Economia

MPEs ainda enfrentam dificuldades em MG

MPEs ainda enfrentam dificuldades em MG
Setores de comércio e serviços foram os mais atingidos pelas medidas restritivas na pandemia | Crédito: Luciana Montes

A retomada da economia ainda não chegou aos micro e pequenos empresários de Minas Gerais. Os resultados são da 11ª Edição da pesquisa “O impacto da pandemia do coronavírus nos pequenos negócios”, realizada pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas), em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV).

Para 62% dos empreendedores mineiros entrevistados, os rendimentos apurados com a atividade empresarial não foram suficientes para bancar as suas despesas familiares. A maioria deles (78%) também registrou queda no faturamento mensal em relação ao período pré-pandemia e, o mais preocupante, é que sete em cada dez têm seu negócio como principal fonte de renda.

Sobre as principais mudanças em relação às pesquisas anteriores, a analista da Unidade de Inteligência Empresarial do Sebrae Minas, Gabriela Martinez, destaca um alongamento da perspectiva de melhora da economia no setor. “Nas pesquisas anteriores o período era mais curto. Agora, os pequenos empresários mineiros consideram que pode levar até um ano e meio para a economia voltar ao normal. 54% afirmaram que ainda possuem muita dificuldade nos negócios e só 9% acham que o pior já passou. Eles ainda estão pessimistas”, informou.

Mas a pesquisa mostra também que, no quesito faturamento, houve uma pequena melhora com relação a maio de 2020, quando 85,5% das micros e pequenas empresas (MPEs) tiveram redução no faturamento e apenas 4,2% conseguiram aumentar as vendas no período. Um ano depois, 78% tiveram o faturamento diminuído e 7% conseguiram aumentar as vendas.  

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“Os setores de serviço e de comércio foram os mais duramente atingidos pela pandemia, que dependem do aquecimento da economia. Apesar de buscarem alternativas com as vendas on-line e o delivery, os pequenos negócios são muito sensíveis por não ter um caixa para suportar períodos tão longos de crise”, completou Martinez.

No entanto, ela pondera que na medida em que a vacinação for avançando a expectativa pode melhorar muito nos próximos seis meses. “Nossa esperança é que o segundo semestre traga resultados melhores, visto que estamos voltando à normalidade e o risco de uma nova onda vai se tornando mais distante, por conta da vacinação que vai caminhando”, salientou.

Vendas on-line

Em Minas Gerais, os MPEs continuam apostando nas vendas on-line para se adequar às mudanças de comportamento dos consumidores. Sete em cada 10 empreendedores já usam as redes sociais, aplicativos ou a internet para vender. O percentual é superior ao registrado no País (67%) e em estados como São Paulo e Rio de Janeiro (65%).

O percentual de pequenos negócios que realizam vendas on-line saltou de 59%, em maio do ano passado, para 70% em maio deste ano. Atualmente, as vendas pelas plataformas digitais representam entre 25% e 50% do faturamento para 28% dos empresários. Para 42% dos entrevistados, as vendas no comércio eletrônico somam até 25% do faturamento mensal dos negócios.

A pesquisa quantitativa entrevistou 7.820 microempreendedores individuais (MEI) e donos de pequenos negócios entre os dias 27 de maio e 1º de junho, em todos os Estados e no Distrito Federal, por meio de formulário on-line. Em Minas Gerais, foram entrevistados 627 empreendedores. O erro amostral é de mais ou menos 1% para os resultados nacionais. O intervalo de confiança é de 95%.

Inadimplência

No entanto, o número de MPEs mineiros com dívidas em atraso subiu quatro pontos percentuais entre fevereiro e maio, de 31% para 35%, quase o mesmo percentual registrado em maio do ano passado. Já o número de empresários que afirmam estar com as dívidas de empréstimos em dia aumentou em maio (33%) em relação a fevereiro deste ano (31%), e em relação ao mesmo período de 2020 (29,2%).

É bom lembrar que a demanda de crédito do segmento nos últimos 12 meses cresceu significativamente. Em maio do ano passado, 35,5% dos empresários buscaram empréstimos. Em maio deste ano, esse percentual saltou para 45%. O acesso ao crédito também aumentou nesse período, saltando de 21% para 53% o percentual dos que conseguiram crédito. Já o percentual de empresários que tiveram seus pedidos de empréstimo recusados ou ainda aguardam resposta da instituição financeira reduziu de 79% para 48% em 2021

Para o superintendente do Sebrae Minas, Afonso Rocha, esses indicadores confirmam que as medidas para facilitar o acesso dos pequenos negócios ao crédito têm surtido bons efeitos. “Mas é preciso ampliar o atendimento ao setor. E isso significa não só aumentar a oferta de crédito com condições diferenciadas, mas também garantir ao empreendedor o suporte gerencial necessário para que o empréstimo seja, de fato, uma solução para suas necessidades, e não um novo problema”, ressaltou. 

Setor de serviços está mais otimista

São Paulo – A confiança do setor de serviços do Brasil melhorou pelo terceiro mês seguido em junho e foi ao nível mais alto em quase um ano e meio uma vez que as expectativas para os próximos meses melhoraram, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) ontem.

O Índice de Confiança de Serviços (ICS) avançou 5,7 pontos e chegou a 93,8 pontos em junho, maior patamar desde fevereiro de 2020.

“A confiança do setor de serviços fecha o primeiro semestre em alta, atingindo o maior nível desde o início da pandemia. O resultado positivo desse mês foi influenciado pela percepção de melhora do volume de serviços e avanço das expectativas em relação aos próximos meses”, explicou em nota o economista da FGV/Ibre, Rodolpho Tobler.

O Índice de Situação Atual (ISA-S), indicador da percepção sobre o momento presente do setor de serviços, teve alta de 4,7 pontos em junho, a 88,7 pontos, maior nível desde fevereiro de 2020.

Por sua vez o Índice de Expectativas (IE-S), que reflete as perspectivas para os próximos meses, avançou 6,7 pontos, a 99,1 pontos, patamar mais elevado desde janeiro de 2020.

“A ampliação do programa de vacinação, redução das medidas restritivas e melhora na confiança dos consumidores ajudam a explicar o momento de recuperação do setor. A continuidade desses fatores positivos é fundamental para o andamento do cenário de retomada nos próximos meses”, completou Tobler.

No primeiro trimestre, o setor de serviços, mais afetado pelas medidas de contenção da Covid-19, teve alta de 0,4% sobre os três meses anteriores. A expectativa agora volta-se para uma aceleração da vacinação contra o coronavírus. (Reuters)

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