Economia

Pandemia: Comércio e serviços acumulam perdas

Pandemia: Comércio e serviços acumulam perdas

Perdas. Essa é uma das palavras que definem os reflexos da pandemia da Covid-19 nos setores de comércio e serviços em Minas Gerais. No Estado, 81,4% dos empresários afirmam ter tido ou estarem acumulando prejuízos em seus negócios, de acordo com uma pesquisa divulgada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio MG).

Entre os principais efeitos da crise sanitária, segundo os dados da entidade, está a queda na receita (56,8%). Além disso, também houve a redução no quadro de funcionários (14,8%) e o acúmulo de estoque (11,1%).

A terceira edição do levantamento intitulado “Impactos do novo coronavírus na atividade econômica” também mostra que 52,3% dos empresários de comércio e serviços precisaram ou ainda mantêm as portas dos seus estabelecimentos fechadas.

“Os impactos no fluxo de caixa são uma consequência direta da redução do fluxo de clientes, da impossibilidade de operar. As empresas precisam de liquidez imediata, de capital de giro para manter as operações. Quando um empresário tem um estabelecimento impossibilitado de operar, ele tem um grave problema. Começam a faltar recursos para honrar compromissos, como aluguel e folha de pagamento”, destaca o economista-chefe da Fecomércio MG, Guilherme Almeida.

Além disso, alerta ele, o acúmulo de estoque também é um entrave, uma vez que as mercadorias poderiam estar gerando recursos, mas, se não têm clientes, elas se acumulam.

Nesse cenário, para driblar a crise vivenciada, de acordo com a pesquisa, os empresários estão diminuindo pedidos de estoque (33,6%) e negociando contratos de aluguel e prestação de serviços (28,2%).

Mas o quadro é ainda cheio de desafios, uma vez que, de acordo com os participantes do estudo da Fecomércio MG, o fluxo de clientes não voltou ao que era verificado no período pré-pandemia em 45% dos estabelecimentos e ficou abaixo das expectativas para 61,9% dos empresários.

Ano novo – Os dados da pesquisa também mostram que 60,9% dos empresários não demitiram funcionários por causa da crise provocada pela pandemia da Covid-19, mas 57,5% adotaram alguma medida do Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda.

A medida mais utilizada foi a suspensão do contrato de trabalho (22,8%), seguida pela redução proporcional de carga horária e salário dos empregados (18,6%). Os números também mostram que 76,7% das empresas não contrataram funcionários em meio à pandemia.

Diante desse quadro, Almeida lembra que a ausência de benefícios neste ano será um desafio. Além de os empresários não conseguirem mais suspender os funcionários, eles terão de manter os que foram suspensos pelo mesmo período de afastamento.

“Há, ainda, o fim do auxílio emergencial e existem todas as obrigações do começo de ano, o comprometimento com impostos, o fato de o orçamento já estar destinado a contas específicas”, ressalta o economista-chefe da Fecomércio MG.

Por outro lado, diz Almeida, a vacinação contra a Covid-19, que já começou em Minas Gerais, traz expectativas positivas, embora não em curto prazo. “O mercado financeiro já mostrou isso, se analisarmos o movimento da Bolsa de Valores”, salienta.

Índice de confiança tem recuo de 2,2%

Rio de Janeiro – O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) caiu 2,2% em janeiro de 2021 e passou para 105,8 pontos. Segundo explicou a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que mede o indicador, ainda que tenha registrado a segunda queda mensal consecutiva, o índice permanece no patamar de otimismo, que é acima de 100 pontos pelo quarto mês consecutivo. Na comparação anual houve variação negativa de 16,4%.

O presidente da CNC, José Roberto Tadros, destacou que os efeitos da pandemia ainda influenciam a confiança dos comerciantes. Ele disse que, tradicionalmente, janeiro é um mês mais modesto para o consumo. “Passado o período natalino e diminuído o efeito do aumento da renda com o 13º salário, as famílias estão mais dispostas a realizar gastos nos serviços de lazer, por força das férias escolares”, comentou.

O índice referente à satisfação dos comerciantes com as condições atuais e o que avalia as expectativas no curto prazo registraram quedas e, por serem dois dos principais índices do Icec, impactaram o resultado negativo do indicador principal. 

Enquanto o referente à satisfação dos comerciantes com as condições atuais passou para 80,5 pontos com o recuo de 5,8%, o indicador que avalia as expectativas no curto prazo apresentou retração pela segunda vez consecutiva, agora de 2,3% e atingiu 142,1 pontos. Mesmo assim, é o único dos indicadores do Icec acima dos 100 pontos.

O economista da CNC responsável pela pesquisa, Antonio Everton, considerou entre os motivos para a influência que levou ao resultado negativo podem estar o aumento do dólar, o endividamento das empresas, o reajuste dos aluguéis e a cautela do consumidor nas compras. 

“A predominância das percepções adversas também pode ter relação com a necessidade de se fazer investimentos em tecnologia e logística para avançar no e-commerce”, acrescentou.

Investimentos – O único a apresentar resultado positivo (1%) foi o índice que mede as intenções de investimento. Com isso, alcançou 94,9 pontos, voltando a crescer após ligeiro recuo em dezembro. Outro destaque também foi a intenção de contratação de pessoal. Esse índice teve alta de 2,1% e fechou o mês com 121 pontos.

O economista informou que, nos últimos quatro anos, a intenção de aumentar o quadro de funcionários tem registrado variações positivas em janeiro. “O planejamento dos empresários pode incluir aumento do número de pessoal para os próximos meses se a recuperação do emprego, consumo e da geração de renda permanecer em um ritmo satisfatório”, finalizou. (ABr)

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