Economia

Belo-horizontinos preferem comprar ovos de Páscoa industrializados a produtos artesanais 

Aumento significativo do valor do cacau no mercado, matéria-prima para produção do chocolate, tem impactado os fabricantes artesanais
Belo-horizontinos preferem comprar ovos de Páscoa industrializados a produtos artesanais 
Foto: Dione AS Diário do Comércio

A demanda dos consumidores belo-horizontinos por ovos de Páscoa e chocolates industrializados é maior que a procura pelos produtos artesanais para presentear alguém. De acordo com a pesquisa Intenção de Consumo para a Páscoa, da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio-MG), 47% dos entrevistados pretendem adquirir ovos industrializados e 34,2% optaram pelos chocolates industrializados em geral.

O levantamento feito pelo Núcleo de Estudos Econômicos e de Inteligência & Pesquisa da Fecomércio-MG ainda aponta que 12,3% escolheram os ovos artesanais e apenas 6,4% dos respondentes disseram que comprarão chocolates do tipo artesanal.

A economista responsável pelo estudo, Gabriela Martins, explica que o aumento significativo do valor do cacau no mercado, matéria prima para produção do chocolate, tem impactado, principalmente, os fabricantes artesanais. Segundo ela, essas empresas têm dificuldade para segurar os custos e evitar o repasse para os consumidores, se comparado com as grandes empresas.

“As grandes indústrias e os grandes produtores, tanto de ovos de Páscoa industrializados quanto de chocolates em geral, conseguem fazer algumas mudanças na cadeia produtiva para superar esse aumento”, diz.

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Dessa forma, as grandes empresas contam com a possibilidade de oferecer preços mais atrativos para o consumidor. A economista pontua que o fator preço tem sido determinante no momento da compra.

Outro ponto que também pode explicar essa preferência por produtos industrializados é a facilidade no acesso e na compra. Gabriela Martins lembra que chocolates e ovos da Páscoa industrializados são facilmente encontrados em supermercados e hipermercados, dentre outros comércios.

“A maior facilidade no acesso ao produto e até mesmo na realização do pagamento em compras nessas lojas são fatores muito importantes para o consumidor no momento de defender o seu poder de compra”, diz.

O grupo dos chocolates e doces é maioria na pretensão de compra do consumidor de Belo Horizonte entre os diferentes tipos de presentes, com 91,4% das pessoas escolhendo estes produtos. Em seguida aparecem brinquedos (6,1%); vestuários e calçados (2%) e flores (0,5%). Além disso, apenas 4,7% demonstraram interesse em adquirir artigos religiosos no período de Páscoa.

A maioria (31,1%) das pessoas pretendem presentear namorados ou esposas, além de filhos (29%) e netos (15,1%). Os pais foram citados por 11,3% dos entrevistados, e irmãos e sobrinhos, por 6,7% e 3,8%, respectivamente. Apenas 0,4% têm a intenção de presentear a si próprios.

Planejamento para as compras de Páscoa

Ovo de Páscoa
Foto: Marcelo Camargo | Agência Brasil

Quanto ao planejamento para as compras para a Páscoa deste ano, o estudo demonstra que 49,5% espera gastar um pouco mais em presentes do que no ano anterior. Outros 49,5% planejam gastar o mesmo valor, ou até menos que em 2024. O gasto médio pode variar de R$ 100,01 a R$ 300 para 62% do público.

Os preços reduzidos (32,4%) e as promoções (31,1%) foram apontados como as principais ações capazes de atrair os consumidores nesse período. Outro destaque é a variedade de marcas e produtos, citada por 15,9% dos respondentes.

De acordo com a pesquisa, 44% dos belo-horizontinos afirmam que compraram poucos produtos de menor valor e 35,3% comprará poucos produtos de maior valor. Já 13,6% do público garante que irá comprar muitos produtos de menor valor e 6,5% pretendem adquirir muitos produtos de maior valor.

Vendas na Páscoa deste ano devem ser melhores que as do ano passado

A economista da Fecomércio-MG afirma que a expectativa é de que os resultados obtidos com as vendas na Páscoa deste ano possam ser melhores que os registrados em 2024, mesmo em um cenário de juros altos e inflação elevada em alguns produtos, como o chocolate.

Ela lembra que no ano passado o comércio da capital mineira já havia registrado um aumento significativo nas vendas do período. No entanto, 2025 conta com uma grande parcela dos consumidores dispostos a gastar o mesmo ou até mais do que foi gasto no ano anterior.

“Os empresários estão com expectativas ótimas, esperando vendas iguais ou melhores do que o ano passado. Nós vimos também que os consumidores pretendem, em sua maioria, fazer compras iguais ou maiores que as do ano passado. Isso corrobora nossa expectativa muito positiva nessa Páscoa. Nós já temos um patamar bem elevado em relação ao ano passado, então, se conseguirmos mantê-lo, teremos um resultado positivo”, diz.

A maioria (39,8%) dos consumidores pretendem realizar as compras de Páscoa em supermercados e hipermercados, enquanto 32,3% preferem as lojas de shopping centers. Outros lugares mencionados são as lojas de vizinhança (19,5%), lojas do hipercentro (6,6%) e a internet (1,8%).

O pagamento à vista no débito (26,1%) e à vista no dinheiro físico (25,5%) deverão ser as formas de pagamentos mais utilizadas no período. A opção do cartão de crédito com uma parcela foi citada por 20,1% dos entrevistados, enquanto a forma com mais de uma parcela conta com 19,6% dos consumidores da Capital. Já o Pix deverá ser utilizado por 8,7% das pessoas.

Gabriela Martins destaca que a baixa adesão ao Pix foi uma surpresa na pesquisa, já que essa forma de pagamento vinha se sobressaindo frente às demais. Ela acredita que esse resultado pode estar diretamente relacionado a confusão envolvendo uma suposta taxação do Pix, por parte do governo federal.

“Infelizmente essa repercussão trouxe efeitos negativos que seguem até hoje. Quando olhamos para outras formas de pagamento, notamos que a opção à vista tem se destacado, mas o cartão de crédito também tem um impacto muito importante”, relata.

Viagens no feriado

O feriado da Sexta-Feira Santa, que antecede o período da Páscoa e ocasiona uma emenda ao final de semana deve incentivar 10,9% dos moradores a viajar. Dentre os que pretendem fazer uma viagem, 45,5% têm como objetivo o lazer e o descanso, e 43,2% pretendem visitar amigos e familiares. Outros 9,1% viajarão por motivo religioso e 2,3%, a trabalho.

“Esses dados são fundamentais para orientar os empresários do setor sobre as tendências e preferências do consumidor neste período tão importante para o comércio”, destaca a economista.

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