Joint venture entre Anglo e Teck pode gerar onda de fusões na mineração

A fusão das mineradoras Anglo American e Teck Resources pode destravar uma onda de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) na mineração, avaliam especialistas ouvidos pelo Diário do Comércio. A transação, caso seja aprovada pelos órgãos reguladores, criará a Anglo Teck, que já nascerá como uma gigante na produção de cobre e será o maior acordo de M&A do setor minerário em mais de uma década.
Com a fusão, a Anglo American declarou que o sistema Minas-Rio, em Conceição do Mato Dentro, na região Central do Estado, “seguirá sendo uma parte relevante do portfólio do grupo”. Além disso, a companhia afirma que a integração prevista dos recursos minerais da Serra da Serpentina garantirá a continuidade operacional da planta nas próximas décadas. A empresa ainda disse estar comprometida com a venda da sua operação de níquel, em Goiás.
A futura Anglo Teck terá sede no Canadá, país de origem da Teck Resources, e será listada em Londres, país sede da Anglo, com um valor de mercado que ultrapassa os US$ 50 bilhões. O economista da 3A RIVA Investimentos, Samuel Chagas, destaca que a transação pode abrir as portas para mais processos de M&A no setor da mineração. “Isso pode destravar uma onda de fusão e aquisição para investimentos não-core de cada empresa”, avalia.
Ele destaca a sinergia que a nova empresa terá com a fusão das duas mineradoras, principalmente com um ganho na parte logística devido às minas de cobre que cada empresa possui no Chile. A mina Quebrada Blanca, da Teck, está a cerca de 15 quilômetros (km) da mina de Collahuasi, da Anglo. “Nós vamos estar falando de uma mineradora que vai ser top cinco mundial em cobre, produzindo um milhão de toneladas por ano e crescendo”, avalia.
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O economista e analista de investimentos da Plataforma AGF, Pedro Galdi, aponta para a mesma direção, sobretudo pela redução do custo projetada pela Anglo, em cerca de US$ 800 milhões até o quarto ano após a conclusão da transação.
“As grandes mineradoras estão olhando oportunidades, justamente como esta, que impliquem em redução de custos, para suportar uma eventual queda de preços internacionais, que é uma realidade em mineração”, analisa. “Creio que os grandes players estarão mais sensíveis a oportunidades e isto pode acelerar M&A no mundo”, completa Galdi.
Chagas ressalta, porém, que é possível que as gigantes da mineração BHP Billiton e Glencore tentem atravessar o negócio. Ambas procuraram, sem sucesso, adquirir as mineradoras em processo de fusão. A BHP tentou comprar a Anglo, enquanto a Glencore buscou a Teck.
Um negócio desta magnitude entre Anglo e Teck, apontam os economistas, chama atenção em um mundo cada vez mais atento para a transição energética, principalmente para a produção de veículos elétricos. “O mundo está olhando metais raros com muita atenção, pois a demanda irá aumentar significativamente nos próximos anos”, explica Galdi. “Tem essa história da demanda perene do cobre, por conta dessa eletrificação, começando por frota de carros”, analisa Chagas.
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