Economia

Otimismo da indústria de materiais de construção segue forte em fevereiro

Segundo levantamento feito pela Abramat, 48% das empresas do setor esperam boas vendas no mercado interno em fevereiro
Otimismo da indústria de materiais de construção segue forte em fevereiro
Foto: Divulgação Sinduscon-MG

A indústria de materiais de construção segue otimista para o mês de fevereiro. De acordo com levantamento feito pela Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), 48% dos industriais associados esperam boas vendas no mercado interno neste mês. Outros 48% acreditam que os resultados atingiram um patamar regular, e o restante projeta um desempenho muito bom.

O presidente da Abramat, Rodrigo Navarro, destaca que o cenário está ainda melhor no segmento de acabamentos, com 9% das empresas esperando que as vendas de fevereiro sejam muito boas. Já 36% acreditam que o setor alcançará bons resultados e 55% acreditam que o desempenho será regular ao longo do mês.

Navarro explica que o cenário está relacionado a uma característica do mercado em que, primeiro, surge uma forte demanda por materiais de base, utilizados no início das obras, e, em seguida, aumenta a procura por itens de acabamento, que tendem a ser mais caros.

Atualmente, a demanda por produtos de acabamento está em níveis mais altos que aqueles de base, devido ao alto volume de venda de imóveis no mercado.

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Já para as vendas no mercado externo, 47% das empresas do setor de construção projetam um bom desempenho ao longo de fevereiro e 41% esperam um resultado regular. Por outro lado, 6% projetam desempenho ruim e outros 6% dos associados acreditam que as vendas serão muito ruins.

A pesquisa feita pela Abramat também aponta que 43% estão indiferentes quanto às ações do governo para o desenvolvimento do setor nos próximos 12 meses. No entanto, a parcela dos industriais pessimistas saltou de 11%, em dezembro de 2024, para 38% no estudo realizado no mês passado, enquanto o grupo das empresas otimistas caiu de 22% para 19%.

Expectativa de investimentos

Pouco mais da metade (52%) dos empresários industriais do setor de construção pretendem realizar algum tipo de investimento nos próximos 12 meses, sendo 33% com foco na expansão da capacidade da empresa e os outros 19% em modernização dos meios de produção.

Esse resultado representa uma forte queda frente à pesquisa de dezembro, quando 83% demonstravam interesse em investir.

“A questão do recuo da intenção do nível de investimentos neste momento preocupa, podendo estar ligado pontualmente à efetivação de ações recentes”, diz Rodrigo Navarro.

Quanto ao nível de utilização da capacidade instalada, a média das empresas do setor passou de 79%, no último mês de 2024, para 77% em janeiro deste ano. Esse índice é um ponto percentual (p.p.) acima do registrado no mesmo mês do ano passado (76%). “Este é um bom resultado e demonstra que estamos aquecidos e prontos para atender a demanda”, avalia.

Construção Civil
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil/Arquivo

Desempenho e desafios enfrentados

O presidente da Abramat lembra que o índice de faturamento do setor de construção, elaborado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), fechou o ano de 2024 com uma variação positiva de 5,8%, enquanto no ano anterior, o indicador apresentou queda de 2,1%.

“Tivemos um belo crescimento se comparado com 2023. Já para 2025 e os demais anos a seguir, nós esperamos um crescimento sustentável, a FGV, por exemplo, projeta algo na casa de 2,8% para este ano”, completa.

Ele explica que houve diversos fatores que contribuíram para esse desempenho ao longo do último ano, assim como alguns elementos que acabaram segurando esse avanço do setor.

Dentre eles, estão:

  • o alto endividamento das famílias;
  • a inflação sob controle, mas com tendência de crescimento;
  • e a subida dos juros, que impactam o financiamento para as famílias e para as grandes obras.

Outra preocupação do segmento de construção mencionada pelo dirigente é a falta de materiais com conformidade técnica e fiscal. Ele relata que a entidade está lançando um programa, em parceria com o governo federal, chamado Conformidade para Todos, que visa minimizar esse problema. “A falta de conformidade técnica dos produtos é uma realidade e é um dos pontos de atenção para o ano de 2025”, completa.

Polarização política no Brasil impacta setor

O dirigente ainda destaca os efeitos das externalidades como os conflitos geopolíticos entre Estados Unidos e China e a polarização política no Brasil, que também podem impactar as expectativas do setor. Ele também pontua que o índice da indústria, no geral, calculado pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), caiu para 49,1 pontos, o que demonstra um cenário de pessimismo no setor.

“Mas, no caso da construção, eu estou otimista, mesmo sabendo desses desafios. Porque o Brasil precisa gerar emprego e renda, além de atrair investimentos. O ecossistema da construção civil é o setor que possui essa pujança e esse papel de gerar emprego e renda”, afirma.

Construção
Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil

Expectativas do setor de construção

Navarro afirma que as expectativas para o futuro são positivas, principalmente se considerar a demanda que poderá ser gerada por meio das ações do programa Minha Casa Minha Vida no combate ao problema do déficit habitacional.

Além disso, ele lembra que a Missão três do programa Nova Indústria Brasil, contará com R$ 1,6 trilhões em investimentos para os próximos cinco anos, sendo que o setor da construção responderá por R$ 1 trilhão.

“Isso demonstra que ainda temos muitas obras de infraestrutura sendo programadas e muitas outras, que estavam paradas, sendo retomadas. Temos ainda o cronograma do Marco do Saneamento que, uma vez cumprido, trará esses investimentos”, relata.

O presidente da Abramat destaca a importância e a capacidade do setor de construção civil de gerar empregos, de forma rápida, e injetar renda na economia.

“Nós sabemos que existem muitos desafios, mas nós estamos trabalhando nesse sentido de eliminar as barreiras e crescer junto com o País. Pois se o Brasil cresce, nós crescemos e vice-versa”, conclui.

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