Economia

Ossos achados em museu podem ser do fóssil Luzia

Ossos achados em museu podem ser do fóssil Luzia
Pesquisadores e funcionários retiram peças dos escombros do Museu Nacional após incêndio. - Tomaz Silva/Agência Brasil

Rio de Janeiro – Ossos encontrados no trabalho de rescaldo do incêndio no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, estão sob análise de pesquisadores da instituição. Os cientistas conferem a possibilidade de o crânio ser de Luzia, o mais antigo fóssil humano encontrado no continente americano.

O prédio principal do Museu Nacional foi destruído por um incêndio que começou na noite de domingo (2) e avançou pela madrugada de segunda-feira. Uma das peças mais importantes do acervo, de 20 milhões de itens, era o fóssil de Luzia, que estava exposto à visitação. Pesquisadores constataram que o fóssil, descoberto em Minas Gerais, tem 12 mil anos.

Segundo a vice-diretora do Museu Nacional, Cristina Serejo, foram encontrados alguns ossos em uma área próxima ao local onde Luzia ficava exposta, mas ainda não é possível concluir se os restos pertencem a ela.

Uma tela do Marechal Rondon foi achada chamuscada nos escombros, e os pesquisadores devem iniciar um trabalho de recuperação da obra de arte.

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Um dos destaques do museu, a coleção egípcia reunida pela Família Real no Século XIX foi praticamente toda perdida, de acordo com a vice-diretora.

“Estamos recebendo várias ofertas de doações, e de várias instituições estrangeiras, inclusive. Vamos fazer uma campanha para receber material e reerguer o Museu Nacional com as coleções. Temos muitos contatos internacionais”, disse Cristina, que contou que o museu está se articulando internamente para receber as doações.

Explosão – O geólogo João Vagner Alencar Castro, professor do Museu Nacional, viu o momento em que seu laboratório explodiu durante o incêndio que destruiu a sede da instituição no último domingo (2). As chamas consumiram 17 anos de trabalho do pesquisador que, agora, vai ter de recomeçar do zero. Apesar do longo caminho para reconstruir o que perdeu, ele garante que a pesquisa não vai parar.

“A gente tem que se reinventar. As verbas começaram a decair dos últimos quatro anos, mas, mesmo assim, com a nossa garra, a gente dava jeito. A gente usava os nossos recursos para continuar as pesquisas. Elas não pararam e não vão parar”, disse o geólogo. “Vamos começar tudo do zero, infelizmente, mas a gente não vai desistir.”

Petróleo – As perdas do setor de geologia são enormes, afirma Castro. Entre as preciosidades que o museu guardava estava uma amostra de cinco litros da primeira reserva de petróleo encontrada no Brasil, na década de 1930. Sobre o poço de Lobato, na Bahia, foi construída a primeira refinaria do País.

Outro item importante do acervo era o fóssil de parte de uma baleia encontrada 15 quilômetros terra adentro no estado do Rio de Janeiro, comprovando a variação do nível do mar na costa do Brasil. Ao ser identificado, o osso serviu para embasar pesquisas que traçaram projeções para o nível do mar. A biblioteca do setor foi outra perda.

“Perdemos todos os nossos livros e exemplares históricos. A área de sedimentologia está de luto”. (ABr)

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