Economia

Superávit de empregos das MPEs cai em Minas Gerais

Na comparação com outubro, quando o saldo de postos de trabalho foi de 12.228 vagas, houve retração de 18,3%
Superávit de empregos das MPEs cai em Minas Gerais
Setor de vestuário liderou a geração de vagas de empregos no Estado | Crédito: Alisson J. Silva

As micro e pequenas empresas (MPEs) de Minas Gerais apresentaram novamente saldo positivo na geração de postos de trabalho. Puxado pelo desempenho significativo do comércio, os pequenos negócios criaram, em novembro, 9.985 vagas no Estado. O resultado é consequência de 113.333 admissões e 103.348 demissões realizadas no período. 

A performance mineira foi a terceira melhor do Brasil. Em segundo aparece o Rio de Janeiro, com saldo de 18.893 postos de trabalho. Já São Paulo ficou em primeiro, com 30.079 vagas. Em todo o País, os pequenos negócios geraram 126.859 empregos no 11º mês de 2022. 

A atuação das MPEs foi fundamental para a atividade econômica do Estado, sendo responsável por 100% dos postos de trabalho criados em novembro. Isso porque, no sentido oposto, as médias e grandes empresas (MGEs) apresentaram saldo negativo de 3.122 vagas. 

As informações são de um levantamento realizado pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Minas Gerais (Sebrae Minas), com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia.

Conforme os dados, apesar de apresentar saldo positivo, o superávit de empregos gerados pelos pequenos negócios mineiros caiu em relação a períodos anteriores. Na comparação com outubro, quando o saldo foi de 12.228 vagas, houve queda de 18,3%. Já no comparativo com novembro de 2021, a retração foi de 52,6%, sendo que na época, foram criados 21.081 postos de trabalho. 

O assistente da Unidade de Inteligência Empresarial do Sebrae Minas, André Costa, explica que a retração mensal está relacionada tanto à desaceleração da indústria quanto da construção civil – este último, devido ao momento de encerramento de obras –. Já o recuo anual, segundo ele, pode estar associado à diminuição da confiança dos empresários.

“Percebemos que havia uma expectativa de crescimento econômico maior no final de 2021 do que temos hoje. Na época, a gente acabava de passar por uma onda de Covid-19 e as vacinas tinham acabado de proporcionar um alívio na pandemia, então os micro pequenos empresários acabaram ficando mais confiantes naquele período. Agora com o cenário já estável em 2022 e com a economia dando sinais tímidos de melhora, há um receio maior dos donos de pequenos negócios de investir mais na contratação de mão de obra”, analisa.

No acumulado de janeiro até novembro de 2022, os pequenos negócios mineiros acumularam saldo positivo de 180.376 vagas. Entretanto, também há uma queda no superávit de 24,5% em relação ao acumulado de 2021. Na época, foram 239.095 postos de trabalho criados pelas MPEs no Estado. Costa explica que 2022 foi um ano de incertezas para os empresários.

“[…] querendo ou não, tivemos eventos que favoreceram a geração de emprego como a Copa do Mundo, mas passamos por momentos de incerteza justamente porque no início de 2022, a economia não dava muitos sinais de melhora. Percebemos que só a vacinação não era o suficiente para o cenário econômico se reanimar e os micro pequenos empresários poderem ficar mais confiantes. Então essas incertezas econômicas e políticas acabaram fazendo com que esse ano fosse um pouco menor na geração de emprego nas MPEs com relação ao ano passado”, afirma.

“Mas vale ressaltar que ainda sim tivemos um número muito expressivo. As pequenas empresas foram protagonistas durante todo o ano, enquanto isso, as médias e grandes empresas em um mês registravam saldo pouco positivo, outro mês, negativo”, ressalta.

Saldo por setores e por municípios

O levantamento indica o saldo de empregos gerados pelas MPEs por setores da economia. Dos seis grupos analisados, três registraram saldo positivo e três negativo. Comércio (6.751 vagas); serviços (5.031) e indústria de transformação (534) impulsionaram o resultado para cima. Já as categorias de extrativa mineral (-152); agropecuária (-570) e construção civil (1.609) puxaram para baixo. 

As atividades de comércio varejista de artigos de vestuários e acessórios (1.562 vagas), restaurantes e similares (697) e comércio varejista de mercadorias em geral (689) foram as que mais empregaram nas micro e pequenas empresas em novembro.

Os números do Sebrae Minas apontam também o saldo por municípios. A Capital Belo Horizonte registrou a maior geração de empregos nas MPEs em novembro, com a criação de 3.717 postos de trabalho. Em seguida, aparece Uberlândia (843) e Contagem (741). Do lado oposto, os pequenos negócios da Serra dos Aimorés (-334) de Brumadinho (-316) foram os que apresentaram os menores desempenhos.

Demissões em outubro têm queda em MG

Em outubro, 60.509 colaboradores mineiros solicitaram o desligamento de seus empregos. O número, apesar de indicar uma queda de 3,6% em relação a setembro, quando foram apuradas 62.774 solicitações, permanece em um patamar elevado. Entre os motivos está a possível necessidade de mudança por parte dos colaboradores que durante a pandemia optaram, por exemplo, por áreas distintas às de suas qualificações.

Na comparação com outubro de 2021, os pedidos de demissão em Minas Gerais apresentaram uma alta de 17,1%. Na época, 51.664 funcionários decidiram deixar o trabalho. Já na comparação com 2020 , quando 38.846 colaboradores se desligaram, o aumento é ainda mais expressivo (55,8%).

O resultado mensal representa 33% do total de desligamentos – voluntários e não voluntários – no período (183.431). Equivale ainda a 10,8% do total de pedidos de demissão feitos ao longo de outubro em todo o Brasil (557.963). Já no acumulado dos últimos 12 meses, o Estado chegou a 698.869 solicitações de baixas na carteira, o maior volume desde dezembro de 2004, quando se iniciou a contagem dos dados.

Uma grande quantidade de pedidos voluntários vem sendo observada desde o início de 2022. Entre os dez primeiros colocados da série histórica, oito são do ano passado. Em agosto, houve recorde mensal tanto em Minas quanto no País. No Estado, foram 67.165 pedidos, já nacionalmente, 632.798. O levantamento é da LCA Consultores com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados (Caged).

Segundo o economista responsável pela pesquisa, Bruno Imaizumi, os dados indicam uma normalização do mercado de trabalho. “A gente está vendo nesses últimos meses, principalmente em 2022, essa normalização, ou seja, pessoas voltando a se desligar de empregos não condizentes com suas habilidades. Isso porque no começo da pandemia, muitas delas aceitaram empregos de menor remuneração”, diz

Presencial e híbrido

Segundo ele, no mês do recorde houve um forte retorno das empresas para o modelo de trabalho presencial e também para o híbrido em função de um arrefecimento da pandemia. Ainda para explicar as variações, Imaizumi lembra os períodos sazonais, que costumam movimentar o mercado de contratações e demissões.

Para o economista, a média mineira de um pedido de desligamento a cada dez realizado no Brasil faz sentido, visto que o Estado, bem como São Paulo (líder no quesito), Rio de Janeiro e outros, são mais desenvolvidos em relação ao restante do País. Ele reitera que o número está ligado à movimentação das empresas de retorno ao presencial, sendo que diversas pessoas estão repensando se querem ou não permanecer no emprego. A explicação está no fator qualidade de vida, que pode pesar para aqueles que não se acostumaram ou não se sentem produtivos.

Imaizumi salienta ainda que o percentual de 33% de demissões voluntárias em relação ao total de desligamentos não apresentou grandes mudanças e está dentro do previsto nos últimos meses.

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