MRV investe US$ 235 mi em companhia americana

A MRV Engenharia iniciou o seu processo de internacionalização ao adquirir 51% da norte-americana AHS Residential, companhia de incorporação, construção e administração de aluguel de residências, que continuará sob o mesmo nome.

Com um investimento de US$ 235 milhões, a marca brasileira, que é líder no País no segmento de imóveis econômicos, agora atuará no mercado norte-americano de construções voltadas para consumidores com renda entre US$ 37 mil e US$ 87 mil anuais.

O pagamento da compra deverá ser feito em três momentos. O primeiro aporte de US$ 46 milhões já será realizado agora. Outro de US$ 70 milhões em 2021 e o de US$ 120 milhões em 2022. O retorno de investimento projetado é de 20% anuais.

Atualmente, as operações da AHS estão centralizadas no sul da Flórida. A ideia é expandir a atuação para três novas cidades: Dallas e Houston, no Texas, e Atlanta, na Geórgia, em um período de até três anos. Posteriormente, outras cidades dos Estados Unidos também serão avaliadas para receber o novo negócio.

Nesse primeiro momento, segundo Ricardo Paixão, diretor executivo financeiro de relação com investidores da MRV, a expansão deve parar por aí, sem chegar a mais países.

“No entanto, não descartamos outros movimentos mais para frente”, diz ele. O profissional destaca ainda que, com a aquisição, a MRV já atuará nos dois maiores mercados imobiliários do ocidente.

Crescimento – Paixão ressalta que a AHS vai ser um novo veículo de crescimento para a MRV. Para se ter uma ideia, hoje, a AHS realiza a gestão de duas mil unidades, e o objetivo é alcançar as 5 mil unidades construídas por ano até 2028. No Brasil, a MRV também segue com os seus planos de aumentar a construção de 40 mil imóveis para 60 mil anuais nos próximos anos.

A empresa espera que, até 2028, o lucro da participação da MRV na AHS seja o equivalente ao da empresa no Brasil atualmente. Ao longo dos próximos três anos, a MRV deverá fazer investimentos de pouco mais de R$ 1 bilhão, o que representa aproximadamente 50% do que a organização deverá investir em terrenos brasileiros no mesmo espaço de tempo.

Todos esses investimentos têm muita razão de ser. Segundo Paixão, o segmento específico atendido pela AHS representa 35% do mercado norte-americano. A demanda, por lá, também é maior do que a oferta, alcançando um déficit de 370 mil unidades anuais, ressalta o profissional.

Tecnologia e tendências – Aproximadamente 20 executivos da MRV vão ser incorporados à equipe da AHS na Flórida. Além de contribuir com os profissionais e exportar tecnologia de construção, Paixão ressalta que a empresa também passará a ter acesso a tendências que poderão ser trazidas para o Brasil, inclusive por meio da Luggo, marca do grupo lançada no primeiro semestre deste ano que aposta no gerenciamento de aluguel de imóveis.

“A Luggo é o novo braço da empresa, está começando agora e terá um grande ganho”, afirma ele. “Essa aquisição vai acelerar o aprendizado da Luggo nesse mercado de aluguel de propriedades”, diz ele.

A ideia é que, com o tempo, sejam ofertados serviços que são comuns no exterior, mas que ainda não o são no Brasil, como lavanderias compartilhadas, por exemplo, e a tendência de “querer usar mais do que possuir bens”, frisa Paixão. Com isso, também deverão ser oferecidos o que o profissional chama de “aluguéis mais descomplicados”, fortalecendo ainda mais esse mercado.

A AHS foi fundada por Rubens Menin, principal acionista da MRV e presidente do Conselho de Administração da companhia mineira.