Economia

Oficinas mecânicas sofrem com a falta de autopeças

Situação tem motivado ações judiciais contra os reparadores, que ficam no prejuízo
Oficinas mecânicas sofrem com a falta de autopeças
Veículos chegam a ficar um ano parados por falta de peças | Crédito: Adobe Stock

A escassez de autopeças tem sido um grande desafio para as oficinas mecânicas. O presidente do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos do Estado de Minas Gerais (Sindirepa-MG), Alexandre Mol, avalia o cenário como uma falta de empenho dos fabricantes, ressaltando que eles dispõem de material e tecnologia para fabricar os produtos, mas não solucionam o problema.  

Conforme o dirigente, a falta de alguns itens específicos no mercado, incluindo peças de automóveis relativamente novos, que seguem em produção pelas montadoras, repercute negativamente na relação dos clientes com as oficinas. Por vezes, segundo ele, o transtorno torna-se ainda maior na esfera judicial, condenando os empresários por um atraso no serviço. 

Mol salienta, embora os clientes fiquem, por vezes, insatisfeitos com a demora, as oficinas não têm culpa, pois querem entregar os veículos para receber pelo conserto, porém, não encontram as autopeças para o reparo. Ele também exime de responsabilidade as seguradoras e diz que os fabricantes, os principais responsáveis pela situação, é que deveriam ser acionados judicialmente. 

“São coisas pontuais, mas atrapalha o nosso mercado. E infelizmente quando vai para o Judiciário quem está pagando a conta é quem não tem nada a ver com isso: o reparador e a seguradora. A seguradora não se nega a pagar a peça se achar para comprar e o reparador muito menos se nega a consertar o carro porque está precisando liberar aquela vaga na oficina e o veículo fica lá quatro, cinco meses esperando a peça e ele não é remunerado por ninguém por isso”, lamentou. 

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Carro esperando reparação há um ano e necessidade de estocar autopeças 

O proprietário do Amigo do Carro, oficina de Belo Horizonte com 22 anos de mercado, Jorge Fabel, afirma que, desde a pandemia, enfrenta dificuldades com a falta de autopeças, problema que se agravou ainda mais em 2023. O cenário é tão ruim que, segundo o empresário, tem veículo esperando por reparação há um ano em seu estabelecimento e ele não pode liberá-lo, como faz com outros automóveis até que a peça esteja disponível, por se tratar de um item de segurança.

O dono da Reparacar, oficina de Congonhas, no Campo das Vertentes, com 38 anos de mercado, Dermeval Junqueira, também alega obstáculos com a escassez de autopeças de qualidade disponíveis, reiterando que às vezes precisa comprar em três distribuidoras diferentes para completar um pedido. Para tocar os negócios sem ter carros parados no estabelecimento, ele diz que estoca um alto volume de peças.

Demanda de fim de ano, 2023 das oficinas e expectativa para 2024 

Para aproveitar as férias e as festividades de fim de ano, as pessoas tiram os veículos das garagens para viajar. Logo, buscam oficinas mecânicas para realizar uma revisão automotiva, o que aumenta a demanda do setor. Com as estradas cheias e um alto volume de chuva nesse período, as colisões também tendem a aumentar, elevando a procura pelos estabelecimentos. 

Segundo o presidente do Sindirepa-MG, a demanda das oficinas mineiras, neste fim de 2023, aumentou como geralmente acontece, entretanto, ficou em patamares iguais ao de 2022. Níveis parecidos também foram vistos no volume de negócios do ano inteiro, já que os estabelecimentos, conforme Mol, devem fechar o exercício estáveis ou com um ligeiro crescimento. A expectativa dele para 2024 também não é otimista, já que acredita que o ano será pior do que o atual. 

No caso da Reparacar, a oficina trabalha com agendamentos e 2023 inteiro foi bastante favorável, conforme Junqueira, que espera um 2024 ainda melhor. Situação distinta da Amigo do Carro que, segundo Fabel, deve encerrar o exercício no vermelho, impactado pela escassez de autopeças, defasagem na mão de obra paga pelas seguradoras e falta de dinheiro da população, que diminuiu a frequência de manutenções nos carros. Ele não vê o próximo ano com grandes mudanças.

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