Economia

Oficinas mecânicas no Estado têm crescimento moderado

Apesar da retomada, margem de lucro das empresas diminuiu com encarecimento de autopeças
Oficinas mecânicas no Estado têm crescimento moderado
Crédito: Adobe Stock

A desorganização do mercado internacional com a pandemia de Covid-19 refletiu em vários setores da economia brasileira, incluindo o de reparação automotiva, que sofreu com o “abre e fecha” das oficinas mecânicas. Outro ponto problemático para a área foi o encarecimento das autopeças, fruto da escassez de alguns componentes nas fábricas. As principais consequências desses fatores foram a redução da demanda de serviços e o impacto no faturamento das empresas.

Com o retorno definitivo das atividades em 2022, o setor pôde retomar o seu crescimento ainda que moderado e está bem próximo de voltar à “normalidade” anterior ao período pandêmico. Para o segundo semestre deste ano, a ideia é permanecer em contínuo progresso. Essas são algumas avaliações do presidente do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos do Estado de Minas Gerais (Sindirepa-MG), Alexandre Mol.

Apesar de não relatar números, o dirigente do sindicato revela que atualmente, a procura dos serviços ofertados pelas oficinas não é alta como em tempos anteriores, no entanto é constante. Segundo ele, houve épocas em que a demanda por reparos era tão grande, que era necessário agendamento prévio por parte dos clientes.

“A demanda vem em um crescimento constante, o mês atual está sempre melhor que o mês anterior. Eu falo isso na questão de manutenção mecânica, porque a manutenção de colisão depende muito do tempo. O tempo de chuva, por exemplo, aumenta absurdamente (a demanda), já o tempo seco diminui”, afirmou.

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No que se refere aos preços das peças automotivas, Alexandre Mol destaca que eles estão estagnados, entretanto, em um patamar elevado. Ainda segundo ele, acompanhando a alta dos automóveis, alguns componentes chegaram a subir 50% nos últimos dois anos. Apesar do aumento significativo nas autopeças, a mão de obra subiu pouco, e isso deve ser administrado pelas oficinas para não assustar os clientes. 

“É a nova realidade. Pneu subiu muito, lubrificantes, aço, então a gente tem que administrar isso, parcelar de mais vezes e arrumar alguma saída para atender o cliente. Está dando um pouco mais de trabalho, mas faz parte do mercado. Nós já vivemos outras vezes também, eu acredito que isso vai se normalizar em breve”, ressaltou. 

Ainda devido à alta de preços, houve redução no faturamento das empresas. “A margem de lucro das oficinas diminuiu um pouco, porque com o aumento das autopeças você acaba tendo que fazer parcelamentos maiores, conceder desconto em uma mão de obra que já estava meio achatada, mas o faturamento se mantém com um crescimento modesto”, disse Alexandre Mol.

Oficinas de conversão para GNV

Segundo Alexandre Mol, as recentes medidas dos governos estadual e federal de baixarem a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) de alguns combustíveis ajudaram o setor de reparação de veículos, visto que as pessoas estão utilizando mais os seus automóveis. Entretanto, as iniciativas não contemplam o gás natural veicular (GNV), o que afeta diretamente a demanda de serviços das oficinas que fazem a conversão de veículos movidos a etanol, gasolina e flex (tanto etanol quanto gasolina) para GNV.

Ainda conforme o presidente do Sindirepa-MG, com as tarifas atuais, as pessoas não vão realizar a conversão, pois “às vezes o usuário esquece que o GNV é 50% mais econômico do que o etanol e 30% mais econômico que a gasolina”. 

“A conversão as pessoas não vão fazer com esse patamar que está, isso deu uma parada nessas oficinas de conversão, mas quem tem o kit no carro ainda assim é vantajoso usar. Mas nós estamos trabalhando muito com a Gasmig (Companhia de Gás de Minas Gerais), com o governo estadual para conseguir uma nova tarifa para o GNV para que esse setor também não fique prejudicado com essas novas políticas”, destacou.

Escassez de mão de obra qualificada

A falta de mão de obra qualificada no País é um problema para inúmeros setores e uma das maiores preocupações do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos do Estado de Minas Gerais (Sindirepa-MG). Conforme Alexandre Mol, o fato de os jovens de hoje não se sentirem atraídos pelo setor automotivo também é uma adversidade e a parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) busca estimular essa atração. 

“Nós estivemos em São Paulo, fizemos um benchmarking com o Senai do Ipiranga e estamos mudando a nossa escola de mecânica para algo que atraia os jovens, algumas coisas que o mercado requer como customização, melhoria de potência de veículos, estética automotiva e até o ambiente local com um ambiente mais interativo, mais descolado para os jovens, pra gente atrair essa mão de obra para nosso setor”, afirmou.

De acordo com Alexandre Mol, o Sindirepa-MG dispõe hoje de cerca de 250 oficinas associadas. Para atualizar os profissionais e capacitá-los para as mudanças do mercado são realizados todos os meses palestras técnicas para os reparadores automotivos e seus funcionários, além de palestras de gestão e treinamentos.

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