Economia

Sem políticas públicas, oficinas de GNV podem encerrar atividades até final de 2025

Situação pode acontecer até o fim de 2025, se nenhuma medida for tomada; gasto para conversão e burocracias são alguns dos entraves ao uso do gás natural veicular em Minas Gerais
Atualizado em 3 de outubro de 2024 • 13:49
Sem políticas públicas, oficinas de GNV podem encerrar atividades até final de 2025
Oficinas convertedoras já foram mais de 100 e hoje não somam 20 em todo o Estado, segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos de Minas Gerais (Sindirepa-MG), Alexandre Mol | Crédito: Diário do Comércio / Arquivo / Alisson J. Silva

As oficinas convertedoras, ou seja, aquelas que realizam a conversão de combustíveis comuns dos veículos, para o uso do kit de gás natural veicular (GNV), podem encerrar suas atividades até o final de 2025 se não houver políticas públicas mais contundentes para o setor.

Quem prevê o cenário negativo é o presidente do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos de Minas Gerais (Sindirepa-MG), Alexandre Mol. De acordo com ele, as oficinas convertedoras já foram mais de 100 e hoje não somam 20 em todo o Estado.

“Hoje registramos mais retiradas de kits nas oficinas do que instalação. O setor está de mal a pior. Enquanto as oficinas instalam uma média de dois a três kits por mês, praticamente todos os dias elas desinstalam um kit de um carro. E a experiência que nós temos é que a pessoa que retira aquele kit, dificilmente volta a instalar”, observa Mol.

Na visão do representante das empresas, faltam políticas públicas de incentivo ao uso da opção energética. Ele compara os preços do GNV em Minas Gerais com o Rio de Janeiro, estado que reúne a maior frota de veículos – 1,7 milhão de carros movidos à GNV (gás natural veicular) do País.

Enquanto no Rio de Janeiro o metro cúbico (m³) é encontrado entre R$ 4 e R$ 4,44, em Minas Gerais a mesma quantidade está em torno de R$ 5. Além disso, enquanto no estado mineiro o Imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA) é calculado pelo valor de 4% do veículo, no estado vizinho, a taxa é de 1,5% para quem usa o GNV, o que estimula a troca “O desconto que você ganha, paga o investimento. O incentivo estimula o uso”, diz.

Alexandre Mol reconhece que a pessoa que opta pela conversão precisa arcar com o investimento do kit (cerca de R$ 4 mil), passar por vários processos de homologações e vistorias que são burocráticos e alterar os documentos junto à Coordenadoria Estadual de Gestão de Trânsito, o antigo Detran e também defende a fiscalização.

“Você tem o gasto do kit e um gasto com a burocracia. Eu não sou contra, precisa mesmo ser fiscalizado e controlado, mas essas burocracias são entraves. O motorista que opta pelo GNV tem um gasto médio de R$ 6 mil”, explica o presidente.

De acordo com ele, é um investimento que tende a ser recuperado de forma rápida já que o GNV é mais econômico que os outros combustíveis. Entretanto, a volatilidade dos preços do etanol e da gasolina, acaba desmotivando o motorista a continuar ou aderir ao GNV. 

“O governo poderia auxiliar o GNV, já que é um combustível limpo. Nosso maior desafio é convencê-lo da necessidade de criar subsídios, como a redução do IPVA”, avalia. 

O presidente defende ainda que o GNV é rentável, seguro e poderia ter maior adesão por empresas e transportes públicos. “Em Las Vegas, nos Estados Unidos, por exemplo, todos os ônibus públicos são movidos a GNV”, observa.

GNV é mais econômico e menos poluente

O gás natural veicular possui vantagens sobre os demais combustíveis. Além de ser mais econômico, contribui com a sustentabilidade do planeta. Em média, o motorista roda o dobro da distância dos outros combustíveis, conforme ressalta o presidente.

Além disso, por ser seco, não provoca resíduos de carbono nas partes internas do motor, aumentando a vida útil e o intervalo de trocas de óleo. 

O gás também tem baixa emissão de nitrogênio, dióxido de carbono (CO²) e enxofre, contribuindo para a melhoria do ar nos centros urbanos. Em relação às emissões de CO², ele tem redução de 20% a 30% em relação à gasolina, por exemplo. “Não é único combustível ‘limpo’, mas poderia ser mais uma opção”, defende Mol.

Governo diz que estimula GNV em Minas Gerais

Procurado, o governo de Minas afirmou, nesta quinta-feira (3), que vem ampliando a infraestrutura para o abastecimento de veículos movidos a Gás Natural Veicular (GNV) no Estado desde 2019, por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede-MG) e da Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig).

“Além disso, as ações focam na melhoria do atendimento aos seus clientes, por meio dos Postos Revendedores de GNV, bem como no desenvolvimento sustentável e na descarbonização da matriz energética do Estado”, disse a nota enviada pela Sede-MG.

A pasta listou seis projetos que atuam nesta frente:

1 – Tarifa de GNV vinculada à competitividade frente à gasolina

2 – Projeto Corredores de GNV

3 – Novos Postos GNV dentro do Projeto Centro-Oeste

4 – Programa GNV Atende!

5 – Projeto Posto GNV Sustentável

6 – Novos Postos GNV na Área de Influência do SDGN

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