Neuman & Esser de olho em hidrogênio verde

Líder na produção de energia solar fotovoltaica brasileira, Minas Gerais caminha para ser referência também em hidrogênio verde. Mais uma alternativa de fonte de energia renovável, é considerado o combustível do futuro e promete uma série de benefícios não apenas ambiental, mas em termos de custos, eficiência e segurança energética, uma vez que pode ser armazenado e utilizado para o abastecimento em períodos de alta demanda. No Estado, investimentos começam a ser realizados para dar suporte aos futuros empreendimentos limpos.
É o caso, por exemplo, da alemã Neuman & Esser (NEA), que assinou protocolo de intenções com o governo de Minas Gerais para investir até R$ 45 milhões na fabricação de equipamentos para a geração de hidrogênio verde. Segundo o diretor-geral da empresa, Marcelo Veneroso, mais do que fabricar os equipamentos, a unidade mineira vai exportar a tecnologia utilizada na fabricação dos equipamentos para as empresas da Alemanha, Estados Unidos e Ásia.
“Diferentemente do que sempre acontece no Brasil, vamos fornecer a tecnologia para nossa matriz. Estamos fazendo o caminho inverso, exportando os processos. Nossa intenção é maximizar os diferenciais, com fabricação e engenharia locais, sempre que houver competitividade”, explicou.
Os aportes estão sendo aplicados na expansão e adequação da fábrica, no bairro Olhos D’água, na região do Barreiro. No local, a empresa vai fabricar os geradores de hidrogênio verde através de eletrólise e reformadores de etanol e biometano e também vai desenvolver outras tecnologias. Para isso, o primeiro passo foi a aquisição da Hytron Energia e Gases Especiais Ltda – empresa especializada no fornecimento de tecnologias para a produção de hidrogênio a partir de fontes renováveis.
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Com o negócio, a solução de produção de hidrogênio verde passou a complementar as ofertas de soluções NEA, que já era líder mundial na fabricação de compressores de pistão e diafragma. Conforme Veneroso, tamanho o potencial que a empresa tem tecnologia para comprimir até 5 mil bar e as aplicações usuais para hidrogênio requerem entre 350 bar a 900 bar.
“Agora, os próximos passos são os investimentos de cerca de R$ 20 milhões já em 2022 para expansão da fábrica. E o restante será destinado ao desenvolvimento de tecnologia e treinamento de pessoal. Tudo isso já vem sendo desenvolvido e vai culminar com a disponibilidade para o mercado de duas tecnologias de geração de hidrogênio: por eletrolisadores ou reformadores”, adiantou.
A expectativa é que o projeto gere cerca de 75 empregos diretos na fábrica da NEA e cerca de 200 indiretos. As obras devem ter início em outubro e ser concluídas em julho de 2023. “Vamos ter a possibilidades de fabricar 100 megawatts de produtos conteinerizados, além da possibilidade de fazer montagens em campo.
“É um mercado que está surgindo e ganhou ainda mais notoriedade com a Covid-19 e a necessidade de substituição das energias poluentes por energias renováveis. O hidrogênio pode ser gerado por fontes alternativas como a solar, eólica e até a hidrelétrica. A guerra na Ucrânia também acelerou esse processo de transição energética, inclusive a partir dos fertilizantes. E o interesse por essa nova matriz se aflorou não apenas no Brasil, mas em todo o mundo”, afirmou.
Demanda global
Segundo dados da Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena), espera-se que até 2050 cerca de 6% do consumo final de energia no mundo poderá estar ligado ao hidrogênio. Pensando nisso, muitos países já incentivam o desenvolvimento de tecnologias que permitem a produção e o uso comercial do elemento.
“As tecnologias de hoje inviabilizam o armazenamento de energia. Você precisa consumir de imediato o que produz. Já o hidrogênio pode ser armazenado. Por isso, pode-se usar as energias solar ou eólica para produzir hidrogênio verde por meio da eletrólise e armazená-lo. Quando for necessário, você utiliza o hidrogênio para gerar energia novamente”, explicou Veneroso.
Potencial
Conforme já publicado, dentre as oportunidades oriundas do processo de descarbonização da economia está a possibilidade de o Brasil liderar o processo de transformação energética mundo afora. Em meados de 2022, já deverá ser possível ver os primeiros projetos de hidrogênio verde, considerado o combustível do futuro, despontando no País. Já uma cadeia produtiva e robusta poderá nascer a partir de 2025.
Estimativas dão conta de que até 2030 serão realizados em todo o mundo investimentos da ordem de 140 bilhões de euros em empreendimentos limpos. No Brasil, o Ceará é o Estado onde as negociações para atrair esse tipo de investimento estão mais avançadas. Minas Gerais, conforme Veneroso, precisa explorar melhor seu potencial. “Minas tem ótimas fontes de energia renovável (solar e eólica) e ainda conta com uma indústria consumidora e uma malha viária extensa, que pode ser convertida para o uso do hidrogênio. O potencial é enorme”, disse.
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