Na EuroChem, Lula diz que guerra na Ucrânia despertou interesse em produção de fertilizantes

Durante a cerimônia de inauguração da última fase do Complexo Mineroindustrial da EuroChem, em Serra do Salitre, no Alto Paranaíba, na manhã desta quarta-feira (13), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lamentou que precisou acontecer uma guerra entre Rússia e Ucrânia para que o País se atentasse para a dependência de fertilizantes importados.
“Não consigo entender por que o Brasil, um país agrícola, com potência extraordinária quase imbatível devido o grau de investimento em ciência, ainda não é autossuficiente na produção de fertilizantes”, disse o presidente, logo no início de seu discurso.
Ele também lembrou que fábricas fertilizantes já foram fechadas no Paraná, em Sergipe e na Bahia, por exemplo. E que a fábrica de ureia, em Três Lagoas, que começou a ser construída no fim de seu segundo mandato, está com as obras paradas até hoje.
“Um investimento como esse da Eurochem não é apenas a demonstração da crença de que essa empresa acredita no País, mas que ela sabe que o Brasil está se transformando muito rapidamente em celeiro do mundo. Não apenas do ponto de vista de carne, soja ou milho, mas também de energia renovável. O Brasil será imbatível nesse momento em que discutimos a transição energética e climática. É quase impossível aparecer alguém com as condições que o Brasil tem”, frisou.

Participação de Lula é um aceno ao agronegócio
A participação do presidente no evento é mais um aceno ao agronegócio, ainda muito dependente das importações de fertilizantes. Assim como os investimentos no setor, agendas como essa podem apontar uma tentativa de Lula de se reaproximar do agronegócio brasileiro, que nas últimas eleições presidenciais demonstrou forte apoio ao então candidato Jair Bolsonaro (PL).
“Queremos deixar de ser importador (de fertilizantes). No ano passado, foram US$ 25 bilhões, dinheiro que poderia ter sido pago a empresários daqui que geram empregos, renda e qualidade de vida no Brasil”.
O vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros da Agricultura, Carlos Fávaro; e de Minas e Energia, Alexandre Silveira, também marcam presença no evento. A presença do alto escalão de Brasília demonstra a importância que o governo delega ao empreendimento.
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Plano é aumentar em 50% a produção nacional de fertilizantes
O investimento de mais de US$ 1 bilhão realizado pela fabricante de fertilizantes com capital russo e sede na Suíça integra o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), criado em 2022. Revisado pelo atual governo, que o considera prioritário para as políticas de estímulo à produção nacional do insumo, o plano tem como objetivo central aumentar a produção brasileira de fertilizantes em 50% até 2050.
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Apenas a planta mineira da Eurochem tem a meta de atingir a produção de 1 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados por ano já em 2025. Isso já promete um alívio — mesmo que parcial — para o setor, uma vez que o volume corresponde a cerca de 15% da produção total brasileira, que gira em torno de 6 milhões toneladas/ano.
*A jornalista viajou para a Serra do Salitre a convite da Eurochem
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