Parada parcial da Vale deve impactar balança mineira em R$ 7,7 bi

A paralisação parcial das atividades da Vale em Minas Gerais após o rompimento da barragem de rejeitos da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), pode ter um impacto de R$ 7,7 bilhões na balança comercial mineira. As informações são de um levantamento feito pela Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (Amig).
Recentemente, a Vale anunciou que irá paralisar as atividades para o descomissionamento de barragens que utilizam o método chamado alteamento a montante, o mesmo utilizado na estrutura que se rompeu em Mariana e Brumadinho.
Segundo a pesquisa, a queda de 40 milhões de toneladas de minério de ferro extraídas ao ano, anunciada pela mineradora, deve afetar a balança comercial em R$ 7,7 bilhões, incluindo neste número, o pellet feed (minério mais fino) necessário para a produção de 11 milhões de toneladas de pelotas (utilizadas na produção do aço).
Isso afetará a balança comercial em R$ 7,7 bilhões, sendo que R$ 237,7 milhões se referem à Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem) e R$ 26,2 milhões se referem à Taxa de Fiscalização de Recursos Minerais (TFRM), cuja finalidade é custear as atividades dos órgãos públicos que atuam junto ao setor de mineração.
De acordo com a entidade, a mineradora poderá compensar o impacto por meio do aumento de produção em outros sistemas produtivos da companhia.
Além disso, os dados constam também que, considerando o efeito multiplicador da cadeia produtiva que envolve prestadores de serviços para a Vale e para os municípios onde atuam, aproximadamente 65 mil empregos diretos e indiretos sofrerão com a paralisação das atividades da mineradora.
O estudo foi desenvolvido pela equipe técnica da Amig e coordenado pela economista Luciana Mourão. Luciana explica que o estudo da Amig limitou-se a apontar os prejuízos relacionados à TFRM e à Cfem, além da balança comercial e empregabilidade.
No entanto, acrescenta que uma possível paralisação das atividades de mineração afetaria diversos setores da economia local e regional, de forma direta e indireta.
“Portanto, o estudo não leva em consideração os impactos relacionados ao ISS, ICMS, IPI, dentre outros tributos”, explica a economista.
O cenário se tornou mais tenso principalmente após a suspensão em ação movida pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG), das operações da mina de Timbopeba, em Ouro Preto.
De acordo com a pesquisa, a paralisação representa impacto de 12,8 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. Somado a isso, a Vale suspendeu temporariamente e de forma preventiva as operações da mina de Alegria, no Complexo de Mariana, cujo impacto potencial máximo na produção é de aproximadamente 10 milhões de toneladas de minério de ferro no ano.
O consultor de Relações Institucionais da Amig, Waldir Salvador, reforça que os efeitos concretos da interrupção das atividades da Vale podem instaurar um caos social nas cidades mineradoras e no estado de Minas Gerais.
“Nos bastidores dos números do estudo, encontram-se vidas, cidades, especialmente as de Nova Lima, Brumadinho, Ouro Preto, Congonhas e São Gonçalo do Rio Abaixo (esta última paralisada por decisão judicial) e toda a região que localizada no entorno, que sofrerão de forma drástica com colapso na arrecadação e, consequentemente, com a prestação de serviços básicos como saúde, educação, infraestrutura e com o desemprego”, explica o consultor
Para o presidente a Amig, Vitor Penido, a dimensão humana precisa ser levada em conta, principalmente porque grande parte dessas pessoas trabalhou para o crescimento e enriquecimento da Vale durante anos.
“Mesmo que seja temporariamente, não pode haver a diminuição drástica da atividade minerária nesses territórios sem planejamento, especialmente no período de transição para um modelo de mineração pujante e mais seguro”, defende o presidente.
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