Estados Unidos votam nesta terça-feira; entenda por que Minas Gerais está de olho nestas eleições

Nesta terça-feira (5), milhões de eleitores vão às urnas para escolher entre a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. Minas Gerais está de olho na eleição, já que o país é o segundo principal parceiro comercial do Estado. Inclusive, o resultado da acirrada e imprevisível disputa pode afetar as exportações mineiras para os estadunidenses.
De acordo com dados atualizados nesta manhã de terça pelo Laboratório Eleitoral da Universidade da Flórida, mais de 83 milhões de eleitores norte-americanos votaram de maneira antecipada. Ao todo, cerca de 244 milhões de pessoas podem votar para definir o nome do futuro chefe da Casa Branca.
Não há como prever o vencedor. A candidata do partido democrata e o republicano estão empatados tecnicamente nas pesquisas. Em caso de vitória da vice-presidente, os impactos sobre a relação dos Estados Unidos com Minas Gerais deverão ser menores e mais atrelados à sustentabilidade. Em um eventual retorno do ex-presidente ao poder, as mudanças na relação tendem a ser mais significativas, sobretudo em razão de medidas protecionistas.
O professor da Estácio BH e cientista político Lucas Zandona analisa que se a Kamala for a escolhida presidente poderá ocorrer um aperto nas exigências ambientais, com os Estados Unidos começando a exigir certificações dos produtos que são exportados para o país.
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Coordenador do curso de Relações Internacionais do Centro Universitário UNA, Felipe Gouvêa Pena explica que a democrata tem um compromisso maior com as pautas relacionadas ao meio ambiente em comparação ao republicano e, se vencer, poderá aumentar as imposições para que os exportadores tenham posturas mais sustentáveis.
“Podemos dizer que, em termos de política ambiental, o Trump tende a favorecer políticas menos rigorosas, incluindo possíveis retiradas de acordos como o de Paris e outras regulamentações que são importantes também para transações comerciais”, ressalta Pena.
“Kamala terá esse aspecto mais de sustentabilidade, questões de meio ambiente, uma atenção e um rigor maior em relação às mudanças climáticas”, complementa.

Embarques de produtos da siderurgia de Minas Gerais para os EUA podem recuar
Para o doutorando em Economia e professor do Ibmec BH Pedro Hudson Cordeiro, se Trump for eleito pode haver uma baixa nas exportações de Minas Gerais de ferros-liga e outros produtos manufaturados pela siderurgia. A razão disso é que o ex-presidente promete seguir com ações protecionistas e, inclusive, aumentar as taxas de importação.
“Uma vitória do Trump pode representar uma maior dificuldade na exportação desse tipo de produto, o que não se espera que ocorra em caso de vitória da Kamala, porque é um governo que, em questões econômicas, tende a ser mais aberto”, sublinha Cordeiro.
“A meu ver, produtos básicos como minério de ferro, que temos em abundância, o café, nosso grande destaque, soja, açúcar, carne bovina, devem continuar do mesmo jeito independente do presidente. Talvez ocorra alguma variação, mas nada demais”, pondera.
Zandona tem opinião semelhante. Segundo ele, se o republicano ganhar, ele vai tentar proteger a indústria dos Estados Unidos de qualquer maneira taxando os concorrentes. Entretanto, o que serve como matéria-prima para o país seguirá sendo embarcado.
“O álcool possivelmente será tabelado, uma vez que os americanos fabricam álcool através do milho e não da cana-de-açúcar. No caso dos insumos, o nós produzimos que serve para eles vai entrar normalmente no país, então não será afetado. Agora, o que produzimos melhor e com alta competição, como algodão e o álcool, vai ser taxado com certeza”, diz.
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