Mosaic fecha acordo para extração de terras-raras

A Rainbow Rare Earths e a Mosaic Fertilizantes fecharam acordo para desenvolver um processo de extração de terras-raras da pilha de fosfogesso da Mosaic em Uberaba, no Triângulo Mineiro. A mineradora britânica aposta que o material da produtora de fertilizantes tenha um teor e composição de elementos de terras-raras próximos às do projeto da empresa na África do Sul devido às semelhanças das matérias-primas.
É que o depósito da Mosaic é composto de subprodutos da produção de ácido fosfórico. Entre eles está o carbonatito de rocha dura, mineral extraído para produzir uma pasta de fosfato que depois pode ser transformada em ácido fosfórico. E, embora o carbonatito de rocha dura não contenha elementos de terras-raras em quantidades suficientes para serem minerados apenas para esses elementos, os processos da planta servem para concentrar a quantidade de elementos de terras-raras contidos nele, resultando em concentrações mais altas do que as encontradas na rocha original.
As informações constam do comunicado enviado pela Rainbow à Bolsa de Londres. “Esse processo também submete o material a ácido sulfúrico e calor, o que leva à formação de material de fosfogesso quimicamente ‘quebrado’. A vantagem é que torna os elementos de terras-raras associados ao fosfogesso suscetíveis à lixiviação direta com ácido. Isso permite um processo hidrometalúrgico mais simples para produzir óxidos de terras-raras separados e purificados”, explica a empresa no documento.
Mosaic fabrica produtos intermediários para nutrição animal e fertilizantes em Uberaba
Procurada, a Mosaic disse, por meio de nota, que o acordo segue os preceitos de seu foco e compromisso ESG. E que a companhia tem investido em diferentes iniciativas para transformar produtos do processo de mineração em especialidades. Isso visa tornar a operação mais sustentável e gera mais valor ao negócio.
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“O Memorando de Entendimento assinado com a Rainbow Rare Earths é mais uma das iniciativas inovadoras que a empresa tem com a cadeia produtiva em busca de reforçar a economia circular”.
Conforme a empresa, em Uberaba são fabricados produtos intermediários para as indústrias de nutrição animal e fertilizantes e especialidades. Entre eles está o ácido fluossilícico, utilizado no tratamento de água, e o fosfogesso, aplicado na agricultura e na construção civil. A mineradora também mantém uma unidade misturadora, onde o produto é finalizado e ensacado para a comercialização final. É a maior operação da empresa na América Latina.
Além disso, em 2019, a empresa inaugurou o Centro de Soluções Compartilhadas (CSC) na cidade. A estrutura tem objetivo de centralizar os processos administrativos, trazendo agilidade e eficiência para o negócio.
Rainbow vai usar tecnologia desenvolvida para a África do Sul
A Rainbow, por sua vez, disse que espera conseguir o mesmo em Uberaba. A empresa diz que vai desenvolver o fluxograma de processo em conjunto com a Mosaic. E que vai incorporar a tecnologia já desenvolvida em Phalaborwa para extrair os elementos.
Para o diretor-executivo da Rainbow, George Bennett, o acordo com a Mosaic representa uma grande oportunidade de aplicar a tecnologia de extração desenvolvida em conjunto com a K-Tech para se tornar um produtor de múltiplos ativos de elementos de terras-raras de fontes secundárias.
“A diversificação de nosso portfólio reduz ainda mais os riscos da Rainbow como uma das únicas empresas de desenvolvimento de terras-raras com várias oportunidades de produção no curto prazo e se alinha com nosso objetivo de ser um precursor no estabelecimento de uma cadeia de fornecimento independente e ética dos elementos de terras-raras que estão impulsionando a transição para a energia verde”, disse no comunicado.
Já a vice-presidente sênior da Mosaic, Corrine Ricard, comentou no mesmo documento que inovação e sustentabilidade são de extrema importância para a produtora de fertilizantes. E que é por isso que a empresa está entusiasmada com a extração de óxidos de terras-raras do depósito de gesso da companhia.
“Avançamos consideravelmente ao longo dos anos na reutilização do gesso – e este trabalho é uma extensão natural disso. À medida que executamos nossa missão de ajudar o mundo a produzir os alimentos de que precisa, a oportunidade de aproveitar ainda mais o valor compartilhado dos coprodutos que produzimos beneficia a Mosaic e suas partes interessadas”, afirmou.
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