MPEs batem recorde na geração de empregos

EMELYN VASQUES
A retomada da economia começa a dar sinais mais contundentes em Minas Gerais, principalmente quando se observa os números relacionados aos postos de trabalho criados por micro e pequenas empresas do Estado. A geração de empregos foi recorde na primeira metade deste ano.
Esse fôlego para as pessoas que assumiram uma nova atividade profissional e para os empresários que estão vivenciando um cenário mais positivo na economia está no recente levantamento feito pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas), que é baseado nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia.
O estudo mostra que os pequenos negócios fecharam o primeiro semestre do ano com um recorde: foram 120.818 novas vagas de trabalho geradas no acumulado de janeiro a junho, um patamar que não havia sido registrado desde 2012, quando as micro e pequenas empresas abriram 114.947 postos.
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Com esse número, Minas Gerais ficou em segundo lugar em geração de empregos no ranking nacional, ficando atrás apenas de São Paulo, que registrou 250.749 postos, contabilizados a partir da diferença entre admitidos e desligados.
No comparativo com o mesmo período de 2020, período em que o País enfrentava as incertezas em meio à pandemia da Covid-19 e as primeiras restrições de circulação, o indicador chegou a fechar com um saldo negativo de 83.266, o que representou, à época, que mais pessoas foram demitidas do que contratadas.
Vale ressaltar, ainda, que o saldo de empregos no Estado, considerando empresas de todos os portes, foi de 185.578 vagas criadas, um dado que revela que 65 % das vagas geradas em Minas foram impulsionadas pelos pequenos negócios.
A confiança dos empresários
Segundo o gerente da unidade de inteligência empresarial do Sebrae Minas, Felipe Brandão, os números divulgados pelo Caged mostram que os empresários começam a ter mais confiança no momento atual e no futuro da economia. Esse fator é medido mensalmente por meio do Índice Sebrae de Confiança dos Pequenos Negócios (Iscon), sendo que, ao ultrapassar 100 pontos, a taxa aponta para uma tendência de expansão das atividades econômicas.
“Nós já tínhamos percebido que o Iscon subiu 7 pontos de maio para junho, saindo de 108 para 115. Quando o Iscon sobe, é possível projetar uma alta na taxa de contratação de pessoas e também na abertura de empresas. Para julho, a perspectiva é que os números confirmem essa tendência de melhora no cenário para os pequenos negócios”, explica o gerente.
Fatores para geração de empregos
Os pequenos negócios dependem, em sua maioria, da circulação das pessoas para manter a prestação de serviços e as vendas. Ainda segundo Felipe Brandão, esse é um dos fatores que tem contribuído para a geração de novos empregos, já que as restrições de circulação estão diminuindo e há também o aumento da população vacinada.
“Entre os setores que mais têm crescido está o de serviços. Como destaque, temos a alimentação, com bares, lanchonetes e restaurantes, além dos serviços de beleza e estética, com um grande crescimento dos salões de beleza. Essas são atividades que sofreram muito com as restrições de circulação e agora começam a retornar. A gente também percebe que os serviços de engenharia, guiado pela construção civil, e as atividades de telemarketing e escritório também estão crescendo”, aponta Brandão.
De acordo com o levantamento do Sebrae Minas, das novas vagas geradas pelos pequenos negócios no 1º semestre, 43.554 correspondem ao setor de serviços, seguido pelo comércio (27.228), indústria (25.630), construção civil (18.818) e agropecuária (5.568).
Contratar para atender com qualidade
Em meio a um período em que fidelizar os clientes se torna ainda mais necessário, Michelle Regina Ferreira, sócia na clínica de estética Belle Vie, localizada em Belo Horizonte, percebeu a importância da contratação para adequar as demandas de atendimento do espaço.
“Antes da pandemia, nós já pensávamos em contratar uma recepcionista. Em abril deste ano, percebemos que era realmente necessário ter conosco uma pessoa dedicada para receber os clientes e fazer a gestão da agenda da clínica para que os biomédicos ficassem totalmente dedicados aos procedimentos”, conta Michelle.
Além da recepcionista, a clínica agora estuda contratar um profissional para a área comercial, de pós-vendas.
Pontos de atenção para a economia
Apesar do dinamismo dos pequenos negócios em absorver as demandas da sociedade em meio ao retorno às atividades não essenciais, o especialista Felipe Brandão alerta que é preciso ter cautela nas previsões, já que a normalidade da economia depende da geração de emprego também em empresas de grande porte, atividades fundamentais para que aumentar o rendimento das famílias.
Além disso, segundo ele, os setores de eventos e turismo, por exemplo, precisam de tempo para recuperar as perdas registradas. “Ainda é cedo para falar sobre os reflexos da geração de emprego na economia, já que o salário de admissão tem sido um pouco mais baixo. As vagas estão surgindo, mas com salários menores. Por isso, o ideal é esperar para ver como serão os próximos meses.
Números da geração de emprego no Brasil
Os números de Minas Gerais refletem o ritmo de geração de emprego em todo o Brasil. Na última quinta-feira (29), o governo federal divulgou um balanço sobre a geração de vagas formais de emprego no primeiro semestre do ano.
Conforme dados do Caged, o período fechou com um saldo positivo, quando registrou-se a abertura de 1,5 milhão de postos de trabalho no País.
O indicador é obtido a partir da apuração do número de contratações e demissões do período. Como mostram os dados do Ministério da Economia e da Secretaria de Trabalho, de janeiro a junho deste ano foram 9.588.085 novas contratações, contra 8.051.368 demissões.
Ainda de acordo com dados do Caged, somente em junho deste ano foram criadas mais de 309 mil novas vagas. O destaque, mais uma vez, ficou com o setor de serviços, responsável por empregar mais de 125 mil pessoas, seguido pelo comércio, com 72.811 postos, além da indústria (50.145 postos), a agricultura (38.005) e a construção civil (22.460).
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