Economia

Panificação registra alta de 2% nas vendas no Estado

Panificação registra alta de 2% nas vendas no Estado
Foto: Márcia Gouthier/ASN

O ano foi de desafios, mas mesmo assim a panificação conseguiu fechar 2021 de forma positiva, com aumento de vendas na casa dos 2%, em relação a 2020. Boa parte desses ganhos está diretamente ligada ao Natal. O movimento em dezembro teve alta de 5% a 6%. 

“Só o valor vendido das ceias subiu 35%. Com a vacinação, houve a retomada das confraternizações entre parentes dentro de casa. Se no ano passado a pessoa levava um frango, neste ano ela levou um frango, um lombo, arroz, salpicão, sobremesa, e o valor agregado foi muito melhor”, comemora o presidente da Associação Mineira da Indústria da Panificação (Amipão), Vinícius Dantas.

O empresário diz que “a inflação galopante das matérias-primas” foi o maior dos desafios enfrentados. O trigo, fundamental para preparar o pãozinho de sal, subiu 100% nos últimos dois anos, segundo Vinícius Dantas. O preço da saca de 25 kg saltou de aproximadamente R$ 50 para R$ 100. “Tivemos problemas climáticos nos Estados Unidos e na Argentina. Com a alta do dólar, a Argentina passou a vender para o mundo, e isso ficou mais caro pra gente. Também houve falta de chuva, geadas, problemas no plantio até do milho, que em alguns lugares, faz o trigo virar ração”, explica.

A alta média de 30% da energia elétrica também pesou no custo das padarias. “É a nossa segunda maior conta, atrás apenas dos salários. Tudo na padaria é energia: fornos, geladeiras, fritadeiras, misteiras, outros equipamentos, enfim, a conta é bem pesada”, reclama Dantas. 

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Ficaram mais caros ainda produtos como embalagens (18% a 20%). Já as sacolinhas de plástico, que são dadas no caixa, tiveram alta de 68,75%. O pacote com 1.000 sacolinhas passou de R$ 32 para R$ 54. O presidente da Amipão lembra que os empresários tiveram que arcar com novas despesas proporcionadas pela pandemia, como álcool em gel e luvas plásticas.

Com tantos aumentos, parte dos custos teve que ser repassada para os clientes. “Tem que repassar, os custos vão chegando, quem não repassa vai estar fadado a fechar. No Centro e nos bairros, muitas padarias já fecharam as portas, a concorrência é muito grande”, diz Dantas. Segundo ele, a situação no Centro é pior, porque muitos consumidores tradicionais dos estabelecimentos ainda estão trabalhando em home office.

Outro fator que pesou para o fechamento de padarias, de acordo com a Amipão, foi o custo do aluguel, que teve alta de aproximadamente 30%.

 Na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), hoje são cerca de 2 mil padarias e cada uma emprega, em média, 25 pessoas. Vinícius Dantas conta que está cada vez mais difícil encontrar funcionários. “A rotatividade é alta e falta mão de obra qualificada. Na pandemia, várias entidades que ofereciam cursos de qualificação ficaram fechadas. Temos dificuldades para contratar pessoas para o atendimento e para a parte de produção”.

Espaço para crescer

O presidente da Amipão não quer fazer projeções para 2022, mas acredita que haverá recuperação da economia, criação de empregos e acha que o segmento tem espaço para crescer. “O consumidor está investindo cada vez mais em alimentos mais frescos, sem conservantes. As vendas de produtos de fabricação própria, embalados na padaria, aumentaram no fim do ano. O cliente está buscando qualidade e compras cada vez mais rápidas; alguns idosos, por exemplo, estão vindo fora dos horários de pico”. 

O que também mudou na empresa de Dantas, a Ping Pão, que tem sete unidades na RMBH, foi o horário de funcionamento. As lojas hoje fecham às 21 horas, em vez das 22 horas. “Com as restrições impostas pela Covid-19, vimos que esse horário era viável e até melhor para as vendas. Hoje, o funcionário vai embora e chega em casa mais cedo, foi um ganho de qualidade de vida para todos”, explicou.

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