Novo governo do México pode fortalecer comércio com Brasil

A eleição da nova presidente do México, Claudia Sheinbaum, pode fortalecer o comércio bilateral com o Brasil, afirmam especialistas. A primeira mulher eleita à presidência mexicana é do mesmo partido do atual presidente, Andrés Manuel López Obrador (AMLO), o Morena, e tem uma proximidade ideológica com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ao saudar a vitória de Sheinbaum, inclusive, o presidente brasileiro ressaltou a intenção de fortalecer as relações comerciais entre os dois países. “Somos as duas maiores economias da América Latina e podemos ter um maior fluxo entre os empresários de ambos os países”, declarou Lula na rede social X (antigo Twitter).

O professor de Relações Internacionais do Ibmec BH, Mario Schettino, explica que, no governo de AMLO, o México reconhecia a relevância do Brasil na América Latina, não só no comércio, como na política. Apesar disso, a diferença ideológica com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) distanciou os dois países.

A presidência de Claudia Scheibaum deve manter esse reconhecimento e estreitar a relação com um presidente brasileiro mais próximo no espectro político. “A expectativa é de continuidade dessa política que reconhece a importância do Brasil no ambiente regional, principalmente agora que temos uma convergência ideológica maior entre os dois governos e um governo brasileiro que assume de certa forma esses custos da liderança na América do Sul e América Latina”, aponta Schettino.

Diretor executivo da Câmara México – Brasil (Camebra), Djair Resende afirma que a divergência política entre Bolsonaro e López Obrador impediu a criação de um tratado de livre-comércio nos últimos anos. Ele aponta ainda uma influência dos EUA em impedir este acordo entre as duas nações, que poderia prejudicar os interesses econômicos americanos.

No ano passado, os governos brasileiro e mexicano lançaram o Ano Dual “Presença do México no Brasil e do Brasil no México”, em comemoração aos 190 anos do estabelecimento das relações diplomáticas. A iniciativa marcou uma nova etapa na relação bilateral e Resende acredita que seja intensificada com a nova presidente, principalmente no comércio.

“A manutenção da política dentro de um mesmo patamar de partido, o Morena, dá uma tranquilidade para que essas coisas todas tenham continuidade, porque a tendência é a gente conseguir fazer o projeto Ano Dual prosseguir na forma como precisa”, pontua.

Comércio entre Minas e México

As exportações do Brasil para o México alcançaram o valor de US$ 8,5 bilhões em 2023, focadas no comércio de veículos e autopeças, além da soja, do milho e do frango no agronegócio. Já as importações atingiram US$ 5,5 bilhões, com foco no setor automotivo.

Em relação a Minas, a nação mexicana é o nono principal destino das exportações do Estado, com predominância do minério de ferro, produtos de metalurgia e automóveis, e o sétimo país de origem das importações mineiras, também com liderança do setor automotivo.

Até por isso, o diretor executivo da Camebra se encontrará com o governador Romeu Zema (Novo) na próxima sexta-feira (07), na Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg), em Goiânia (GO), para estreitar as relações comerciais do país mexicano com o Estado.

Ele não acredita que a diferença política entre Zema e Sheinbaum prejudique a relação de Minas com o México, como ocorreu com Bolsonaro e López Obrador. “Mesmo tendo divergência ideológica, nesse caso, como ela não é gritante no caso do Bolsonaro, não vai ser empecilho. Por isso, já pensamos nessa oportunidade de conversar com Zema para já abrir os caminhos”, pontua Resende.