Para edificações de todo porte ou uso

Passível de ser aplicado em edificações de qualquer porte ou uso e independentemente da idade da construção, o retrofit é uma técnica que se aplica com maestria à recuperação de patrimônios históricos, tombados ou não. A técnica consiste em conservar a estrutura original de um edifício ou espaço público antigo ou com projeto ultrapassado, modernizando-os com novas funcionalidades, materiais e equipamentos, que vão proporcionar melhora da qualidade de vida dos moradores ou ocupantes do espaço retrofitado.
Segundo o arquiteto e diretor da Bloc Arquitetura, Alexandre Nagazawa, o retrofit também pode ser aplicado em grandes áreas – o chamado retrofit urbano, como o Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, ou o High Line, em Nova York.
High Line, por exemplo, é um parque que fica a oito metros de altura e atravessa três bairros relativamente pouco visitados pelos turistas em Nova York: Meatpacking, West Chelsea e Hell’s Kitchen/Clinton. Em 1930, quando a linha férrea foi construída, esses bairros eram ocupados por indústrias e empresas de transportes. Com a decadência, a partir da década de 1980, o local permaneceu esquecido e teve a linha tomada por uma camada de vegetação.
Depois de uma grande mobilização contra a demolição e a favor da revitalização do local, para que o transformasse em um parque urbano, a Prefeitura de Nova York deu aval ao projeto. No início dos anos 2000, o projeto de criação do jardim suspenso começou a sair do papel. Aberto ao público em 2009, o local tornou-se um dos pontos turísticos mais populares da cidade. Agora, os galpões e fábricas estão sendo convertidos em galerias de arte, estúdios de design, lojas, restaurantes, museus e residências.
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“Um projeto muito interessante em Belo Horizonte é o Circuito Praça da Liberdade. Trabalhei em alguns dos projetos e todos aqueles prédios que fazem parte da história e do patrimônio do Estado foram requalificados. Uma grande obra que preservou todas as características, a arte contida em cada um e que os trouxe par um contexto moderno, capazes de receber toda a tecnologia existente e necessária para abrigar as coleções e o uso museológico que têm hoje”, analisa Nagazawa.
O circuito foi inaugurado em 2010. É composto por 16 instituições, entre museus, centros de cultura e de formação, que mapeiam diferentes aspectos do universo cultural e artístico, sob a gestão do Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha/MG), desde abril de 2015.
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Mobilidade – Junto à preservação da história e dos equipamentos públicos, o retrofit urbano preza pela mobilidade e pela sustentabilidade. Ao longo do tempo, o coeficiente construtivo foi sendo diminuído nas grandes cidades. O retrofit pode diluir o valor do metro quadrado construído e fomentar a criação de zonas mistas, onde moradia, trabalho, lazer e serviços estejam próximos.
“O mercado está acostumado a construir do zero, só que não existem mais terrenos e, por isso mesmo, os que existem são muito caros. Com o retrofit, você pode aproveitar a área que já está pronta e foi construída em uma época em que a legislação permitia maior ocupação do solo. Existe, assim, um ganho de escala. É uma grande oportunidade como nicho de mercado. Belo Horizonte é uma cidade nova, que foi paulatinamente demolida e reconstruída. Chega um momento que não dá mais pra fazer isso”, destaca o arquiteto. (DM)
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