Economia

Nanoscópio produzido em Minas Gerais é enviado para a Alemanha

O aparelho permite a observação de estruturas e fenômenos que não seriam visíveis a olho nu ou por outros meios de ampliação
Nanoscópio produzido em Minas Gerais é enviado para a Alemanha
Exportação de nanoscópio de Minas Gerais para a Alemanha rompe com o histórico de importações de alto valor de instrumentos científicos | Crédito: Divulgação FabNS

Sediada no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BHTec), na região da Pampulha, a Fábrica de Nanossoluções (FabNS), criada por egressos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), acaba de enviar para a Alemanha, o primeiro nanoscópio produzido em Minas Gerais. Batizado de “Porto”, o equipamento é utilizado para visualizar e estudar objetos em escala nanométrica, ou seja, em níveis extremamente pequenos.

Em sua funcionalidade, o aparelho permite a observação de estruturas e fenômenos que não seriam visíveis a olho nu ou por outros meios de ampliação. Os nanoscópios, aliás, são amplamente utilizados em diversas áreas da ciência e da tecnologia, como física, química, biologia e engenharia. Além disso, os nanoscópios desempenham um papel fundamental na pesquisa de materiais, na caracterização de superfícies e na compreensão de processos biológicos em nível molecular. A estrutura, morfologia e propriedades dos materiais em escala nanométrica podem ser fornecidas por eles de forma detalhada.

A tecnologia desenvolvida pelos pesquisadores é capaz de revelar imagens na escala de um nanômetro (medida 1 bilhão de vezes menor que o metro). Desta forma, o equipamento pode auxiliar nos estudos de composições de elementos como o grafeno, material extremamente flexível, supercondutor, aplicado na indústria automobilística e na produção de eletrônicos, por exemplo.

Exportação do nanoscópio mostra o potencial de Minas Gerais

Um dos idealizadores da FabNS, Cassiano Rabelo, afirma que o equipamento conta um diferencial único de qualidade em todo o mundo. Segundo o engenheiro, trata-se de uma nanoantena gera resultados sem precedentes.

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Neste contexto, ele ressalta que a contribuição da instituição de ensino federal foi fundamental para o desenvolvimento dos estudos que resultaram na fabricação do Porto, de maneira que o desenvolvimento do equipamento iniciou-se no Laboratório de Nanoespectroscopia (LabNS), do Departamento de Física do Instituto de Ciências Exatas (Icex), da UFMG.

Ele diz: “Todo esse potencial tecnológico traz desafios importantes. A UFMG foi essencial em todo o processo, nos dando muito abertura e fornecendo a infraestrutura dos laboratórios onde desenvolvemos as pesquisas. O ecossistema local foi fundamental para a viabilidade da produção do Porto”.

Pesquisadores da FabNS ao lado da caixa com partes do nanoscópio exportado para a Alemanha | Crédito: Divulgação/FabNS
Pesquisadores da FabNS ao lado da caixa com partes do nanoscópio exportado para a Alemanha | Crédito: Divulgação/FabNS

O sócio da FabNS, Taiguara Tupinambás, avalia que a exportação do Porto mostra o potencial do País para produzir e exportar tecnologia. “Nossa experiência pode auxiliar no desenvolvimento de avanços disruptivos em nanotecnologia. A exportação dessa tecnologia rompe com o histórico de importações de alto valor de instrumentos científicos, e o Brasil passa agora a exportar”, diz.

Alemanha reconhece desempenho da ciência mineira

Os engenheiros consideram a exportação do equipamento o ponto alto de um ciclo iniciado em 2005, quando obtiveram os primeiros resultados das pesquisas que geraram o nanoscópio. Após anos de trabalhos no LabNS, eles criaram a FabNS em 2020, estabelecendo sua sede no BH-TEC em 2022.

Segundo a UFMG, a instituição alemã demonstrou interesse pelo aparelho durante um congresso internacional, quando um grupo de pesquisadores do laboratório de física de novos materiais da Universidade de Humboldt, em Berlim, ficou sabendo da tecnologia que estava sendo estudada no Brasil. O líder do grupo, o professor Sebastian Heeg, da instituição de ensino, fez a negociação.

“Essa operação criou um diferencial tecnológico muito importante, ainda mais pelo fato de estar sendo exportado para a Alemanha, que é uma referência mundial em instrumentação científica nessa área de caracterização de materiais”, explica o CEO da FabNS, Hudson Miranda.

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