Economia

Novo padrão contábil vai vigorar a partir de janeiro

Começou a contagem regressiva para as empresas se adequarem ao IFRS 16. A adoção do novo padrão contábil entrará em vigor em janeiro de 2019 e exigirá mudanças na divulgação de transações que envolvem arrendamentos, especialmente aluguéis. A mudança impactará diretamente nos indicadores presentes nos balanços financeiros e impõe desafios para o varejo, que já convive tradicionalmente com baixas margens de lucro e investe com frequência nessa modalidade de negócio.

Atualmente, as transações de locação são utilizadas como instrumento para incorporar determinados ativos ao balanço. A norma vigente estabelece a classificação em duas modalidades – arrendamento financeiro, semelhante à venda de um bem, na qual a empresa arrendatária assume os riscos inerentes à propriedade; e operacional, na qual os riscos ficam com o arrendador e o arrendatário apenas reconhece a despesa ao longo do contrato e oficializa esse compromisso em uma nota explicativa.

“Porém, esse modelo vem sendo cada vez mais questionado por não apresentar uma clara percepção dos ativos e passivos”, ressalta Henrique Campos, sócio-diretor da divisão de auditoria da BDO. Com o IFRS, essa distinção é extinta e as empresas passarão a reconhecer a depreciação do ativo e a despesa financeira do passivo, o que tende a elevar o indicador de endividamento e a alavancagem – com aumento da dívida sobre a receita.

Na crise econômica global de 2008, muitas empresas aparentemente sem dívidas quebraram justamente por terem enormes passivos decorrentes de aluguéis de longo prazo. Os investidores não enxergaram essas dívidas pois as companhias não eram obrigadas a registrar essa informação no balanço. “Apesar de a norma valer apenas para balanços referentes ao exercício de 2019, ela implica em uma reavaliação dos demonstrativos deste ano, cuja comparação pode ficar comprometida. “Por isso, desde já é fundamental realizar um mapeamento dos contratos de arrendamento, revisar todos os processos internos e a comunicação com os investidores”, recomenda.

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O setor de varejo vive uma intensa transformação em virtude do advento das plataformas digitais e da conciliação entre o modelo de lojas físicas e online, além de conviver com novas obrigações como a nota fiscal eletrônica, o Spede a substituição tributária. Agora, com o IFRS 16, os desafios tornam-se ainda maior.

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