“O Mistério de Irma Vap” em BH

O Teatro em Movimento, no ano que celebra 21 anos, traz à capital mineira, através do patrocínio do Instituto Unimed-BH e da Cemig, o premiado espetáculo “O Mistério de Irma Vap”, com os atores Luis Miranda e Mateus Solano, com direção de Jorge Farjalladias. Serão duas apresentações, amanhã, às 21h, e no domingo, às 19h, no Sesc Palladium.
A trama original se passa em um lugar remoto da Inglaterra e conta a história de Lady Enid, a nova esposa do excêntrico Lord Edgar. Ela tem que se adaptar a viver no lugar onde o filho do casal foi morto por um lobisomem, uma mansão mal-assombrada pelo fantasma da primeira esposa de seu marido, Irma Vap. Porém, na casa há uma governanta que assume a posição de rival da recém-chegada. Para retomar o amor de seu marido, Lady Enid come o pão que o diabo amassou e pratica peripécias divertidas. Em cena, dois atores interpretam os vários personagens, entre humanos e assombrações.
A primeira e icônica montagem brasileira de Irma Vap foi dirigida por Marília Pêra, com Ney Latorraca e Marco Nanini no elenco. A peça estreou em 1986 e ficou em cartaz durante 11 anos consecutivos, o que garantiu ao texto o registro no livro Guiness World Records. A rápida e ágil troca de vários figurinos, e personagens, chamava a atenção da plateia. Nesta versão, que estreou em 2019, Mateus Solano e Luis Miranda são os protagonistas, sendo a direção e adaptação de Jorge Farjalla, a partir do texto de Charles Ludlam.
“É lindo ver a plateia de volta ao teatro. Sobrevivemos à pandemia. Nos unimos para ajudar os colegas que não estavam trabalhando: técnicos e amigos que passaram dificuldade. E agora retomar, abrir um espaço teatral e ver o público voltar é muito emocionante”, comenta Luis Miranda. O espetáculo que teve sua turnê interrompida por quase dois anos, por conta da pandemia da Covid-19, retornou no começo de 2022. Mateus Solano também pontua: “Estamos muito felizes de conseguir retomar. Nesse mundo tecnológico tão ensimesmado, em que a gente vive, a arte do encontro, que é o teatro, é cada vez mais necessária.
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A peça já passou três vezes por São Paulo, duas por Porto Alegre, Campinas (SP), Curitiba, Florianópolis, Goiânia, Salvador, Uberlândia e Rio de Janeiro. Após apresentações em Belo Horizonte, “O Mistério De Irma Vap” seguirá em circulação por Salvador, Recife, Brasília e Goiânia.
Origem
O texto foi montado pela primeira vez em 1984 em um pequeno teatro em Greenwich Village, em Nova York, nos Estados Unidos, pela companhia Ridiculous Theatrical Company, do próprio Charles Ludlam. Ele fez uma paródia dos clássicos e inspirou-se em um gênero da Inglaterra Vitoriana chamado “penny dreadful” (que pode ser traduzido como terror a tostão) para criar um novo tipo de comédia, o melodrama vitoriano.
Diferente da história original, a versão é situada em um trem fantasma de um parque de diversões macabro. “Usamos como referência os filmes de terror, como Pague para Entrar, Reze para Sair, de Tobe Hooper; Rebecca, de Alfred Hitchcock, e a estética dos anos 80. Mergulhamos também no universo do videoclipe de Thriller, de Michael Jackson, que foi dirigido pelo cineasta John Landis, uma referência do que é um filme de horror. Além disso, a obra também tem várias citações de Shakespeare, principalmente de Hamlet. Desfragmentamos todas as camadas do texto para ver o que estava por trás dele e ressignificar a obra”, conta o diretor e encenador Jorge Farjalla.
O espetáculo, ainda segundo o diretor, tem a proposta de expor aos olhos do público essa troca de roupas e enfatizar ainda mais o texto e o trabalho do ator. “Nós teatralizamos a troca de roupas. Eu quero mostrar para o espectador o teatro como uma grande ilusão e o ator como um grande mago, que pode criar tudo na frente do público e fazê-lo acreditar naquela situação. Quero que a plateia sinta o trabalho do ator e como eles vão dividir esses personagens em um jogo de espelhos. O próprio texto de Ludlam sugere o jogo teatral e tentamos enfatizar ao máximo a questão dos atores como um duplo”, comenta.
O cenário de Marco Lima é um trem fantasma, com o carrinho utilizado de forma manual, artesanal e mecânica. Tudo construído com madeira, ferro e materiais simples. As luzes do cenário piscam e as portas abrem e fecham.
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