Obras dos novos distritos em Mariana serão concluídas em breve

Quase todos os imóveis que estão sendo construídos em Novo Bento Rodrigues e Paracatu, em Mariana, na região Central do Estado, no âmbito da reparação aos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, da Samarco, em 2015, devem ter as obras concluídas em dezembro deste ano. A exceção será uma quadra esportiva no primeiro distrito, com conclusão estimada para fevereiro de 2025.
As informações são do diretor de Engenharia e Obras da Fundação Renova, Wallace Ferreira. A entidade, criada em 2016, é a responsável por gerir as compensações e reparações da tragédia.
Ele revela ao DIÁRIO DO COMÉRCIO que, até o início deste mês, das 405 construções a serem feitas, entre casas, comércios, sítios, lotes e equipamentos públicos, 337 foram finalizadas, ou seja, mais de 80%. Além disso, 247 chaves foram entregues aos atingidos, o que representa cerca de 60%, e 217 famílias já estavam ocupando as residências, aproximadamente 50% do total.
“Podemos dizer que hoje o reassentamento é uma realidade. Temos moradores, comércios estabelecidos, escolas funcionando e serviços de abastecimento de água e esgoto”, afirmou. “Já conseguimos enxergar um ar de bairro, de um local bastante movimentado, por sinal”, destacou.
Ferreira ressalta que essa previsão de conclusão das intervenções não considera as 26 famílias que ainda não decidiram se preferem receber as casas ou serem indenizadas. Conforme o diretor, assim que escolherem, um novo cronograma será firmado com os familiares. Caso optem pelas residências, a construção pode levar de 8 a 12 meses, a depender do projeto.

Atraso nas intervenções e mudança do modo de vida da população
Vale lembrar que o prazo inicial para a entrega dos imóveis era 2019. O diretor da fundação justifica o atraso dizendo que o reassentamento de Mariana foi um processo único de aprendizado para todos os envolvidos e participativo, com diversas etapas em grupo e individualizadas, como a escolha dos terrenos e dos projetos das casas. Ele alega que ainda passaram por um período de adaptação na pandemia – época em que houve redução no contingente de trabalhadores nas obras.
“Costumo falar que esse reassentamento é um processo de aprendizado e dedicação, em que o tempo é visto de várias formas. Para o atingido é muito valioso. Mas o que posso afirmar é que, desde 2016, quando começamos a trabalhar, até agora, não paramos em momento algum”, disse.
Outro alvo de questionamentos é a falta de espaços nos novos distritos para agricultura familiar e criação de animais e a perda do modo de vida rural em relação aos antigos locais. Ferreira reconhece que houve uma mudança para um estilo mais urbano, mas pondera que as residências foram construídas conforme as preferências individuais e aqueles que optaram por preservar características rurais, como hortas e criações, conseguiram manter esse contato com a vida rural.
“Temos uma ferramenta que é um acompanhamento de satisfação. Fazemos uma pesquisa com dez dias após a pessoa ir morar na casa e outra com dois meses. Com dez dias, temos mais de 88% de satisfação, e com dois meses, mais de 90% de satisfação. Então a gente observa um índice de satisfação elevado e de adaptação ao local mesmo com certas diferenças”, ressaltou.

Valor destinado às ações de reparação e compensação ultrapassa os R$ 35 bilhões
Desde o rompimento da barragem de Fundão até o dia 31 de março deste ano foram destinados R$ 35,80 bilhões para as ações de reparação e compensação, de acordo com a Fundação Renova. Desse valor, R$ 14,18 bilhões foram para o pagamento de indenizações e R$ 2,78 bilhões em auxílios financeiros emergenciais, totalizando R$ 16,96 bilhões em 442,7 mil acordos.
Entre os outros repasses compensatórios, está o de R$ 761 milhões para ações de saneamento nas cidades do entorno da bacia do rio Doce. A expansão do sistema de esgotamento sanitário em Mariana, por exemplo, está sendo feita com recursos da reparação. Novo Bento Rodrigues e Paracatu foram pioneiros a dispor de serviços de tratamento de água e esgoto no município.
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