Economia

Saiba quais serão os principais desafios de Gustavo Pimenta, novo presidente da Vale

Acordo de Mariana e dependência da China estão entre os temas que terão que ser tratados pelo novo presidente da companhia, apontam analistas
Saiba quais serão os principais desafios de Gustavo Pimenta, novo presidente da Vale
Crédito: Divulgação Vale

Escolhido como novo presidente da Vale, na terça-feira (27), o vice-presidente Financeiro da companhia, Gustavo Pimenta, terá de lidar com a dependência da China e desenvolver a parte de produtos ligados à transição energética, como cobre e níquel, apontam especialistas. Antes disso, o “primeiro passo” do novo CEO é resolver as pendências do Acordo de Mariana, que permitiria buscar uma consolidação da empresa no mercado internacional.

O analista da CM Capital, Robert Machado, afirma que um dos maiores desafios do novo presidente da companhia é como ele tratará a relação com o maior cliente estratégico da companhia, a China, que apresentou dificuldades econômicas nos últimos anos.

“É notório o caso de grandes incorporadoras chinesas que pediram recuperação judicial. Um caso muito destacado é o da Evergrande, por exemplo. Como Gustavo Pimentel tratará esse problema, como conseguirá lidar com esse cliente tão importante? Talvez a abertura de novas frentes de negócio com outros países seja uma saída”, analisa.

O analista de investimentos e especialista no mercado de commodities, Pedro Galdi, também apontou a dependência da economia chinesa como um desafio para o novo presidente da Vale, já que a potência asiática é responsável por metade da produção mundial de aço.

Além disso, outro desafio de Pimenta é desenvolver a exploração de metais não ferrosos da mineradora, voltados para a transição energética. “A Vale tem anunciado uma meta de crescimento de produção de cobre e níquel. Eles querem ser um dos grandes fornecedores de material na parte de energia elétrica, todos esses equipamentos de geração não-poluente, renováveis. O desafio deles é crescer no segmento”, disse.

Mas um “primeiro passo” do Gustavo Pimenta em busca dessa expansão é resolver as questões sobre o acordo para a reparação dos danos causados pela tragédia em Mariana, que se arrasta por anos.

Galdi acredita que as pendências podem ser resolvidas no próximo ano com o novo CEO, o que permitira a Vale almejar uma consolidação internacional no setor, por conta de sua robustez financeira, destacada pelo investidor como parte do êxito do trabalho do atual vice-presidente financeiro da companhia.

“A partir do momento que ela liquidar essas pendências – isso ela vai carregar por muitos e muitos anos, não é um negócio que se resolve num curto prazo – mantendo essa geração de caixa que tem, ela pode participar em oportunidades no mercado internacional”, aponta Galdi. “Acho que Mariana seria o primeiro passo importante em dar continuidade a esse projeto de cobre e níquel”, completa.

O analista da CM Capital ressaltou que a definição do novo presidente da Vale acalmou o mercado financeiro após um turbulento processo de sucessão, com suspeitas de intervenção do governo federal. A mineradora tem o maior peso na composição do Ibovespa, o indicador da B3, a bolsa de valores de São Paulo. “Essa definição de ser um homem de carreira, experiência internacional, entende o negócio, isso é bem-visto pelo mercado e entende que a companhia volte a trabalhar em patamares de valorização muito mais alto do que vem acontecendo nos últimos anos”, considera.

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