Economia

Otimismo no varejo vem diminuindo mês a mês

O indicador mede a percepção dos empresários sobre o nível atual e a expectativa de investir a curto e médio prazos
Otimismo no varejo vem diminuindo mês a mês
Crédito: Alessandro Carvalho - Diário do Comércio

Os empresários do comércio de Belo Horizonte estão mantendo a intenção de investir e esperam contratar a médio prazo, mas o otimismo tem diminuído mensalmente. As informações foram diagnosticadas em pesquisa realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio-MG) nos últimos dez dias de abril. O indicador mede a percepção dos empresários sobre o nível atual e a expectativa de investir a curto e médio prazos.

Em maio, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) projetado para o mês alcançou 103,9 entre os empresários entrevistados. Uma redução de 4 p.p. com relação a abril quando o índice chegou a 107,9. Porém, se mantendo acima dos 100 pontos, que é o limite entre otimismo e pessimismo.

Stefan D’Amato, economista-chefe da Fecomércio-MG, avalia que, apesar da queda contínua do Icec nos últimos meses, os empresários ainda demonstram uma confiança elevada em relação ao futuro do setor comercial e das empresas em atividade. “Essa confiança pode ter um impacto positivo na economia local, resultando em um maior investimento e aumento de emprego na cidade de Belo Horizonte em um médio prazo”, explica.

Os números vão de acordo com o Índice de Investimento dos Empresários do Comércio (Iiec), que integra a pesquisa Icec de maio. Dos empresários entrevistados, 65,4% pretendem aumentar o quadro de funcionários.

Já com relação às expectativas de vendas e à situação econômica do País, eles se mostram menos confiantes. Para a maioria dos entrevistados (71,4%), a condição atual da economia piorou. E no mês de maio, 75,4% disseram acreditar na melhora das vendas, percentual inferior ao observado em abril, quando 78,3% apostavam na progressão. Com relação a esse ponto, D’Amato avalia que a queda pode estar relacionada à manutenção das taxas de juros altas, o que desestimula os setores dependentes de crédito.

Investimentos

Quanto ao nível de investimento da empresa, o Índice de Investimento do Empresário do Comércio fechou, no mês de maio, em 100,9 pontos, valor inferior em 1,6 p. p. em relação ao observado no mês anterior (102,5). Dos empresários entrevistados, o nível de investimentos das empresas está maior para 46,7%, valor 2,3 p. p. menor que no mês anterior.

“A queda nos investimentos pode ter consequências negativas a longo prazo, podendo limitar a capacidade de inovação e crescimento do setor, levando à estagnação”, alerta D’Amato. Para ele, é crucial que os empresários encontrem maneiras de manter seus investimentos e buscar soluções criativas para enfrentar os desafios atuais e futuros.

O segmento que mais pretende contratar, conforme a pesquisa, é o comércio de não duráveis, com 17,9%, seguido por duráveis com 13,8%. Comerciantes do grupo de semiduráveis ficam em terceiro lugar na intenção de aumentar muito as contratações somando 7,5%.

Pós-pandemia

O estudo ainda destaca que a capacidade de investimento para as empresas de pequeno porte, que constitui a vasta maioria do setor de bens e serviços, foi duramente impactada por fatores como a alta da taxa de juros, a queda no poder de compra das famílias e o endividamento no pós-pandemia.

Avaliando o cenário geral, Stefan D’Amato avalia que apesar dos desafios enfrentados, os empresários do comércio mantêm um otimismo significativo. “O investimento futuro será direcionado para a expansão da mão de obra, com destaque para as empresas de menor porte, impulsionadas pelo setor de bens duráveis. Essa perspectiva positiva pode indicar que os empresários estão acompanhando as mudanças no mercado e se preparando para aproveitar as oportunidades que surgirão”, avalia.

Entretanto, ele alerta que é preciso agilidade e flexibilidade por parte deles. “É necessário que eles adotem estratégias de gestão e marketing para ajudá-los a se adaptarem às mudanças e se manterem competitivos”, ressalta.

O economista explica que era esperado uma melhora com as medidas de transferência de renda, como o Bolsa Família e o 13º salário para aposentados, juntamente com a redução da inflação e o aumento do emprego. “No entanto, o alto endividamento das famílias se tornou um obstáculo significativo. E essa situação impede o aumento do consumo, desacelera o setor de comércio e dificulta a retomada econômica”, conclui.

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