Economia

MPEs mineiras geram saldo de 14 mil novos empregos

Segmento registrou 51% de participação em saldo de vagas em MG
MPEs mineiras geram saldo de 14 mil novos empregos
Crédito: Pedro Ventura/ABr

As micro e pequenas empresas representam 99% dos CNPJs no Brasil – daí sua importância fundamental para a economia nacional. Elas respondem por 60% da massa salarial paga no País e, historicamente, por pouco mais da metade dos empregos. Em março de 2022, não foi diferente: os pequenos negócios mineiros geraram um saldo de 14.084 novos postos de trabalho, 51% do total. O levantamento foi feito pelo Sebrae Minas, com base em dados do novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged).

O resultado é a diferença entre 123.290 admissões e 109.206 desligamentos registrados no período, entretanto, foi quase 40% menor do que o saldo de fevereiro. Em relação ao mesmo período do ano passado (março de 2021), também houve uma queda no número de novos empregos,  de 7,5%. 

O setor que mais contratou entre as MPEs mineiras, em março deste ano, foi o de Serviços (8.634), enquanto o pior saldo se deu no setor de comércio (-162). As atividades, pela Cnae, que mais geraram empregos foram Construção de Edifícios (808), Restaurantes e similares (724) e Serviço de preparação de terreno, cultivo e colheita (693).

“O setor de serviços, que, historicamente, é um grande empregador, foi um dos que mais sofreram com a pandemia. Isso desde o primeiro choque, mais adverso, seguido por uma recuperação forte, mas que ainda enfrentou o recrudescimento no ano passado com a variante Delta e este ano com a Ômicron”, relata a analista de Inteligência do Sebrae Minas, Bárbara Castro. 

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“Com a melhora do quadro, há uma retomada que está dando fôlego ao setor de serviços e isso se reflete na geração de empregos. Já o comércio tem pelo menos dois fatores que podem explicar o recuo: as vagas temporárias de final de ano que foram se fechando e o próprio fato de que as vendas no varejo não estão crescendo muito. O Natal não foi tão forte quanto se esperava e a inflação alta faz com que as pessoas comprem menos, afinal está tudo muito caro”, acrescenta.

Quanto ao recuo geral no saldo de empregos entre fevereiro e março, a analista acredita que é necessário acompanhar os indicadores macroeconômicos para confirmar se esta é uma tendência para os próximos meses. “O índice de confiança do consumidor caiu, mostrando que ele está cauteloso para comprar, o que pode impactar ainda mais o varejo e o setor de serviços. Também podem afetar o mercado de trabalho as incertezas da economia, que não mostra perspectivas pujantes, e um cenário político conturbado”, indica a analista. 

Melhor desempenho

A construção civil não foi tão impactada durante a pandemia, já que foi considerada atividade essencial. Trabalhou também a favor dela o fato de que muitos profissionais tiveram que adaptar a residência para trabalhar em home office. Para o presidente do Sinduscon-MG, Renato Michel, o melhor desempenho do mercado imobiliário nos últimos dois anos ajuda a explicar o destaque dos novos empregos na construção de edifícios.

“É preciso ressaltar a influência positiva da taxa de juros em baixo patamar, que vigorou até meados de agosto do ano passado. Além disso, com a pandemia, as famílias ressignificaram o valor da casa própria, o que também contribuiu para o incremento das vendas e novos lançamentos na cidade. O reflexo imediato foi o aquecimento do mercado de trabalho. Os números demonstram a importância da construção civil para Belo Horizonte. Essa relevância não acontece somente sob o ponto de vista econômico, mas também pelo aspecto social, especialmente”, disse Michel.

Ao contrário da construção civil, o setor de bares e restaurantes foi terrivelmente afetado, com os estabelecimentos fechados em boa parte desse período. Segundo a Abrasel-MG, antes da pandemia, o setor contava com 133 mil estabelecimentos e cerca de 800 mil postos de trabalho em Minas Gerais. Por conta da crise sanitária, a entidade calcula que, até outubro de 2020, 30 mil empresas decretaram falência e 250 mil trabalhadores perderam o emprego.

Em 2021, o setor recuperou 30% da mão de obra que havia sido demitida, ou seja, 83,3 mil trabalhadores foram contratados no ano passado e a estimativa da Abrasel-MG é de que, até o final de 2022, outros 83 mil novos empregos sejam gerados no Estado. Mas, segundo o presidente da entidade, Matheus Daniel, alguns entraves terão que ser enfrentados para retomar o nível de empregos pré-pandemia.

“As dívidas contraídas neste período, como o Pronampe, cujos juros estão nas alturas, devido ao aumento da taxa Selic, comprometem a lucratividade do segmento e, consequentemente, não permitem contratação de mão de obra com mais robustez”, aponta.

Minas Gerais ocupou a segunda posição entre as unidades da Federação no saldo de empregos gerados nos pequenos negócios em março. A região de melhor resultado foi a Centro (4.798) e a pior performance neste quesito foi a do Jequitinhonha e Mucuri (235). Belo Horizonte foi o município mineiro onde as MPEs mais contrataram (2.124) e Cristais, no oeste do Estado, teve o pior resultado, com um saldo de -90.

O perfil mais comum das admissões geradas pelas micro e pequenas empresas mineiras em março deste ano são homens, pessoas na faixa etária de 18 a 24 anos e pessoas com ensino médio completo. Quanto aos desligamentos, foram em sua maioria de mulheres, pessoas de 18 a 24 anos, com ensino médio completo e declaradas brancas. As ocupações mais procuradas foram de servente de obras (1.327), assistente administrativo (983) e faxineiro (785).

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