Economia

Neuman & Esser de olho em hidrogênio verde

Solução de produção de hidrogênio verde passou a complementar as ofertas de soluções NEA
Neuman & Esser de olho em hidrogênio verde
Expectativa é de que projeto gere cerca de 75 empregos diretos na fábrica da NEA | Crédito: Neuman & Esser/Divulgação

Líder na produção de energia solar fotovoltaica brasileira, Minas Gerais caminha para ser referência também em hidrogênio verde. Mais uma alternativa de fonte de energia renovável, é considerado o combustível do futuro e promete uma série de benefícios não apenas ambiental, mas em termos de custos, eficiência e segurança energética, uma vez que pode ser armazenado e utilizado para o abastecimento em períodos de alta demanda. No Estado, investimentos começam a ser realizados para dar suporte aos futuros empreendimentos limpos.

É o caso, por exemplo, da alemã Neuman & Esser (NEA), que assinou protocolo de intenções com o governo de Minas Gerais para investir até R$ 45 milhões na fabricação de equipamentos para a geração de hidrogênio verde. Segundo o diretor-geral da empresa, Marcelo Veneroso, mais do que fabricar os equipamentos, a unidade mineira vai exportar a tecnologia utilizada na fabricação dos equipamentos para as empresas da Alemanha, Estados Unidos e Ásia.

“Diferentemente do que sempre acontece no Brasil, vamos fornecer a tecnologia para nossa matriz. Estamos fazendo o caminho inverso, exportando os processos. Nossa intenção é maximizar os diferenciais, com fabricação e engenharia locais, sempre que houver competitividade”, explicou.

Os aportes estão sendo aplicados na expansão e adequação da fábrica, no bairro Olhos D’água, na região do Barreiro. No local, a empresa vai fabricar os geradores de hidrogênio verde através de eletrólise e reformadores de etanol e biometano e também vai desenvolver outras tecnologias. Para isso, o primeiro passo foi a aquisição da Hytron Energia e Gases Especiais Ltda – empresa especializada no fornecimento de tecnologias para a produção de hidrogênio a partir de fontes renováveis.

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Com o negócio, a solução de produção de hidrogênio verde passou a complementar as ofertas de soluções NEA, que já era líder mundial na fabricação de compressores de pistão e diafragma. Conforme Veneroso, tamanho o potencial que a empresa tem tecnologia para comprimir até 5 mil bar e as aplicações usuais para hidrogênio requerem entre 350 bar a 900 bar.

“Agora, os próximos passos são os investimentos de cerca de R$ 20 milhões já em 2022 para expansão da fábrica. E o restante será destinado ao desenvolvimento de tecnologia e treinamento de pessoal. Tudo isso já vem sendo desenvolvido e vai culminar com a disponibilidade para o mercado de duas tecnologias de geração de hidrogênio: por eletrolisadores ou reformadores”, adiantou.

A expectativa é que o projeto gere cerca de 75 empregos diretos na fábrica da NEA e cerca de 200 indiretos. As obras devem ter início em outubro e ser concluídas em julho de 2023. “Vamos ter a possibilidades de fabricar 100 megawatts de produtos conteinerizados, além da possibilidade de fazer montagens em campo.

“É um mercado que está surgindo e ganhou ainda mais notoriedade com a Covid-19 e a necessidade de substituição das energias poluentes por energias renováveis. O hidrogênio pode ser gerado por fontes alternativas como a solar, eólica e até a hidrelétrica. A guerra na Ucrânia também acelerou esse processo de transição energética, inclusive a partir dos fertilizantes. E o interesse por essa nova matriz se aflorou não apenas no Brasil, mas em todo o mundo”, afirmou.

Demanda global

Segundo dados da Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena), espera-se que até 2050 cerca de 6% do consumo final de energia no mundo poderá estar ligado ao hidrogênio. Pensando nisso, muitos países já incentivam o desenvolvimento de tecnologias que permitem a produção e o uso comercial do elemento.

“As tecnologias de hoje inviabilizam o armazenamento de energia. Você precisa consumir de imediato o que produz. Já o hidrogênio pode ser armazenado. Por isso, pode-se usar as energias solar ou eólica para produzir hidrogênio verde por meio da eletrólise e armazená-lo. Quando for necessário, você utiliza o hidrogênio para gerar energia novamente”, explicou Veneroso.

Potencial

Conforme já publicado, dentre as oportunidades oriundas do processo de descarbonização da economia está a possibilidade de o Brasil liderar o processo de transformação energética mundo afora. Em meados de 2022, já deverá ser possível ver os primeiros projetos de hidrogênio verde, considerado o combustível do futuro, despontando no País. Já uma cadeia produtiva e robusta poderá nascer a partir de 2025.

Estimativas dão conta de que até 2030 serão realizados em todo o mundo investimentos da ordem de 140 bilhões de euros em empreendimentos limpos. No Brasil, o Ceará é o Estado onde as negociações para atrair esse tipo de investimento estão mais avançadas. Minas Gerais, conforme Veneroso, precisa explorar melhor seu potencial. “Minas tem ótimas fontes de energia renovável (solar e eólica) e ainda conta com uma indústria consumidora e uma malha viária extensa, que pode ser convertida para o uso do hidrogênio. O potencial é enorme”, disse.

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