País perdeu 890 mil empregos em 7 anos

O Brasil perdeu 890 mil empregos na produção de bens de média e alta complexidade em apenas sete anos – de 2013 a 2020. Se consideradas somente as 12 principais profissões de maior complexidade, tanto na indústria de bens de consumo quanto no setor de serviços, a perda é de quase 380 mil. Os números fazem parte de um estudo inédito do Grupo de Pesquisa em Política Pública e Desenvolvimento (GPPD), da UFMG, feito a partir dos dados mais recentes da Rais (Registro Anual de Informações Sociais).
Segundo os pesquisadores, a participação no emprego total desses setores vem caindo ao longo dos anos, passando de 11,4% em 2006 para 9% em 2020. Ainda assim, de 2006 a 2013 houve um aumento no número de empregos desses setores, passando de 3,92 milhões em 2006 para 5,04 milhões em 2013.
A partir deste ano e com o impacto econômico da crise de 2015 e 2016, no entanto, os dados apontam que o número de empregos desses setores vem caindo paulatinamente: bateu em 4,15 milhões em 2020 e chegou à perda de 890 mil postos, retornando a um patamar semelhante ao de 2007.
“O que a gente observa é que havia uma melhora na participação, sobretudo na composição do emprego antes de 2013. Setores de alta e média complexidade vinham aumentando sua participação no mercado de trabalho, embora lentamente. Nos últimos sete anos, eles não só não conseguem mais voltar ao ritmo de antes, como ficam praticamente estagnados”, diz o professor da UFMG João Prates Romero.
Esses segmentos incluem atividades distintas, como a fabricação de veículos automotores, de produtos de borracha e materiais plásticos e metálicos, operários de confecções e de móveis. O setor automotivo tem se tornado um símbolo dessa perda de vagas.
Alternativas
Para Romero, uma saída para estancar a sangria de empregos mais nobres passa pela retomada de políticas públicas, expansão do crédito e aumento de recursos para ciência e tecnologia.
“Também é preciso pensar em políticas de apoio à competitividade. A Europa e os Estados Unidos estão fazendo uma retomada muito assertiva de suas políticas industriais após a Covid-19, sobretudo em resposta à expansão competitiva da China”, diz o pesquisador.
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