Economia

Novo presidente do BNDES descarta financiamento a privatizações

Novo presidente do BNDES descarta financiamento a privatizações
Montezano afirmou que desvendar “caixa-preta” será prioridade em sua gestão - Crédito: Adriano Machado/Reuters

Brasília – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) quer se firmar como assessor financeiro do governo em privatizações, venda de ativos imobiliários e concessões, passando a ganhar não com empréstimos, mas com a comissão sobre esses serviços, ressaltou o novo presidente do banco, Gustavo Montezano.

Em sua primeira entrevista à imprensa, Montezano disse ontem acreditar não ser necessária a participação do BNDES para financiar a compra de empresas do governo que forem privatizadas. Montezano ponderou, no entanto, que a participação do banco pode ser necessária em concessões de serviços públicos como saneamento e infraestrutura.

“O Estado brasileiro hoje é totalmente desestruturado em seus ativos, tem um monte de empresa estatal desnecessária, tem ativos mal geridos. Tem um mar de oportunidades de ativos que um assessor financeiro, um bom gestor de estruturação financeira, pode agregar muito valor para o governo em todos os níveis – federal, estadual e municipal”, disse o novo presidente do BNDES.

Em relação às participações já detidas pelo banco em empresas listadas em bolsa, Montezano sublinhou que a meta será vender boa parte dessas ações com o objetivo de colocar esses recursos em atividades que gerem mais retorno social. Mas ele ressaltou que não há prazo para esse processo de desinvestimento, embora a intenção seja de acelerá-lo.

“Não estou afirmando que nós vamos desinvestir os R$ 100 bilhões, estou afirmando que nós vamos acelerar a venda dessa carteira e a carteira total remonta a R$ 110 bilhões, aproximadamente”, afirmou.

“Quanto desse total a gente ainda vai vender, ainda não temos uma diretriz clara”, acrescentou ele, destacando que não há, por ora, conclusão sobre fechar ou não a BNDESPar, braço de participações do banco.

Dentre as empresas nas quais a BNDESPar tem grandes investimentos estão Petrobras, Vale, Suzano, Eletrobras, AES Tietê, Klabin, Embraer, JBS e Copel.

Segundo o novo presidente do BNDES, só fará sentido manter na carteira o que trouxer impacto positivo “na vida das pessoas”. Por isso, há sim possibilidade de o banco comprar novas ações, desde que exista racional de ganho para a sociedade e “não só ganho especulativo”.

Devolução ao Tesouro – Montezano se comprometeu ainda a completar, neste ano, a devolução dos R$ 126 bilhões já prometidos ao Tesouro, por empréstimos que o banco recebeu de governos petistas para sustentar seus programas. Após o pagamento de R$ 40 bilhões feito no primeiro semestre, ainda restam R$ 86 bilhões, frisou.

Concluída essa etapa em 2019, o banco ainda deverá R$ 144 bilhões à União. A ideia, de acordo com Montezano, é devolver todos esses recursos até o fim do mandato do presidente Jair Bolsonaro.

“Caixa-preta” – Durante a coletiva, ele enfatizou que a meta número 1 do banco será jogar luz sobre a crença na existência de uma suposta “caixa-preta” do BNDES, que, na sua visão, faz com que uma “nuvem negra” siga pairando sobre o banco, dificultando o desenvolvimento de qualquer estratégia.

Montezano admitiu, por outro lado, que não tem opinião sobre o assunto, após administrações anteriores já terem implementado medidas de abertura de dados do BNDES sobre os empréstimos concedidos pelo banco.

“Para deixar claro: não tenho opinião formada sobre o tema da caixa preta ainda. Estou vindo aqui com cabeça extremamente aberta e limpa sobre o conteúdo das informações que estão lá. O que eu estou pedindo, o que eu estou colocando como objetivo é um prazo de dois meses para formar minha opinião a respeito do tema”, afirmou. (Reuters)

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