andamento”, afirmou a entidade.
“Nesse sentido, a Anfavea já alertou o governo federal para que tome medidas rápidas e decisivas para evitar o desabastecimento de semicondutores no país”, afirmou a entidade no comunicado sem detalhar.
Procurado, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços não comentou o assunto de imediato.
Conteúdo distribuído por Reuters
Ouça a rádio de Minas