Movimento é tímido na reabertura em BH

Suspensos há três semanas por conta do aumento dos números relacionados à pandemia da Covid-19, os serviços considerados não essenciais voltaram novamente à ativa ontem. Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Marcelo de Souza e Silva, pôde-se ver “a alegria voltando para o comércio de forma geral”. No entanto, apesar das expectativas positivas, também existem muitos desafios pela frente.
Segundo Silva, a segunda-feira não teve um movimento intenso – o que ele acredita que irá se reverter com o tempo. No entanto, o presidente da CDL-BH também avalia que, em partes, isso se deve a uma mudança no próprio comportamento do consumidor, que tem feito compras mais acertadas e rápidas.
“As demandas estão sendo atendidas pontualmente. As pessoas já vão às lojas, em geral, sabendo o que querem comprar e estão sendo feitas negociações mais práticas. Os comerciantes e a população estão fazendo sua parte”, afirma ele.
Superintendente da Associação dos Lojistas de Shopping Centers de Minas Gerais (AloShopping), Alexandre França também destaca que o movimento foi fraco no primeiro dia pós-flexibilização.
No entanto, ele lembra que esse período em que as pessoas, em geral, ainda não receberam o salário do mês, já é marcado por um número menor de consumidores nos estabelecimentos comerciais. “Depois do quinto dia útil, do recebimento do salário, o movimento tende a aumentar”, salienta ele.
Isso deve ocorrer até porque, lembra França, há toda uma demanda reprimida por causa do tempo que o comércio ficou fechado no começo deste ano.
Entretanto, por mais que as perspectivas sejam boas para os próximos dias, ainda não se espera algo muito grande em relação às vendas. “Esperamos que melhore dentro do ‘anormal’”, diz o superintendente do AloShopping, destacando que é preciso “pegar o ritmo de novo”.
Vice-presidente do Sindicato de Lojistas de Belo Horizonte (Sindilojas BH), César Albuquerque também ressalta que, no momento, o setor está se readaptando, uma vez que permaneceu com as portas fechadas por três semanas. “Estamos vivendo um dia de cada vez. Há boas perspectivas pela frente, em função da vacina contra a Covid-19”, destaca ele.
Sem bebida alcoólica – Apesar de o retorno das atividades presenciais representar um respiro para o setor de bares e restaurantes, o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel MG), Matheus Daniel, afirma que dois terços do segmento ainda sofre com outra restrição: a de venda de bebida alcoólica apenas no horário permitido atualmente (de 11h às 15h).
“A medida de reabertura, da forma como foi colocada, só ajuda a um terço do setor”, diz ele. “Os bares dependem da venda de bebida alcoólica e, na hora do almoço, ninguém bebe. Essas bebidas representam 60% do faturamento para 70% do segmento. No entanto, se elas não foram vendidas, não se consegue vender os outros 40%. As pessoas, em geral, não vão aos bares se não tiver bebida alcoólica”, afirma ele, que defende que a maior propagação da Covid-19 não é culpa dos bares.
O presidente da Abrasel-MG frisa que o necessário, neste momento, é a verificação de quem está ou não tomando os cuidados relacionados às medidas contra a doença. “O que precisa é fiscalizar quem não cumpre. Não somos a favor do descumprimento. Quem as seguir, que trabalhe”, diz ele.
Apesar de os restaurantes não sofrerem tanto com essa situação de restrição da venda de bebida alcoólica em um horário específico, uma vez que o foco maior é a comida, eles também vêm enfrentando as suas dificuldades, de acordo com Matheus Daniel. O presidente da Abrasel-MG conta que antes mesmo do último fechamento das atividades, cerca de 50% já estavam operando no prejuízo.
“Muita gente está em home office e muita gente nunca mais vai voltar a trabalhar presencialmente, o que diminui a demanda. É menos público circulando na cidade para poder almoçar”, diz.
CDL/BH solicita a reativação de leitos
A Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) enviou, na última sexta-feira (29), ofícios à Prefeitura de Belo Horizonte e ao governo de Minas Gerais solicitando a reativação dos leitos de UTI e de enfermaria para pacientes com Covid-19.
Ao prefeito da Capital, a CDL/BH solicitou a reativação dos leitos que vinham sendo fechados desde setembro do ano passado. Para o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva, o pedido não é somente para que seja garantida a manutenção do comércio aberto, que voltou a reabrir ontem. “Ficou claro que a medida de fechamento do comércio não gerou o aumento do isolamento social como era pretendido. Não sabemos como será o cenário daqui para frente. Por isso é essencial que a rede de serviço público esteja preparada e com capacidade máxima disponível pelo tempo que se fizer necessário”, disse.
Belo Horizonte já chegou a ter na Rede SUS 424 leitos de UTI e 1.115 de enfermaria. No Boletim Epidemiológico da prefeitura divulgado na última sexta-feira, dia 29, a cidade conta atualmente na Rede SUS com 303 leitos de UTI (redução de 28%) e 859 de enfermaria (redução de 23%), de acordo com a entidade, em nota.
Souza e Silva esclareceu ainda que a sociedade não pode contar com margens estreitas, principalmente pela rede de saúde já ter mostrado, em momentos mais críticos, ser capaz de atender a um número muito maior de casos.
Ao governo de Minas, a CDL/BH solicitou a manutenção do potencial máximo de atendimento de casos de Covid-19 pelo tempo que se fizer necessário.
Transporte público – O aumento do efetivo do transporte público municipal foi outra solicitação enviada ao prefeito Alexandre Kalil. “Caso a situação se mantenha como temos observado, com a diferença entre oferta e demanda cada vez menor, não há estratégia de saúde pública capaz de sustentar o estancamento da disseminação do vírus”, disse Souza e Silva.
A CDL/BH informou aos governantes que tem mantido e reforçado ações de conscientização de prevenção à Covid-19 junto a lojistas, colaboradores e população em geral e mais uma vez se colocou à disposição da Prefeitura e do governo de Minas para ajudar e contribuir em campanhas de conscientização e prevenção ao coronavírus, concluiu a nota da entidade.
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