Mortalidade atinge 24,5% das MPEs no Estado

Manter um empreendimento em pleno funcionamento não é nada fácil. Boa parte deles, inclusive, não sobrevive por muito tempo. Em Minas Gerais, das 55.319 micro e pequenas empresas (MPEs) abertas em 2017, 13.583 encerraram as atividades até 2021. Isso significa que uma em cada quatro MPEs (24,5%) fechou as portas com até cinco anos de existência. As informações são de um estudo inédito feito pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas).
O levantamento também mostrou quais os segmentos de MPEs tiveram os maiores e os menores indicadores de baixas no período. O líder no ranking de fechamentos foi o comércio varejista de roupas (33,7%). Logo na sequência aparece o varejo de produtos alimentícios (33%). Os dois setores foram um dos mais afetados pela pandemia da Covid-19. Do lado oposto, a atividade varejista de produtos farmacêuticos foi quem teve menos encerramentos (16,2%), seguida pela manutenção e reparação de veículos automotores (18,5%).
A pesquisa “Mortalidade das MPEs em Minas Gerais” foi realizada com base nos dados da Receita Federal de empresas formalizadas no Estado, com faturamento anual entre R$ 360 mil e R$ 4,8 milhões. Empreendimentos com ciclo de vida inferior a 90 dias foram desconsiderados. A investigação ainda apontou que as MPEs que receberam orientação ou que participaram de ações e projetos do Sebrae Minas tiveram um indicador de mortalidade menor do que a média geral estadual, com 16,4%.
Para o superintendente da instituição, Afonso Maria Rocha, é inegável o impacto da pandemia para os negócios, porém, existem outras possíveis causas das extinções. Ele ressalta a desqualificação dos empreendedores, os problemas de relacionamento entre sócios e a necessidade de inovar para se manter competitivo. Cita ainda a dificuldade de acesso ao crédito, a carga tributária, a burocracia para tocar o negócio e a facilidade com que alguns segmentos conseguem realizar encerrar as atividades sem determinadas barreiras.
Rocha reitera que essas são algumas tendências e que o próximo passo é entender os reais motivos dos fechamentos. Para isso, há uma parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV), que também possibilitará outros entendimentos. “Obviamente, nós temos alguns sinais e elementos que nos permitem inferir algumas questões. Mas nós estamos agora com um contrato com a Universidade Federal de Viçosa, que vai nos permitir fazer todo um trabalho para exatamente identificar elementos do tipo: mortalidade e causas por setor, por segmento e por município. Tudo isso vai vir em uma etapa seguinte”, destaca.
A instituição, que também monitorou as MPEs abertas em 2015 e 2016, agora acompanha as criadas em 2018. A ideia é que a pesquisa seja permanente e que a partir do ano que vem, os resultados sejam ainda mais concretos. “O Sebrae está muito focado nisso, queremos entender mesmo, porque esse é um dado que nos preocupa. A gente não quer empresas morrendo, queremos empresas crescendo”, destaca. Segundo Rocha, o estudo vai orientar o próprio trabalho do Sebrae, podendo assim, por exemplo, criar soluções inovadoras para apoiar os segmentos impactados.

Mapeamento
O Sebrae Minas também apresentou um balanço dos pequenos negócios mineiros. Atualmente, são 3.080.530 distribuídos no Estado e divididos em 1.618.089 microempreendedores individuais (53%), 815.518 micro e pequenas empresas (23%) e 646.923 produtores rurais (21%).
Minas Gerais é o terceiro estado com mais MEIs, sendo 10.513 novos registrados em outubro. Na concentração por atividade, o segmento de cabeleireiro, manicure e pedicure, lidera o ranking. Na sequência aparecem vestuários e acessórios; obras de alvenaria; promoção de vendas; e lanchonete.
Entre as MPEs, o setor de serviços detém o maior percentual de empresas (41%), seguido por comércio (36%), indústria (10%), agropecuária (9%) e construção civil (5%). Ainda segundo o balanço, as MPEs respondem por quase a totalidade dos negócios formais (99%). Além disso, emprega mais da metade de toda a força de trabalho (57%) e exerce papel relevante na geração de renda (41%).
Foi aberto na sexta-feira (25), em Belo Horizonte, o maior evento de empreendedorismo do Estado. Realizada pela instituição, a Feira do Empreendedor acontece no Expominas até domingo (27) e deve reunir mais de 60 mil pessoas no local. Na programação estão mais de 450 atividades com oficinas e também palestras de grandes nomes como o escritor Mário Sérgio Cortella e o influenciador digital Hugo Gloss. O evento ainda terá atendimento personalizado e gratuito para pequenos negócios. As inscrições para quaisquer interessados podem ser feitas pelo fe.sebraemg.com.br.
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