Município contabiliza prejuízos para economia

O rompimento da barragem de rejeitos da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), ceifou vidas, destruiu propriedades, arrasou negócios e continua espalhando prejuízos. O comércio da cidade sofre com ausência de compradores, colaboradores sem condições de trabalhar, diminuição do volume de dinheiro circulante e até com o desabastecimento. Tudo isso sem contar a insegurança quanto à paralisação das atividades da mineradora Vale, que pode levar o município ao colapso, já que a mineração é responsável por cerca de 60% da arrecadação do município. A Vale responde por 65% do total recebido por Brumadinho, algo em torno de R$ 5 milhões mensais.
A Vale informou que repassará cerca de R$ 80 milhões a Brumadinho ao longo dos próximos dois anos como forma de compensar o município pela perda de arrecadação com royalties de mineração e tributos.
De acordo com o presidente da Associação Comercial do Vale do Paraopeba e da Câmara de Dirigentes Lojistas do Vale do Paraopeba, Aldinei Pereira, as vendas do comércio de Brumadinho já caíram 80%, em média. Está marcada para amanhã, 14, uma reunião entre os comerciantes.
“A Vale ainda não nos procurou. Queremos falar com ela já com um projeto em mãos. Estamos levantando dados, e essa reunião será para identificar as necessidades e chegar com um argumento sólido. Não queremos ficar à mercê da boa vontade da empresa. O comércio está parado e o desemprego é grande. Algumas demissões já ocorreram”, explica Pereira.
Distritos e comunidades isoladas estão com dificuldades de receber produtos da sede do município. A alternativa é buscar em cidades próximas ou até em Belo Horizonte, distante, em alguns casos, mais de 80 quilômetros. “Com as estradas internas obstruídas, as pessoas têm muita dificuldade para buscar produtos. As voltas são muito grandes, consumindo tempo e recursos. Isso é muito grave”, pontua o dirigente.
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Alternativa – O turismo, que vinha, aos poucos, crescendo em importância dentro da matriz econômica do município, capitaneado pelo sucesso do Instituto Inhotim, pode ser parte determinante na reconstrução de Brumadinho. Considerado um dos principais museus de arte contemporânea do mundo e tido como um atrativo indutor de turismo nacional e internacional no Brasil, o local não foi alcançado materialmente pela tragédia na região.
Distante 18 quilômetros do local da tragédia, o empreendimento, porém, sofreu e ainda sofre os seus efeitos. Dos 600 colaboradores, cerca de 80% moram na região e grande parte deles teve alguém morto ou desaparecido por conta do rompimento. Muitos também viram propriedades e negócios com os quais têm relação direta serem destruídos.
O Museu ficou fechado até o último sábado, dia 9, quando recebeu cerca de 3,5 mil visitantes sem o pagamento de ingresso. Para o diretor-executivo do Instituto Inhotim, Antonio Grassi, a decisão de reabrir não foi fácil, porém faz parte da missão social da instituição participar da reconstrução de Brumadinho.
“Nosso primeiro trabalho foi acolher nossos colaboradores que também são vítimas disso tudo. Foram duas semanas intensas. Sabemos da nossa responsabilidade. Inhotim movimenta a economia da cidade. O evento de abertura foi muito importante, agora precisamos dar continuidade, mostrar que o Inhotim continua funcionando e que Brumadinho está viva e apta a receber as pessoas. Existem muitas dúvidas, informações desencontradas. A imagem que roda o mundo é de uma cidade enlameada. Temos que trabalhar para que a informação correta alcance as pessoas, desenvolvendo projetos, envolvendo nossos parceiros”, avalia Grassi.
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