MRV&CO fecha último ano com queda de 14% nas vendas

Diferentemente dos anos anteriores, 2022 não foi um ano marcado por recordes para o grupo mineiro MRV&CO – que engloba as empresas MRV, Urba, Luggo, AHS e Sensia. A prévia operacional da companhia revelou queda de 14% nas unidades vendidas no ano que passou em relação a 2021 e de 2,8% quando considerado o Valor Geral de Vendas (VGV) dessas comercializações. Os lançamentos também caíram 19,2% e 3,1%, respectivamente, no mesmo tipo de comparação.
No balanço, a companhia destaca, porém, aumento de 24,2% no tíquete médio do grupo frente ao apurado um ano antes, alcançando a marca de R$ 261 mil no último trimestre de 2022. Ainda assim, a queima de caixa da companhia somou R$ 2,233 bilhões no exercício, refletindo o fato de a construtora ainda não ter conseguido repassar integralmente a forte alta nos custos de insumos acumulada nos últimos dois anos. Apenas no quarto trimestre, a queima foi de R$ 539,5 milhões
Conforme a empresa, a queima se deve ao atual nível de margem bruta e deverá ser revertida gradualmente ao longo do ano de 2023, à medida que a margem bruta se recuperar.
Especificamente na operação de incorporação da MRV&CO, cuja geração de caixa encerrou o ano negativa em R$ 847,3 milhões, a empresa justificou que apenas no quarto trimestre, a provisão de juros, aliado aos gastos com dívida e a marcação a mercado do swap de dívidas para CDI, representou um consumo de R$ 229 milhões. Além desses impactos, despesas sazonais com G&A representaram um consumo de caixa adicional de R$ 28 milhões no mesmo período.
“Tivemos forte recuperação e aumento do tíquete médio no ano, o que traz grande segurança de que haverá recuperação da margem bruta, conforme prevíamos. Já está em patamar bastante saudável, mas temos mais a fazer. Porém, o movimento de recuperação da margem traz reflexos como queda nas vendas e segurar lançamentos apenas para recomposição de estoque e reabastecimento de determinadas praças faz parte da estratégia”, explica o gestor executivo de relações com investidores da MRV&CO, Augusto Pinto de Moura Andrade.
Prova disso é que a queda de 14% nas unidades vendidas no decorrer do ano veio da comparação de 33.326 imóveis comercializados em 2022 contra 38.758 em 2021. Já o VGV passou de R$ 8,101 bilhões para 7,877 bilhões de um exercício para outro. Já os lançamentos somaram 36.086 unidades no ano passado sobre 44.651 no ano anterior, enquanto os VGVs foram, respectivamente, de R$ 9,146 bilhões e R$ 9,442 bilhões.
Porém, o executivo destaca as recuperações observadas no último trimestre do ano como por exemplo, o valor de vendas dos lançamentos 7,3% acima do reportado no quarto trimestre de 2021 e um salto de 92,8% ante o trimestre anterior, somando R$ 3,48 bilhões. Nas vendas, o VGV de R$ 2 bilhões do quarto trimestre em 40,8% e o do trimestre anterior, mas ainda ficou abaixo da cifra apurada em 2021.
Além disso, Andrade fala das melhores condições apresentadas pelo programa habitacional Casa Verde e Amarela, que voltará a se chamar Minha Casa, Minha Vida. Segundo ele, as mudanças realizadas pelo governo Bolsonaro foram relevantes e positivas, elevando a capacidade de compra dos clientes. A partir do cenário, a companhia está mais confiante na absorção de seus produtos.
“O novo governo não vai fazer nada para prejudicar o programa. Podemos esperar no mínimo que essas regras sejam mantidas, já que há a intenção declarada de que vão incentivar o setor habitacional. Ainda não temos uma visão clara de como vai ser, mas estamos acompanhando de perto e mesmo que seja um foco maior como tem sido dito na faixa 1, também vai haver um incentivo para a faixa 2, que é onde atuamos. A expectativa é ótima”, diz.
Outras operações da MRV
Em relação aos demais braços operacionais, a companhia ressalta no balanço a venda de mais um empreendimento da Resia. Trata-se do Oak Enclave, localizado na Florida, nos Estados Unidos, totalizando 420 unidades e um VGV de US$ 113 milhões. E também o lançamento do empreendimento Pine Ridge, nos Estados Unidos, com início das negociações de venda previstas para o segundo trimestre com um total de 288 unidades e um VGV de US$ 86,2 milhões.
Por fim, o lançamento de dois novos empreendimentos Luggo dentro do acordo de investimento com a Brookfield, com um total de 517 Unidades e VGV de R$ 198 milhões.
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