O que levou o PIB de Minas Gerais a crescer no 1º semestre? Analistas explicam

O Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais apresentou alta de 2% no primeiro semestre deste ano se comparado com o mesmo período de 2023. O resultado foi influenciado, principalmente, pelos setores de serviços e indústrias. Ao somar R$ 248 bilhões no segundo trimestre deste ano, o PIB nominal do Estado, a preços correntes, acumulou R$ 538 bilhões na primeira metade de 2024.
Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (12) pela Fundação João Pinheiro (FJP) e mostram que no primeiro semestre o setor de serviços cresceu 3,1%. Responsável por mais da metade da economia mineira, o segmento do comércio, que cresceu 4,5% no período, puxou o resultado.
A economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG), Gabriela Martins, afirma que não há surpresa nos números. “Todas as pesquisas mensais de serviços mostravam uma expansão no volume de produção, o que interfere diretamente no crescimento do setor”, afirma.
Na visão dela, serviços é setor-chave para a economia estadual e tradicionalmente apresenta variações. Porém, as expectativas são boas e há espaço para mais crescimento. “Estamos em um cenário de baixo desemprego e o maior nível de renda disponível. No segundo semestre, comumente, há maior movimentação no volume de vendas, nos segmentos de comércio e outros serviços, o que gera grande expectativa de crescimento para os próximos meses”, diz.
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Porém, a economista da Fecomércio-MG alerta que fatores como os juros altos e as condições extremas do clima poderão afetar o crescimento da economia.
Indústria extrativa puxa crescimento do setor
O conjunto das indústrias também contribuiu para o bom resultado do PIB mineiro, com crescimento de 2,8% até junho deste ano na comparação anual. O analista de estudos econômicos da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Walter Horta, também entende que a elevação está relacionada ao bom momento da economia. Mas ele acredita que, especificamente, em Minas Gerais, o PIB é muito influenciado pelos resultados da indústria extrativa, que cresceu 5% no primeiro semestre.
“Os principais players desse segmento aumentaram o volume de produção, resultado das manutenções realizadas nas plantas no ano passado, que permitiram o aumento de produtividade”, destaca.
Ele também cita a indústria da construção, que teve acréscimo de 4,5% no período. “Tivemos as quedas de taxas de juros, a retomada do Minha Casa, Minha vida e a retomada de obras públicas contribuindo com o setor da construção e com o resultado do PIB mineiro de modo geral”, resume.
PIB da agropecuária sofre os efeitos do clima em Minas
Já a agropecuária foi o único setor que teve retração nos primeiros seis meses deste ano, ao registrar queda de 10%. Na análise da assessora técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Aline Veloso, a escassez hídrica tem sido responsável por uma retração na produtividade.
Entretanto, ela lembra que, no ano passado, Minas Gerais teve safra recorde, elevando a base de comparação. “Em 2023 as condições climáticas eram mais favoráveis e o produtor veio com um pacote tecnológico melhor”, diz.
Neste ano, o clima tem frustrado o desempenho. “As adversidades climáticas começaram no final de 2023 e estão influenciando nossas atividades produtivas. É no último trimestre que a gente planta o que vamos colher entre janeiro e março. E o clima acabou frustrando o desempenho”, completa.
A assessora também cita a pressão dos preços agropecuários. “A gente consegue identificar uma influência do mercado internacional, do dólar nos preços das principais commodities, impactando o resultado econômico”, afirma.
Já o crescimento de 1,7% registrado pela agropecuária no segundo trimestre em relação ao primeiro trimestre deste ano, Aline Veloso atribui à colheita do café. “É uma atividade bastante importante na dinâmica da nossa agropecuária e tem um peso importante na nossa economia”, afirma.
Porém, ela não considera uma recuperação, mas uma sazonalidade da produção. Da mesma forma, como se dá, nesta época, a entrada da cana, do citros, entre outras culturas que são permanentes e contribuem para o desempenho econômico no segundo trimestre da agropecuária.
“Vamos continuar acompanhando nossa agropecuária com bastante atenção, justamente, por causa desta disponibilidade hídrica, já comprometida em determinadas regiões e pode afetar a produção no próximo semestre”, finaliza.
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