New Steel fará aportes de R$ 4,4 bi em Minas

Desde que ocorreram as duas maiores tragédias recentes da mineração – Mariana e Brumadinho, ambas em Minas Gerais -, o setor busca incansavelmente novos destinos para os rejeitos de minério de ferro e a extinção definitiva de barragens.
Por se tratar de um dos maiores produtores do insumo siderúrgico no País, o Estado tem especial interesse no assunto e acaba de assinar um protocolo de intenções com a New Steel – empresa controlada pela Vale – para investimentos de R$ 4,4 bilhões em projetos que prometem uma nova era para o setor mineral brasileiro.
Trata-se de uma tecnologia de concentração de minério a seco que será aplicada como piloto em três plantas da mineradora: nas minas de Fábrica, em Congonhas (Campos das Vertentes); Fazendão, em Mariana (Central); e Vargem Grande, em Itabirito (RMBH), que já iniciou as obras de implantação e deve entrar em operação já a partir do ano que vem. As outras duas devem entrar em operação até 2024 (Fábrica) e 2026 (Fazendão).
As informações são do analista da Agência de Promoção de Investimento e Comércio Exterior de Minas Gerais (Indi), Miller Gazola. Ele participou das articulações para oficialização do projeto, que ocorreu em meio às discussões envolvendo chefes de Estado de todo o mundo sobre as ações contra as mudanças climáticas no planeta, na COP26, na Escócia.
“É mais do que um simples projeto de empilhamento a seco. É um processo inovador que reduz drasticamente o impacto ambiental da atividade e prolonga a vida útil das minas. Envolve o reaproveitamento do estéril do minério, por meio de uma concentração a seco que aumenta o teor de 40% para cerca de 62%, além de eliminar a necessidade de barragens de rejeitos e reduzir o uso de água”, explica.
De acordo com o protocolo de intenções, serão cerca de mil empregos diretos gerados na construção das novas plantas industriais. Além disso, as três unidades terão, somadas, cerca de 550 postos de trabalho permanentes quando estiverem em funcionamento. Já as capacidades estimadas para cada planta são de 1,5 milhão de tonelada/ano nas minas de Vargem Grande e Fábrica e de 6 milhões de toneladas/ano na Fazendão.
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“Esses investimentos são bastante robustos e representam todo o esforço do Governo de Minas para a promoção de uma mineração mais sustentável no Estado. Essa tecnologia vai resultar não só na redução dos rejeitos e transformá-los em riqueza. Isso é uma política pública ideal, porque aproxima a sustentabilidade ambiental da sustentabilidade econômica”, avalia o secretário de Desenvolvimento Econômico, Fernando Passalio.
Longevidade
Vale dizer que no Estado, berço da mineração no Brasil, há muitos ativos em declínio e minas com teor médio de 40% de ferro, que demandam técnicas para a extração de valor. Especialistas dizem que as reservas de Minas Gerais já estão em fase de poucos depósitos, ainda em condições de serem processados sem a necessidade de concentração.
Nesse sentido, o analista do Indi destaca que o processo da New Steel prolonga o período de funcionamento das minas por até 20 anos. “Isso evita com que o município sofra um impacto significativo na economia local, mantendo a arrecadação de impostos e os empregos ainda por um bom período. É um projeto que coloca Minas Gerais na liderança da inovação da mineração no mundo”, diz.
A Vale comprou a New Steel em dezembro de 2018, após a pequena companhia ter desenvolvido um método único de beneficiamento de minério de ferro, que já tem patente reconhecida em cerca de 60 países e é premiado internacionalmente.
A aquisição da New Steel ocorreu um mês antes do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, na RMBH, e é atualmente parte de um conjunto de estratégias da mineradora para reduzir a produção de rejeitos.
A reportagem entrou em contato com a mineradora para detalhar o projeto, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.
Exportações recuaram 63% em novembro
São Paulo – A exportação de minério de ferro do Brasil recuou 63,8% na média dos três primeiros dias úteis de novembro, em relação ao volume embarcado por dia no mesmo mês do ano passado, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) divulgados ontem.
Os embarques somaram cerca de 527 mil toneladas ao dia no acumulado da primeira semana do mês, versus 1,46 milhão de toneladas da média diária de novembro completo em 2020.
A redução nos embarques ocorre em meio a uma queda acentuada nos preços do minério de ferro na China, com uma demanda mais fraca do principal comprador global.
As importações de minério de ferro pela China caíram 4,2% em outubro, registrando um segundo mês consecutivo de queda, mostraram dados alfandegários neste domingo, uma vez que a produção de aço restringe a demanda pela matéria-prima.
O maior consumidor mundial de minério de ferro importou 91,61 milhões de toneladas do produto no mês passado, ante 95,61 milhões em setembro, mostraram dados da Administração Geral das Alfândegas.
O número também representa uma queda de 14,2% em relação a outubro de 2020, depois que o governo apertou os controles ambientais e a demanda por produtos siderúrgicos enfraqueceu.
“Nos próximos anos, os controles de consumo de energia da China continuarão pesando sobre sua produção de aço bruto e também afetarão sua demanda por minério de ferro importado”, disse a GF Futures a clientes em uma nota antes dos dados.
Os preços dos contratos futuros de minério de ferro mais negociados na Bolsa de Commodities de Dalian caíram cerca da metade desde o pico em meados de maio de 1.227 iuanes (US$ 191,90) por tonelada.
A GF Futures espera que as importações de minério de ferro da China caiam de 5% a 7% no segundo semestre do ano, à medida que a produção de aço cai.
Nos primeiros dez meses de 2021, a China importou 933,48 milhões de toneladas de minério de ferro, uma queda anual de 4,2%. (Reuters)
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