Novas regras do Minha Casa, Minha Vida animam o mercado em Minas

As novas regras do programa habitacional do governo federal Minha Casa, Minha Vida (MCMV), que entraram em vigor na última sexta-feira (7), estão animando o mercado imobiliário. Os impactos da medida devem começar a ser sentidos no último trimestre deste ano.
As mudanças no MCMV, que aumentam o subsídio para aquisição de imóveis do programa e que reduzem a taxa de juros para famílias de baixa renda, nas faixas 1 e 2, foram bem avaliadas pela assessora econômica do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Ieda Vasconcelos. Para ela, os impactos das novas regras devem ser sentidos de forma mais expressiva pela atividade ainda este ano, em especial, nos últimos três meses de 2023.
Ela frisa que o setor já aguardava as novas regras desde o início do ano. “As condições são muito positivas e importantes por vários aspectos, entre elas, a redução do déficit habitacional no País, proporcionando o maior acesso, em especial, às famílias de baixa renda, além de impulsionar o mercado imobiliário, dando mais dinamismo”, analisa.
A Caixa, agente financeiro do programa, prevê a contratação de ao menos 555 mil imóveis pelo programa habitacional até o fim de 2023, sendo 440 mil moradias com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
A MRV, por exemplo, maior construtora da América Latina, acabou de lançar no seu canal no YouTube a websérie “Tudo o que você precisa saber sobre o Minha Casa, Minha Vida”, criada para informar e orientar pessoas interessadas em adquirir seu primeiro imóvel de acordo com as novas regras.
Outra empresa que espera incremento nos negócios em razão do programa é a BRZ Empreendimentos, sediada em Belo Horizonte, que estima que o Valor Geral de Vendas (VGV) pode chegar a R$ 680 milhões com MCMV em Minas. Caso a projeção se confirme, o resultado representará avanço de 192% sobre os R$ 72 milhões apurados no ano passado.
A economista do Sinduscon-MG destaca ainda que as alterações do programa estão mais condizentes com o cenário atual vivenciado pela atividade e devem ajudar os imóveis de padrão econômico a ganharem mais espaço não só na capital mineira bem como em todo o País, em razão do aumento dos custos nos últimos anos. “Em 2021, por exemplo, imóveis desse padrão respondiam por 56% do mercado no Brasil. Neste ano, está no patamar de 35%”, diz.
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Conforme o censo do mercado imobiliário realizado pela Brain Consultoria para o Sinduscon-MG, no acumulado dos primeiros quatro meses de 2023, em relação a igual período do ano anterior, foi verificada queda acentuada nas vendas (90,1%) e nos lançamentos do padrão econômico (78,9%) na capital mineira e em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Do total do estoque de apartamentos novos disponíveis para venda, em abril deste ano, nos dois municípios contemplados no estudo, somente 4,3% são do padrão econômico.
Juros baixos
Na sexta passada, o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), Renato Correia, disse que as medidas atendem uma demanda reprimida e foram importantes para corrigir alguns pontos de atenção. Para ele, o programa ajustou algumas distorções e adequou as regras para encaixar os empreendimentos. “O setor vê com bons olhos as mudanças, principalmente em um momento em que a poupança registra juros altos”, destacou.
As taxas de juros do programa são as menores já registradas para famílias de menor renda, de até R$ 2 mil. A redução de 0,25% é válida para todas as localidades do Brasil. Nas regiões Norte e Nordeste, a taxa variou de 4,25% para 4% ao ano. Nas demais regiões (Sul, Sudeste e Centro-Oeste), a mudança é de 4,5% para 4,25% ao ano. “Os juros altos afastam as pessoas do acesso à casa própria”, frisa a economista do Sinduscon-MG.
O teto dos imóveis para as faixas 1 e 2 do programa será de R$ 264 mil para os municípios com população de 750 mil habitantes ou mais; R$ 250 mil para as cidades com população entre 300 mil e 750 mil habitantes; R$ 230 mil para os que têm população entre 100 mil e 300 mil habitantes; e R$ 200 mil para cidades com população inferior a 100 mil habitantes.
Para famílias com renda entre R$ 4,4 mil e R$ 8 mil (faixa 3), o valor máximo do imóvel passou de R$ 264 mil para até R$ 350 mil em todos os estados. A estimativa é de que a medida traga um incremento de 57 mil novas contratações na faixa 3, sendo 40 mil ainda neste ano.
O subsídio para famílias de baixa renda, com renda mensal de até R$ 2.640 (faixa 1) e até R$ 4,4 mil (faixa 2), passou de R$ 47 mil para até R$ 55 mil.
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