Mundial e Black Friday devem injetar milhões no comércio

Faltando um mês para a Copa do Mundo, que neste ano será realizada no Catar (Oriente Médio), os setores de comércio, serviços, bares e restaurantes da capital mineira já estão no “aquecimento” para as vendas que envolvem a principal competição de futebol do mundo. De acordo com entidades representativas desses segmentos em Belo Horizonte, o Mundial da Fifa deve movimentar a economia mineira, o que tem gerado esse otimismo por parte dos empresários.
Segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG), por exemplo, 43% das empresas do varejo mineiro acreditam que serão impactadas pelo Mundial. Os dados são da pesquisa “Opinião do Comércio Varejista – Copa do Mundo 2022”, realizada pelo Núcleo de Estudos Econômicos da Federação.
Para o economista-chefe da Fecomércio MG, Guilherme Almeida, apesar do impacto positivo que a Copa do Mundo irá trazer para todos os setores, existem aqueles que serão mais beneficiados devido a características de comportamento por parte do consumidor.
“Alguns exemplos são móveis e eletrodomésticos, principalmente por conta da demanda mais alta por televisores maiores e mais modernos; em segundo lugar temos artigos de uso pessoal e eletroeletrônicos, seguido por vestuário e calçados, com uma demanda maior, inclusive, por camisas de seleções que estarão disputando o Mundial; e, em último lugar, o segmento de supermercados e hipermercados, que, por comercializarem bens alimentícios e bebidas, se tornam atrativos nos dias de jogos para quem queira se reunir entre família e amigos”, explica Almeida.
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Além da expectativa para a Copa, os comerciantes mineiros também esperam uma movimentação maior por parte dos consumidores durante o período dos jogos. Isso se deve às proximidades com datas importantes para o calendário varejista, como a Black Friday e o Natal.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Marcelo de Souza e Silva, destaca que, para os lojistas da capital mineira, a Copa do Mundo é uma boa oportunidade de vendas, principalmente por abraçar essas datas comemorativas.
“Este é um dos eventos mais queridos do mundo e envolve toda a sociedade. Como a Copa será entre Black Friday e Natal, o investimento dos consumidores estará concentrado nessas datas, mas isso não impede o lojista de promover ações em torno da competição. A população tem retomado seu poder de compra com o recuo da inflação, mas ainda segue cautelosa em relação aos gastos. Por isso, é muito importante que o comerciante seja criativo e saiba aproveitar as oportunidades”, pontua Silva.
Comemoração na hora de assistir aos jogos
“Se Minas não tem mar, vamos para o bar” é uma das frases mais conhecidas pelos belo-horizontinos que gostam de aproveitar bares e restaurantes na capital mineira. E, quando o tradicional se junta a um evento de grande porte como a Copa do Mundo, a expectativa é lotar os estabelecimentos da cidade na hora dos jogos da Seleção Brasileira, o que tem criado uma expectativa positiva para os empresários do setor.
“Devido ao fuso horário do Brasil com o Catar, as partidas durante o campeonato vão ocorrer no final da manhã, horário de almoço e período da tarde. A segunda partida do Brasil, por exemplo, contra a Suíça, está marcada para 13h. Por outro lado, aqueles com tradição de exibir jogos em telões, devem ter acréscimo de horário, que normalmente não teriam. Quanto aos jogos de 16h, acredito que por serem em um horário próximo ao do happy-hour, as pessoas sairão mais cedo do trabalho e podem acabar esticando a estadia nos bares, o que irá trazer sim um incremento de faturamento. Porém, essa ‘esticada’ vai depender do desempenho da seleção. É a performance dela que vai ditar o comportamento de consumo nos bares”, ressalta o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel-MG), Matheus Daniel.
Ainda segundo Daniel, a previsão da Abrasel-MG é de que ao final deste ano, sob impulso da Copa e das confraternizações tradicionais de dezembro, o segmento gere um faturamento igual ao de 2019, mas com uma rentabilidade menor por causa da inflação e do endividamento. “Atualmente, cerca de 13% do faturamento dos estabelecimentos do setor estão comprometidos com dívidas bancárias”, esclarece.
Os jogos do Mundial da Fifa ainda devem movimentar o mercado de trabalho com mão de obra temporária para o fim do ano. “Contando Copa do Mundo e festividades de final de ano, o nosso setor vai criar 8 mil postos de trabalho em Minas até dezembro. As vagas mais procuradas, hoje, são: auxiliar de cozinha, cozinheiro e garçom”, diz Matheus Daniel. “Há estabelecimentos que também estão fazendo melhorias no sistema acústico, aumentando a quantidade de televisores, tudo para permitir que os clientes tenham a melhor experiência possível ao assistirem aos jogos”, completa o presidente da Abrasel-MG.
Impacto na economia nacional
A nível nacional, a Copa do Mundo deve injetar R$ 20,3 bilhões na economia brasileira, segundo levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). O estudo aponta que cerca de 60 milhões de pessoas pretendem fazer compras no comércio e no setor de serviços para o mundial de futebol. Além disso, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima um crescimento de 7,9% em relação ao faturamento de 2014, ano em que o Brasil foi sede da Copa.
DC Responde
A Copa do Mundo 2022 começa no dia 20 de novembro no Qatar, país árabe do Oriente Médio, às 13h (horário de Brasília), no Al Bayt Stadium, com a final prevista para 18 de dezembro.
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