MPEs geram dois terços dos empregos em Minas Gerais no 1º semestre

O saldo de empregos gerado pelas micro e pequenas empresas (MPEs) em Minas Gerais nos seis primeiros meses de 2024 chegou a 106 mil novas vagas. Isso representa 66,7% do saldo total do Estado no período, conforme dados do Sebrae Minas, com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O número resulta da diferença entre 885,4 mil admissões e 779,2 mil desligamentos registrados no ano.
O resultado representa uma queda de 4,02% em comparação com o mesmo período do ano passado. O restante da criação de novos postos de trabalho do Estado, 33,3%, ficou a cargo das empresas de médio e grande portes, que registraram saldo de 53,1 mil novas vagas.
O economista e professor da Uniarnaldo Centro Educacional, Alexandre Miserani, explica que as médias e pequenas empresas no Estado e no País sentem os efeitos da desestabilização econômica nos Estados Unidos (leia a análise completa ao final do texto).
As MPEs do setor de serviços foram as que apresentaram o melhor saldo, com 46,1 mil novas vagas, seguidas pelas micro e pequenas empresas da agropecuária, que geraram 24,6 mil novos postos de trabalho.
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Porém, o desempenho das MPEs do setor de serviços é 7,4% menor na comparação com o mesmo período do ano anterior. Todos os outros setores registraram saldo positivo na geração de empregos das micro e pequenas empresas: construção civil (16 mil); indústria de transformação (12,7 mil); comércio (5,8 mil) e indústria extrativa mineral (787).
Com o resultado, Minas Gerais foi o segundo Estado do País com o maior saldo de empregos gerado pelas micro e pequenas empresas nos primeiros seis meses do ano.
Belo Horizonte lidera geração de empregos em Minas Gerais
Ainda segundo levantamento do Sebrae Minas, as regiões Central e do Vale do Jequitinhonha e Mucuri apresentaram o melhor e o pior resultado na geração de trabalho pelas MPEs, nos primeiros seis meses de 2024, respectivamente. Entre municípios, Belo Horizonte obteve melhor resultado, com saldo de 15,4 mil novas vagas, enquanto Barão de Cocais, na região Central, foi a cidade com pior resultado, com saldo negativo de 232 postos de trabalho.
Instabilidade mundial reflete na geração de empregos das MPEs em Minas Gerais
Alexandre Miserani afirma que a queda no saldo de empregos das MPEs, na comparação ano a ano, é um reflexo da instabilidade econômica internacional, sobretudo nos Estados Unidos. As dificuldades da maior potência global, às vistas de uma recessão econômica, com aumento do desemprego, desindustrialização e menos investimentos, afetam as médias e pequenas empresas do Brasil.
Os efeitos foram sentidos na recente desvalorização do real frente ao dólar e devem persistir com o andamento das eleições americanas, que poderão gerar mais instabilidade na maior economia do mundo. “As MPEs são as primeiras a serem afetadas nesse sentido, porque são empresas que têm uma saúde financeira mais fragilizada”, disse.
Ele aponta que os últimos dados da inflação, no limite do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), já é um sinal dos efeitos da turbulência na economia dos Estados Unidos, e que vão desafiar o desempenho das MPEs nos próximos meses. “O próprio índice de empregabilidade mostra uma tendência a ter menor produção, menor oferta de produtos, por sua vez, menor emprego e renda. Então, a gente pode esperar uma geração de empregos pelas MPEs menor do que do ano passado”, explica.
Miserani pontua que a economia brasileira pode dar uma resposta positiva se o Congresso Nacional avançar na regulamentação da reforma tributária. Além disso, a busca do governo federal por uma prospecção maior do País no cenário externo, pode compensar uma retração da economia interna, com um incremento das vendas internacionais.
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