Movimento reivindica trem de passageiros na renovação antecipada da FCA

No âmbito da discussão em torno da renovação antecipada da concessão da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) para a companhia de logística VLI, o movimento Mobiliza Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) reivindica que o trem de passageiros seja retomado em Minas Gerais, em busca de benefícios como descentralização da Capital e descarbonização da economia.
O movimento tem como base o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado da RMBH (PDDI-RMBH). Criado em 2011, o documento apresenta o quadro das redes ferroviárias de passageiros existentes na RMBH que foram substituídas para o transporte de cargas. A proposta é utilizar as linhas existentes para o transporte de pessoas e adicionar novos ramais.
O PDDI-RMBH aponta ainda que os diversos ramais ferroviários que chegam atualmente à RMBH, conectam-se através do trecho leste-oeste que passa por Betim, Contagem, ambas na RMBH, e a região central de Belo Horizonte.
Segundo o documento, este trecho é o mais carregado de toda a malha e, do ponto de vista do espaço urbano, cria uma barreira, com “espaços mortos” e exige a criação de travessias em desnível (viadutos, trincheiras, passarelas).
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Um dos colaboradores do Mobiliza RMBH, o professor do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) campus Ouro Preto, Daniel Neri, explica que o movimento pelo trem de passageiros vem na esteira de vários outros movimentos sociais relacionados ao meio ambiente e à mobilidade urbana, principalmente de Contagem, na RMBH, atentos à discussão da nova concessão da FCA.
“A gente tem um setor produtivo com o discurso de sustentabilidade, que está preocupado com a mudança climática, emissão de gases de efeito estufa. Essa é uma excelente oportunidade para o setor contribuir efetivamente com uma questão que envolve milhões de pessoas, que pode ser beneficiada com uma malha ferroviária que pode transportar pessoas”, afirma Neri.
Ele aponta que, no médio prazo, um trem de passageiros que utiliza a malha ferroviária não somente da FCA, como também de outras concessões, pode favorecer a descentralização das residências em Belo Horizonte, já que mais pessoas podem decidir por morar mais distante do local de trabalho, geralmente na região central da cidade.
Além disso, ele ressalta que o transporte ferroviário pode facilmente mudar a matriz energética para a fontes renováveis por trens elétricos ou movidos a hidrogênio verde. “A gente pode ter uma série de alternativas que vão contribuir para a descarbonização da região metropolitana”, disse.
Daniel Neri aponta que o ideal seria que a malha ferroviária não fosse concentrada em um determinado grupo financeiro. O Mobiliza RMBH é contra a renovação antecipada da FCA, ou que ela aconteça em outros termos que garantam a utilização dos seus trilhos para o trem de passageiros.
Em nota, a VLI afirmou que a concessão da Ferrovia Centro-Atlântica é para transporte de cargas e qualquer operação de outra natureza requer análise e autorização dos órgãos reguladores, como a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
A empresa apontou que cabe à ANTT analisar os pleitos, como o trem de passageiros, dentro do processo de renovação antecipada da FCA, com base na legislação vigente e nas diretrizes de política pública do Ministério dos Transportes (MT).
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