Economia

Moody’s eleva rating de Belo Horizonte, mas nota poderia ser maior

Segundo o secretário municipal da Fazenda a Capital não possui um rating melhor porque o teto para cidades e unidades federativas é a nota para o Brasil
Moody’s eleva rating de Belo Horizonte, mas nota poderia ser maior
Foto: Adobe Stock

A Moody’s elevou, nesta semana, o rating de Belo Horizonte de Ba2 para Ba1, pontuando que o índice reflete o “robusto perfil de crédito autônomo da cidade, retratado por uma liquidez relativamente forte, resiliência econômica, baixa alavancagem e perfil de dívida adequado em comparação com pares globais”.

A agência disse que a nota também leva em consideração os consistentes superávits de financiamento de caixa, resultados de uma prudente gestão fiscal.

Agências como a Moody´s avaliam a capacidade de um município, estado ou país pagarem as suas dívidas, conforme sua situação financeira, orientando investidores sobre o quão seguro é injetar recursos nesses locais.

As notas apresentam 21 variações, que vão de AAA a C. Quanto mais próximo de A, menos risco o investidor tem de ficar no prejuízo. Com a nova classificação, a Capital segue abaixo da primeira “prateleira”, na qual se encontram os melhores pagadores. 

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O secretário municipal da Fazenda, João Antônio Fleury Teixeira, explica que Belo Horizonte só não possui um rating melhor nesse tipo de agência internacional, porque o teto para cidades e unidades federativas é a nota para o Brasil – elevada de Ba2 para Ba1 pela Moody’s.

De acordo com ele, recentemente, o Tesouro Nacional, que faz uma análise parecida das contas públicas, atribuiu nota máxima para a capital mineira, com a melhor pontuação entre as capitais do País.

O gestor ressalta que, em setembro, foi apresentado à Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) o resultado do segundo quadrimestre da execução financeira e orçamentária do município com dados que ilustram o motivo da Moody’s ter aumentado a nota de crédito. 

Fleury destaca os seguintes números:

  • superávit de R$ 1,6 bilhão;
  • percentual de 39,36% na relação entre despesas de pessoal e receita corrente líquida ajustada (o limite máximo é de 54%);
  • percentual de 1,09% na relação entre dívida consolidada e receita corrente líquida ajustada (o limite máximo é de 120%);
  • R$ 366 milhões de crédito tomado em operações internas e externas;
  • percentual de 2,23% na relação entre as operações de crédito e receita corrente líquida ajustada (o limite máximo é de 16%).

“Ou seja, nossos níveis de endividamento são mínimos, que é uma das principais métricas utilizadas (por agências de classificação de risco) e também a nossa capacidade de investimento em relação ao total de receitas e despesas, que é extremamente saudável”, sublinha.

Elevação do rating traz benefícios para Belo Horizonte

Segundo o secretário, ao ter uma nota positiva, tanto no Tesouro Nacional quanto nas agências internacionais, a Capital consegue acessar empréstimos com mais facilidade. Fleury salienta que, para realizar grandes obras, o município busca recursos no exterior, onde encontra prazos e carências maiores e juros menores.

Conforme ele, em razão do atual cenário belo-horizontino, as próprias agências e bancos nacionais estão, frequentemente, oferecendo crédito para a cidade. 

O assessor na iHUB Investimentos – filial Belo Horizonte, Geraldo Vieira, afirma que a elevação do rating feito pela Moody’s sinaliza aos investidores que a cidade tem uma boa gestão financeira e um menor risco de inadimplência, aumentando a confiança para a aplicação de recursos. 

Ele ressalta que, com uma nota melhor, a capital mineira pode ter outros benefícios, além de conseguir empréstimos com melhores taxas de juros para investir em áreas essenciais para o desenvolvimento econômico, como na atração de investimentos privados. 

“Esse rating mais alto pode atrair empresas que buscam um ambiente de negócios estável e promissor, resultando em novas instalações e na expansão das já existentes, gerando empregos e impulsionando a economia local”, realça.

“Também coloca Belo Horizonte em destaque no cenário internacional, atraindo investidores estrangeiros que buscam oportunidades em mercados emergentes com boas perspectivas de crescimento”, salienta. 

Nota de crédito de Minas Gerais é baixa

A Moody’s também avaliou Minas Gerais. A nota concedida foi CAA e leva em consideração o perfil de crédito fraco do Estado de forma independente, dada sua grande estrutura de despesas com pessoal, alta dívida e carga previdenciária e liquidez muito fraca, o que levou a um histórico de dificuldades para lidar com o serviço da dívida sem o apoio do governo federal. 

A agência pontuou que o Estado começou a pagar sua dívida com a União neste mês como um sinal de boa-fé. Entretanto, ressaltou que a base de receita continua amplamente insuficiente para pagar todas as suas obrigações de forma sustentável.

E ainda disse que a perspectiva estável do rating de Minas Gerais reflete a visão da Moody’s de que chegar à aprovação de uma solução formal para lidar com o débito mineiro nos próximos 12 a 18 meses continua desafiador.

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