Mulheres enfrentam obstáculos no desenvolvimento profissional
Ainda que, comprovadamente, mais mulheres estejam ocupando posições de liderança sênior no mercado financeiro, a verdade é que muitas profissionais ainda lutam para progredir durante os anos intermediários de suas carreiras. É isso o que aponta o relatório “Seeing is believing: Clearing the barriers to women’s progress in financial services”, divulgado pela PwC nesta semana. O documento é resultado de entrevistas realizadas, em 2018, com 290 mulheres de idades entre 28 e 40 anos.
De acordo com o levantamento, embora sejam proativas e confiantes em seu trabalho (mais de 80% das entrevistadas afirmaram acreditar em sua capacidade de liderar e de atingir suas aspirações; e 60% disseram ter negociado uma promoção nos últimos dois anos), mais da metade (54%) das entrevistadas acreditam que fatores como gênero, etnia e idade podem representar barreiras a sua progressão profissional. Os obstáculos ao desenvolvimento feminino se apresentam, muitas vezes, de forma hostil: 36% das profissionais admitiram ter enfrentado situações de assédio sexual, enquanto 28% relataram episódios de agressão. Confrontos em reuniões foram ainda mais recorrentes: acometeram seis em cada dez mulheres.
Além da violência explícita, foram identificados aspectos velados no preterimento de mulheres no mercado profissional. Segundo a PwC, a maternidade, por exemplo, ainda é um fator limitante para o desenvolvimento das mulheres. Mais da metade das profissionais entrevistadas (53%) se preocupam com o impacto que ter filhos pode ter em sua carreira. O receio se justifica com dados: quase 60% das novas mães sentiram que foram negligenciadas em sua carreira depois de retornar ao trabalho.
A necessidade de cuidar dos filhos pós-retorno ao trabalho ou, até mesmo, de amparar parentes idosos, aumenta a demanda das mulheres por horários flexíveis. Oito em cada dez profissionais apontaram a flexibilidade como um fator essencial para o equilíbrio entre carreira e a vida pessoal. A maioria das entrevistadas, no entanto, relatou que, na prática, essa alternativa não está disponível e que, ainda que estivesse, temeriam ser consideradas menos comprometidas com o trabalho ao aceitá-la.
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Diante dos problemas levantadas na pesquisa, mulheres atuantes no mercado financeiro elegeram a criação de processos de promoção justos e transparentes como aspecto mais importante a ser melhorado com relação a seus gerentes. Outra iniciativa apontada foi a concepção de redes formais e informais de apoio às mulheres e às suas necessidades.
Apesar dos desafios apontados, percebe-se, com otimismo, algumas transformações no setor financeiro. Segundo a pesquisa, quase dois terços das entrevistadas disseram que seus gerentes entendem e apoiam suas aspirações de carreira, o que inclui desde a ampliação da rede de contatos até a abertura de novas oportunidades de promoção. Esse movimento é bastante animador, principalmente ao se considerar a nítida relação entre o apoio dos gerentes e a confiança das mulheres em sua capacidade de liderar e ascender profissionalmente.
O documento publicado pela PwC é amostra de uma pesquisa ainda mais ampla, desenvolvida com base em entrevistas com 3.627 mulheres de 28 a 40 anos atuantes no mercado financeiro. O levantamento, realizado com profissionais do mundo todo, investiga justamente a faixa etária em que se identifica o maior contraste entre homens e mulheres. Dados apontam que, no Reino Unido, por exemplo, até os 39 anos, homens e mulheres têm um hiato salarial de apenas 2%, enquanto, entre os 40 e 49 anos, a disparidade aumenta para cerca de 13% entre empregados em tempo integral.
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